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06/07/2015

Deserto

Deserto
(A partir de uma conversa com Joanna Franko, no domingo)
Luiz Carlos Barata Cichetto
(Direitos Autorais Protegidos Por Lei)

Feito um deserto, crio poesia dura e seca. Da pedra à areia, da areia ao pó. E do pó ao nada e do nada crio tudo. Poesia do nada, poesia de tudo. Ao meu redor enxergo apenas poeira e escuridão. Das minhas noites geladas aos meus dias escaldantes. Nunca fui mar, mentem sobre mim, sempre desértico e inóspito. E meus ventos sopram em direção aos seus cabelos e na areia me faço amar. Deserto. Sou decerto. Poesia não rima com hipocrisia, menti sobre isso, também. Não estou morto, mas absorto do que sou: um deserto, árido e insolente, perturbador e insólito. Ser vivo. Ser. Apenas ser. Estar ou ter é uma condição humana. Desertos não conhecem essa condição. Sou deserto, portanto. Infértil,  mas nunca servil. Sou senhor de mim e de minhas mazelas, senhor das moscas e tempestades de areia. Mudo, surdo e insepulto. Um limite, um grito na garganta... Cheia de areia. Grito? Ou não grito. Sou Cristo e sou Judas, Buda, Maomé e o caralho. Sou deserto, esqueceram? O primeiro a chorar, o penúltimo a esquecer e o ultimo a morrer. Deserto. É certo que sou. Atacama ou Saara, meu nome nem sei. É apenas Deserto. Por certo. Incerto apenas meu futuro, tão certo quanto sou deserto. É tão distante o mar que chego a enjoar. Só de pensar. O mar e suas sereias de mentira, seus bêbados de uísque e seus poetas preguiçosos e ricos. Odeio poetas e odeio preguiçosos. A mim não odeio, pois não sou poeta nem preguiçoso. Sou rico. Rico de mim, rico em vastidão, rico em luxuria, rico em imensidão. Que mantenham o mar longe de mim, com suas águas imundas de urina e esperma. Sou areia, sou seco, sou duro, sou tempesteaste. Deserto! É certo!

06/07/2015

13/06/2013

O Poeta, a Costureira e o Aprendiz

O Poeta, a Costureira e o Aprendiz
Barata Cichetto
Foto: Janaisa (http://bicicletariosimaginarios.blogspot.com.br)
"Espelho / de tantos poetas.. / espelho / de vida e morte / espelho de sonhos e ruas / de ruas de Porto Alegre!" - Joanna.Franko

E nos sentamos, eu o aprendiz e a costureira Joanna
Numa das praças da Porto Alegre de Mario Quintana
E então o tempo num de seus esconderijos se escondeu
E no silêncio da Rua dos Cataventos o Poeta respondeu:

(*) "Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo..."

Não havia ninguém, apenas som de olhos piscando
E apenas os relâmpagos no céu poemas rabiscando
Olhamos aos mapas e não encontramos uma cidade
Encontramos um mundo girando sem excentricidade.

(*) "Sinto uma dor infinita das ruas de Porto Alegre onde jamais passarei..."

E a dor que eu sentia, infinita feito saudade sem rima
Corria pelas ruas fugindo de mim antes que a reprima
E no clic-clic da agulha da costureira, poemas tecidos
Na linha vermelha do sangue de poetas adormecidos.

(*) "Há tanta moça bonita nas ruas que não andei - e há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei..."

Há muitas esquinas esquisitas em cidades amortecidas
E nas ruas encantadas, moças bonitas e desconhecidas
Mas nas praças de Porto Alegre, eu aprendiz de feiticeiro
Costuro letras e tecidos sonhando ser poeta e costureiro.

(*) "Quando eu for, um dia desses, poeira ou folha levada no vento da madrugada..."

- Há um poeta no espelho, apontou a costureira
Na janela, o poeta, sorria da forma costumeira
E falamos, eu, a costureira e o poeta, sobre a dor
Sobre gatos no tapete e sobre chocolate com licor.

(*) "Suave mistério amoroso, cidade de meu andar - Deste já tão longo andar! - E talvez de meu repouso..."

