Barata Cichetto
Foto: Barata Cichetto - Estação da Luz - SP |
Escrever, escrever, escrever. Como se fosse a ultima prece de um condenado. Escrever, escrever como se fosse a ultima refeição, o ultimo suspiro, a ultima qualquer coisa de alguém prestes a morrer. Mas, de fato estou. Sempre estou. Sempre! A metáfora da foice da mulher esqueleto de manto negro. Escrevo sobre isso, li sobre isso. Desespero, angústia, e nada de prazer. Não tenho mais prazer no escrever nem no ler, mas o faço por uma necessidade além do coração, do sangue e da própria mente. Faço-por birra, por vingança e por necessidade. Não acredito mais naquilo que escrevo, mas sigo mentindo a mim mesmo sobre isso. Ainda sonho? Sim, mas não. Sim, mas não aquele sonhar que remete à milagres e coisas gratuitas. Não aquele sonhar da esperança fútil e inútil e também gratuita. Esperança e milagre não são verbetes do meu dicionário. Escrever, escrever, escrever. Essa coisa vagabunda e inútil. Ler, ler, ler. Essa coisa vagabunda e inútil. Há a imagem. Há a fotografia, o filme, propaganda no meio de tudo. Não sou imagem. Apenas a minha própria, a minha própria semelhança. Então escrevo, escrevo, escrevo. Leio, leio, leio. E não leio o que escrevo e não escrevo o que leio. Escrevo o que penso do que leio, escrevo o que penso, escrevo o que sou. E se sou escrevo. Leio por convulsão e escrevo por inércia. E por mais nada! Ler é a locomotiva, escrever é vagão.. Vago. Mas o trem, sem freios entrou no túnel escuro. Estamos mortos!
20/07/2015
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ResponderExcluir"These words I write keep me from total madness " diria Bukowski.
ResponderExcluirExcelente texto.
Obrigado, Priscila. Espero que tenhas recebido a revista.
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ResponderExcluirExcelente texto.