Barata Cichetto
Ao Amigo Carlos Antonio Custódio
Pinto paredes de preto, querem coloridas as paredes. Paredes entendem apenas de cor, não entendem de dor, confesso às paredes que gritam. Arranco pedaços de seu concreto e elas gritam, mas não é de dor, é por falta de cor. Atiro os pedaços nas vidraças incolores e elas berram em estilhaços: vidraças não têm cores. Saio descalço, pisando nos gritos das vidraças, contando minhas desgraças sem cores, pintando de cores vivas o asfalto tingido de preto. Sou pintor, tinjo paredes de preto e asfalto de vermelho. Asfalto não sente dor, mas as solas dos meus pés queimam. Não sou parede, não sou vidraça, não sou asfalto.
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