- E há gotas condensadas de poesia no vidro da janela
Bradei eu, escandaloso, limpando o vidro com flanela
E pelas ruas da Porto Alegre de Quintana, valorosa e leal
Deixei meu andar invisível e solto, entre o sonho e o real.

(*) Citações de "O Mapa" de Mario Quintana (30 de Julho de 1906, Alegrete - 5 de Maio de 1994, Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

13/06/2013

O Mapa
- Mário Quintana
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso..
.

03/05/2013

Desenho Com Palavras


(Um desenho poético em forma de acróstico, pela grande amiga Joanna Franko, dedicado à minha pessoa. Vaidosamente falando, muito grato!)

Para Um Amigo!
Luiz Carlos Barata

Lembranças...
Uma esperança
Insiste, persiste
Zomba de mim.

Cada dia,

Acentuam meus versos
Roubam minutos
Levam sonhos
Ouvem silencio
Sozinho, nada escuto.

Basta de madrugadas...

Amanhã, o "poema parido"
Roubado, esquecido
Acabará escondido
Tal menino crescido
Abandonando sonhos perdidos.

Joanna.Franko
Facebook
03/05/2013

10/03/2013

"O Caminho da Dor é o Amigo"

"O Caminho da Dor é o Amigo"
Barata Cichetto
''O caminho do risco é o sucesso / Do acaso é a sorte / O da dor é o amigo / O caminho da vida é a morte!" - Raul Seixas - "Caminhos"
1 - Meu Amigo Isaac
"Muitas vezes, (...), você fala / Sempre a se queixar da solidão /  Quem te fez com ferro, fez com fogo, (...) / É pena que você não sabe não.." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Caríssimo amigo que em metáforas transborda seus regurgitos
Que chama a mim de poeta da alma maldita, poeta dos aflitos
Saiba que recorro à poesia, a alma e a maldição que presumo
Sob a antiga simbiose dos tolos a quem a mim mesmo resumo
E num arremedo de poesia imponente, a saga perversa da dor
Abraço-lhe feito irmão e não feito poeta, nem perfeito fingidor.

2 - Joanna Sem Fronteiras
"Todos os caminhos são iguais / O que leva à glória ou à perdição/  Há tantos caminhos tantas portas / Mas somente um tem coração..." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Caríssima amiga de quem desconheço a imagem do rosto
E de quem desconheço idade, cheiro ou até mesmo o gosto
Mas que tanto reconhece a mim, feito gente e aos pedaços
E a quem minha poesia feita de bocas sujas e pés descalços
Encanta a ponto de eu, apenas poeta analfabeto e doente
Ter orgulho de, acima de ser homem, ser poeta e ser gente.

3 - Meus Caros Amigos
"E eu não tenho nada a te dizer / Mas não me critique como eu sou / Cada um de nós é um universo, (...) /  Onde você vai eu também vou." - Raul Seixas - Meu Amigo Pedro
Amigos precisam ser guardados na mente e jamais no peito
Pois existe ali apenas um músculo frouxo, fraco e imperfeito
E então guardo dentro de uma cabeça dolorida e dolorosa
Amigos que transformam minha existência triste e pesarosa
Em uma imensa aventura de prazer com a surpresa no final
Pois amigos é que podem nos trazer o sentido da vida afinal.

03/07/2012

Vontade e Ideal

Vontade e Ideal
Luiz Carlos Barata Cichetto



Dias atrás, uma amiga virtual, a Joanna Franko, colocou uma citação na Facebook de autoria de Ayn Rand. Confessei minha ignorância em nunca ter lido nada e quando me deparei com a obra, me senti um tolo, um inútil, um verdadeiro analfabeto literário, apesar de tudo que já li. Pois o que encontrei sobre essa filosofa e escritora de origem judaico-russa, radicada nos EUA, me fascinou, me deixando dias plantado à frente do computador, em sites de busca, procurando mais e mais informações sobre ela. E busquei os livros. Acabei de pedir por um sebo virtual uma de suas obras mais significativas, os três volumes de “A Revolta de Atlas”. Mas “A Nascente” (The Fountainhead, escrito em 1935) passei dias revirando sites de sebos e editoras sem sucesso. No You Tube encontrei um dos trechos mais impactantes da obra que foi levada ao cinema, em 1949, com Gary Cooper no papel do arquiteto idealista e com a direção de King Vidor. Como sempre a tradução brasileira, (“A Vontade Indômita”) é histérica, parecendo se referir a filme de faroeste, muito em voga naquela época. Do ponto alto do filme, que também consegui encontrar e acabei de assistir, retirei um trecho texto que é o discurso no julgamento do arquiteto Howard Roark, vivido por Cooper, onde ele faz uma defesa do individualismo. Os scripts do filme foram escritos pela própria autora. O texto a seguir foi construído a partir de duas bases: o áudio em português e uma tradução encontrada num blog. Que provavelmente foi transcrita do livro. Fiz uma mixagem entre as duas, pois achei que a tradução de uma ou outra versão, ou possui erros ou não é tão literária.

