Let It Be, Let It Bleed, Let It Seed
Barata Cichetto
Deixa eu dilapidar teus patrimônios, lapidar teus demônios, brindar teus hormônios, blindar teus heteronômios; dançar no teu cabaré literário e cavalgar teu pangaré temerário. Deixa eu mastigar tuas vestes e instigar tuas pestes; comer teu pastel e beber teu bordel. Comer teu pão de queijo, derreter teu não desejo e dissolver teu não ensejo. Deixa eu me queimar com teu café e teimar com tua fé; escorrer pelas tuas curvas e correr pelas tuas retas. Deixa eu envelhecer nas tuas idades e enveredar pelas tuas cidades; morrer por tuas necessidades, e viver pelas tuas vaidades. Deixa eu morder tua jugular e morrer de sangrar; te sagrar rainha e concubina do universo, ser teu verso e teu inverso. Deixa eu morrer de desgosto a seu gosto, em agosto, antes do verão te chegar, ou da aurora me cegar. Deixa eu me molhar na tua chuva e me encharcar na tua vulva; secar tua testa e me enfiar na tua fresta; ser tua festa, e o que mais resta. Deixa eu ser teu vampiro e teu suspiro; o ar que eu respiro e o poema que te inspiro. Deixa eu deixar te comer e parar de querer; deixa eu ser, deixa eu estar. Deixa eu querer?
26/08/2019
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