Barata Cichetto
Antes eu sabia, ou ao menos pensei, saber lidar com as palavras. enfileirar, empilhar, entrincheirar. Ordenadamente ou desordenadamente. E eu sabia mexer com elas, chamá-las de lindas, gostosas e putas. Elas nunca se mostraram preocupadas com qualquer adjetivo que eu usasse em relação a elas. Por horas se aconchegavam, por outras se afastavam... De acordo com o meu humor e disposição de cortejá-las. Nunca foram levianas comigo, mas sempre sedutoras, embora indóceis e extravagantes. Eu as amei por décadas, cometi loucuras e até crimes por causa delas. Crimes contra mim mesmo, ressalto, nunca contra elas. Ao menos nunca crimes dolosos. Dolorosos pode ser... Até que um dia, eu pensei que as poderia abandonar, e feito amante furtivo, saltei pela janela que eu mesmo pintei na parede. Sumi. Desapareci. Entretanto, quanto mais distante eu ia, mais alto eram seus soluços de saudade. Quando mais eu me afastava, mais sentia falta daquele afago em meus ouvidos. Voltei. A estrada é longa. Há uma placa que me diz: vai, poeta, vai pintar seus quadros, mas nunca esqueça das palavras, razão maior da sua existência. Voltei!
Quando o vento bate na bunda a gente aprende a voar! Quando o verbo inunda, a gente tem que aprender a bradar!
©Luiz Carlos Cichetto, 18/11/2016, Direitos Autorais Reservados
Publicado no Facebook originalmente em 18/11/2016
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