Agora, cumpre-me a obrigação de fazer o que qualquer pessoa a quem foi entregue o mapa de um tesouro incalculável, que é o de seguir cada passo, cada caminho que o leve até ele. Neste caso, a obrigação de buscar todas as obras de Ayn Rand. E por uma necessidade egoísta, de agradecer a quem lhe ofertou, gratuitamente o tal mapa, a Joanna Franko. Uma demonstração de que a parte as redes sociais serem compostas de pessoas carentes, que lutam por demonstrar o quanto são amistosas, belas, francas, sinceras e revolucionárias, ainda existem pessoas que agem exatamente da forma daquilo que Ayn Rand chama de “Criadores”: pensando, criando, produzindo e não servindo nem dominando, mas fazendo com as outras pessoas uma “troca livre e de escolha voluntária.”

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Trecho de "A Nascente"
"Há milhares de anos, o primeiro homem descobriu como fazer o fogo. E provavelmente ele se queimou na tocha que ensinou seus irmãos a acender. Mas deixou-lhes um presente que eles não haviam concebido e assim levantou as trevas da Terra.
Ao longo dos séculos, houve homens que deram os primeiros passos em novas estradas, armados a não ser com sua própria visão. Os grandes criadores, pensadores, artistas, cientistas, inventores, ficaram sozinhos contra os homens de sua época. Cada pensamento novo era rejeitado, cada invenção nova, era denunciada. Mas os homens de visão seguiram seu caminho. Eles lutaram, sofreram e pagaram, mas venceram.
Nenhum criador foi levado pelo desejo de agradar seus irmãos. Seus irmãos odiaram o presente que ele oferecia. Sua verdade era seu único motivo. Seu trabalho, seu único objetivo. Seu trabalho, não daqueles que o usaram. Sua criação e não os benefícios que outros extraíram dela. A criação que deu forma à sua verdade.
Ele manteve sua verdade acima de tudo e contra todos os homens. Ele prosseguiu, mesmo que outros não estivessem de acordo com ele, ou não? Com sua integridade como sua única bandeira.
Não serviu a nada, nem a ninguém. Viveu para si mesmo. E somente vivendo para si mesmo foi capaz de conseguir as coisas que são a glória da espécie humana. Essa é a natureza da conquista.
O homem não pode sobreviver, exceto através de sua mente. Ele vem ao mundo desarmado. Seu cérebro é sua única arma, mas a mente é um atributo só do indivíduo. Essa história de cérebro coletivo, simplesmente não existe. O homem que pensa, deve pensar e agir por conta própria. Aquele que raciocina não pode trabalhar sob nenhuma forma de coação. Não pode ser subordinado às necessidades, opiniões ou desejos de outros. A mente não é um objeto de sacrifício.
O criador segue seus próprios julgamentos, o parasita segue as opiniões dos outros.
O criador pensa, o parasita copia.
O criador produz, o parasita tira dos outros.
O interesse do criador é a conquista da natureza. O do parasita é a conquista do próximo.
O criador exige independência. Ele não serve, nem domina. Ele faz com homens uma troca livre e de escolha voluntária. O parasita procura o poder. Ele quer reunir todos os homens num ato comum a todos e de escravização comum. Ele alega que o homem é somente uma ferramenta para o uso de outros, que deve pensar como eles pensam e agir como eles agem. E viver em abnegada e triste servidão de qualquer necessidade, menos a dele mesmo.
Vejam a história!
Tudo o que temos, cada grande realização, veio do trabalho independente de alguma mente independente. E cada horror ou destruição tem origem na tentativa de reduzir os homens a rebanhos sem cérebros, robôs sem almas. Sem direitos pessoais. Pessoas sem ambição. Sem vontade, esperança ou dignidade.
Esse conflito é muito antigo. E ele tem um outro nome: o Individual contra o Coletivo.
Nosso país, a terra mais nobre na história da humanidade, fundamentou-se no principio da individualidade. O principio dos direitos alienáveis do homem. Foi um país onde um homem era livre para buscar a sua própria felicidade. Ganhar e produzir, não desistir e renunciar. Para prosperar, e não passar fome. Para realizar, não saquear. Para ter como sua maior possessão, o sentido de valor pessoal e como sua maior virtude, o seu auto-respeito.
Olhem os resultados. Isto que os coletivistas estão agora pedindo para os senhores destruírem, tanto quanto da Terra já foi destruída.
Eu sou um arquiteto. Eu sei que se constrói a partir das bases.
Estamos nos aproximando de um mundo no qual eu não posso me permitir viver.
Minhas idéias são minha propriedade. Elas foram retiradas de mim à força, por quebra de contrato. Nenhum recurso me foi deixado.
Entenderam que meu trabalho pertencia a outros, para fazer o que quisessem, que tinham direito sobre mim sem minha permissão, que era meu dever servir-lhes, sem escolha ou recompensa.
Agora sabem por que eu dinamitei Cortlandt. Eu a projetei eu a fiz possível. E eu a destruí. Concordei em fazer o projeto com a finalidade de vê-lo construído como eu queria. Esse foi o preço que eu cobrei pelo meu trabalho. E não fui pago.
Meu edifício foi desfigurado pelos caprichos de outros que se beneficiaram com o meu trabalho e nada me deram em troca.
Vim aqui dizer que eu não reconheço o direito de ninguém a um minuto de minha vida. Nem a qualquer parte de minha energia, nem a alguma de minhas realizações. Não importa quem faça essa reivindicação.
Tinha que ser dito. O mundo está perecendo em uma orgia de auto-sacrifício.
Eu vim aqui para ser ouvido em nome de cada homem independente que ainda resta neste mundo.
Eu quis estabelecer meus termos. Eu não quero trabalhar ou viver em nenhum outro.
Meus termos são: o direito do homem de existir por suas próprias razões."

