Barata Cichetto
1 -
Que Elvis foi um rei, jamais ninguém contesta,
E se majestade não se olvida e não se empresta,
Deixe que eu conte a história de um gigante,
Que andou pela Terra e a fez mais brilhante.
Mas, para que não paire sobre a minha cabeça,
A espada flamejante do sacrilégio, e eu pereça,
Deixem-me contar a história do jeito impreciso,
E feito ao poeta fazer da sua vida um improviso.
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Um dia disseram que o Rei estava nu,
E ele disse "Oh, baby, don't be cruel".
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Foi num tempo, Agosto de um ano bem distante,
Em que partiu o Rei com seus olhos de diamante:
Brilhou no céu a estrela negra e na terra incerteza,
E os que viram, sentiram toda a força da natureza.
Foi então que enorme nave prateada do sol desceu,
E dela um pequeno ser de asas douradas apareceu.
Carregou em seus braços um Rei com sua majestade,
E partiu ao Universo debaixo de enorme tempestade.
Por toda a Terra foram escutados gemidos e prantos,
E a saudade do Rei cresceu junto com seus encantos.
Mas a Terra dos Sapatos Azuis de Camurça festejou,
Desde que o Rei Gigante de Olhos de Cristal chegou.
E o Rei caminhou muitas milhas com pés descalços,
Achando que na terra poucos seguiriam seus passos.
Enquanto um coral, desafiando as leis da gravidade,
Pairava no ar, cantando uma canção sobre liberdade.
--
2 -
E numa noite, sem que ninguém o pudesse descobrir,
O Rei colocou sapatos de camurça azul e pôs-se a rir,
E mais de uma milha caminhou nos sapatos de alguém,
Pois se não fosse assim, ele jamais entenderia ninguém.
E já que falei sobre pés, lugares e atos de grandeza,
Acrescento a essa história breve relato sobre beleza,
Pois naquele planeta não havia mais belo que o Rei,
E se houve mais sábio, é coisa que nunca eu saberei.
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Pediram que assinasse naquela mesma noite um papel
E ele falou que tinha feito isso no "Heartbreak Hotel".
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E até onde alcançavam seus olhos de camurça azul,
Desde as estrelas do norte, e até as estradas do sul,
O Rei era saudado e cantando em prosa e em verso,
Pois não havia uma força maior em todo o Universo.
Um dia aclamaram que o Rei era um deus,
E ele disse: "coloquem o manto nos fariseus,
Pois um Imperador precisa ser monumental,
Para que a história o transforme em imortal."
Era aquele planeta uma estrela flamejante,
E na terra caiu outro ser de olhar latejante:
Era o Homem das Estrelas de qualquer parte,
Montado nas costas de uma Aranha de Marte.
E ao grande concerto ambos foram chamados,
E naquela noite, dois reis foram proclamados.
E a terra dos Sapatos de Camurça Azul sorriu,
Sabendo que nenhum outro rei jamais existiu.
--
E no fim eu disse ao Rei, que eu fiz aquilo que pude,
E ele respondeu, "ah, man, toque ai 'Johnny B. Goode'".
27/11/2018
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