O Livro:
O livro "A Nascente" (The Fountainhead) foi escrito em 1935 e demorou 7 anos para ser concluído. Foi rejeitado por 12 editoras e finalmente publicado em 1943. Nos 2 anos seguintes, o boca-a-boca tornou-o um grande best-seller.

A edição em português está esgotada e, na data deste post, nem mesmo os sebos virtuais ofereciam a obra.







O Filme:
Título Nacional: Vontade Indômita
Título Original: The Fountainhead
Diretor: King Vidor
Elenco: Gary Cooper, Patricia Neal, Raymond Massey, Kent Smith, Robert Douglas, Henry Hull, Ray Collins, Jerome Cowan, Moroni Olsen
Roteiro: Ayn Rand, baseado em livro de Ayn Rand
Estúdio: Warner Bros. / First National Picture
Produção: Henry Blake
Fotografia: Robert Burks
Trilha: Max Steiner
Duração: 114 minutos
Ano: 1949
País: EUA
Gênero: Drama
Preto e Branco
Resumo: Howard Roark é um arquiteto idealista. Ele se apaixona por Dominique, mas termina a relação quando tem a oportunidade de construir edifícios de acordo com suas próprias diretrizes. Dominique casa com um magnata da imprensa, Gayl Wynand (Raymond Massey), que no princípio comanda uma forte campanha contra o que é chamado de "Radical Roark", mas posteriormente se torna partidário dele. Ao ser firmado um contrato de moradias populares, há a condição de que os planos originais de Roark não serão mudados de forma nenhuma, mas ele fica surpreso ao descobrir que suas determinações serão radicalmente alteradas. É quando resolve revidar, custe o que custar, sendo levado a julgamento por seus atos, ocasião em que dispensa qualquer ajuda de advogados e testemunhas e profere o discurso acima.

Trecho do Filme: