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22/01/2016

O Cordel Em Ritmo de Rock de Jorge Bandeira


A primeira vez que tomei contato com um texto do escritor, professor e diretor de teatro Jorge Bandeira, foi procurando textos na Internet sobre o líder-fundador do Pink Floyd Syd Barrett.

Um primoroso texto, escrito em parágrafo único, com uma "viagem" psicodélica que versava sobre Karine, a namorada naturista do musico inglês, que cuja foto nua ao fundo era a capa do seu primeiro disco solo.

O primoroso texto, publicado num site sobre naturismo e dedicado "a um floydiano chamado Genecy", me chamou tanto a atenção que deixei marcado nos favoritos do meu navegador e vez ou outra voltava e o relia, percebendo a nuance das cores apresentada, e os detalhes desnudados, literalmente. Isso foi por volta de 2010.

Alguns meses depois, quando eu escrevia alguns textos polêmicos no site de Rock Whiplash, travei amizade com Genecy Souza, que logo percebi ser um sujeito de refinado gosto por musica e dono de um bom senso a toda prova. O nome, um pouco estranho me bateu quase que de imediato, como a quem o texto do Bandeira era dedicado.  Era o próprio.

Por intermédio dele, fui apresentado (da forma como alguém é apresentado a outro alguém em uma rede social) ao Jorge.  Nascia ali uma amizade, uma parceira enorme que incluiu a edição de dois livros por parte da Editor'A Barata Artesanal, e a participação como  colaborador em todos os seis números de uma revista independente que eu criei no final de 2013e que durou 2 anos.

A marca de Jorge, além de outros textos, era justamente esses textos, em literatura de cordel, contando a história de ídolos do Rock e da musica em geral. Os seis primeiros cordéis foram publicados na revista, os demais criados especialmente para este livro.

Literatura de cordel é tida como algo menor, ao menos por aqueles acostumados à "grande" literatura urbana, como algo ligado à algo puramente "brasileiro", sem estrangeirismos. Então, ao misturar o mundo do Rock com o mundo da literatura de Cordel, Jorge Bandeira cria uma salada cultural  sem similares, com o sabor acre da literatura predominante no nordeste e norte brasileiros, com o sabor, digamos amargo do Rock. O resultado? Apreciem.

Luiz Carlos Barata Cichetto, Escritor e Artesão de Livros, 2016.

13/07/2015

Hoje Não é Dia de Rock!

Hoje Não é Dia de Rock!
Barata Cichetto
(Direitos Autorais Registrados - Cópia Proibida)
Foto: Allan Cat (http://www.artlimited.net/9)

Pelas ruas mulheres oferecem suas gostosuras e confeito
Enquanto eu, atrás da janela, prisioneiro de um conceito
Sofro com a indigência de afetos em uma loucura sem fim
E morro sem saber do desejo que todas elas tem por mim.

Ontem a noite desabafei em publico, vômito sujo fedido
Só por vergonha de chorar sozinho o que tinha perdido.

Quis bater a cabeça na parede ou punheta gosmenta
Mas não há sangue que compre minha vida lazarenta
Não há prazer em sujar de porra o ladrilho do banheiro
Nenhum orgasmo solitário a quem chame companheiro.

E ontem a noite desandei a vomitar em publico, vinho barato
Só por vergonha de comer sozinho o que tinha no meu prato.

Fecharam o ultimo puteiro do bairro, e fica uma pergunta quieta
Aonde foram todas as putas, para onde foram a puta e sua neta?
Mas ainda pela minha rua passam senhoras oferecendo prazer
Mas eu não posso pagar por qualquer coisa que venham trazer.

Ontem cansei de vomitar palavras sobre o teclado do computador
Só por vergonha de falar público o que não permite o imperador.

E não há bancas de jornal na esquina de cima, morto o jornaleiro
Sua morte não foi sentida, que no mesmo dia se foi outro baleiro
Jornalistas tolos dentro de sua vaidade não aventam o impossível
Com seus diplomas, sua foice e seu martelo e uma toga invisível.

Hoje cansei de vomitar sozinho e era Dia do Rock, total absurdo
Que nenhum dia é dia de Rock, e qualquer um é dia de ser surdo.

13/07/2015

Dia do Rock

Dia do Rock
Luiz Carlos Barata Cichetto
William Blake

Entre crenças, lembranças e desavenças, estamos indo, a bordo, o bardo no bar do desejo, do beijo e do ensejo. Sem rimas, em cismas, do destino, dos anjos, augustos e arbustos. Robustos. Sem eira nem beira. À beira do caos, do abismo e do suicídio. Barata, barato. Qual é o barato, de fato? Trato e contrato, retrato e destrato. O que há de bom para hoje? Pergunto ao Sol. E ele diz: eu! Meto, prometo e arremeto diante dos seus olhos. É preto, é branco, é cor, diante de mim apenas incolor, inodoro e injusto. Tudo eu. Logo eu, justo a qualquer custo, no susto que tomei. Assusto! Temeridade! Ansiedade e angústia. Augusta, baixo Augusta e a alta Augusta, aquela dos Anjos e dos milagres que nunca acontecem. Não sou anjo caído, fui jogado do céu, contra as pedras e quebrei um pedaço da asa esquerda. A direita ainda pode voar. Espero. Anjos voando sobre minha cabeça, feito pombos. Cagando. Há gatos no armário, ratos no esgoto, e me esgoto de tanto esperar por milagres que não existem, por deuses mortos e por filósofos descrentes. Há crentes no portão, é domingo de manhã. Acreditam na sua fé, enquanto meu café esfria na xícara de lata. São soldados aqueles. Não há democracia no Paraíso. Um ditador, anjos soldados e uma massa de seres humanos, escravizados diante do trono. Há cachorros perdidos, abandonados pelas ruas, cagando nas calçadas. Tanta merda que é impossível não pisar. Há tanta dor pelas sarjetas que não tem como não sentir. Um louco em cada esquina, um poeta em cada ponte. Prestes a se jogar. No viaduto há sempre um morto, uma puta e uma velha senhora a tecer um cachecol. Tanto frio que nem sinto meus dedos, nem meus medos. Guardo segredos embaixo do cobertor para que não morram de frio. Deixo que os medos congelem lá fora. Muito frio, debaixo dessas telhas de amianto. Tanto, tanto frio. Não rio da sua desgraça, não quero de graça. Não me faça um favor. Por favor!

13/07/2015

11/06/2013

Uma Ilha e Um Disco: Um Desafio

Uma Ilha e Um Disco: Um Desafio
(Parte 1)
Luiz Carlos Barata Cichetto


Introdução

Há cerca de três anos uma amiga me colocou num problema. Um delicioso problema, quero acrescentar. Aliás, usar o termo "problema" para isso é um tanto incorreto, no mínimo exagerado, de minha parte. Desafio é o mais correto.

- "Cê que já escutou tanta coisa em tanto tempo de vivência dentro da música, particularmente no Rock, me diga: se tivesse que escolher um, e apenas um único disco para uma ilha deserta, qual levaria?"

A pergunta em principio poderia ser de simples resposta, mas esta simples resposta seria uma resposta simplória para agradar, demonstrar meus lautos conhecimentos sobre Rock e etc. Mas, para uma resposta honesta e sincera, primeiramente comigo mesmo e também com minha interlocutora, pedi a ela um tempo para responder.

Há dois anos, a cobrança foi feita e eu ainda não tinha a resposta, embora frequentemente pensasse nela. Hora ou outra confeccionava listas, uma com vinte, outra com dez, e dali tentava tirar um, escolhendo sempre o melhor que no momento me parecia. Mas, antes que eu encontrasse com minha amiga e desse a ela a resposta, começava a lastimar a não escolha de outro, e de outro, e de outro... E assim o tempo passou. Três anos. Muito tempo para uma resposta tão simples. Ou não?!

"Se ao menos fossem dez discos, como normalmente se pede às pessoas..." Cogitei com ela. "Não, é apenas um!" - Enfática. "Tem que ser aquele disco que cê pense: 'Sem tal disco eu não viveria...' Coisas assim".

Há poucos dias, cansado de minhas próprias evasivas, decidi encarar o desafio de frente. Queria eu mesmo saber minha resposta. Era uma questão de honra até, não apenas para responder a uma pessoa que te considera, mas uma questão pessoal mesmo. Era preciso ter a resposta.


O Processo Inicial

Decidi encarar realmente o desafio. A primeira coisa que fiz foi deixar de pensar nele como "problema", como vinha fazendo. E embora todas as questões e dificuldades ainda fossem as mesmas, penar naquilo não como um problema, mas como um desafio, já me deixava mais leve e com a visão aberta a tudo o que poderia ser feito, não para "resolver um problema", mas sim, "vencer um desafio".

Próximo passo: até aquele momento eu tinha criado listas enormes com inúmeros nomes e procurava destacar, com critérios pouco claros, a minha escolha. Critérios subjetivos, momentâneos, que não levavam em conta fatores altamente relevantes. Critérios que poderiam mudar de acordo com o meu humor, por exemplo. Portanto a forma já no inicio estava errada, e jamais me levaria a um consenso.

Para tal escolha eu tinha, sim, que estabelecer inicialmente uma lista, mas não escolher o melhor e sim eliminando aqueles que não cumprissem todos os "requisitos" que o indicariam a ser meu companheiro e absoluto durante sei lá quanto tempo. Era mistér, portanto, que além de uma lista com nomes, eu tivesse uma outra, uma espécie de "check list" com os tais requisitos. E ambas não poderiam ser nem tão longas nem tão curtas e deveriam conter critérios totalmente objetivos. Não necessariamente práticos, mas objetivos.


A Primeira Lista de Nomes

Decidi estabelecer um numero que serviria com parâmetro final. É necessário estabelecer uma meta a qualquer projeto, à qualquer desafio. Seja a data final de sua realização, a concretização prática do plano; ou um numero ou um valor financeiro a ser atingido. E para esse projeto estabeleci um numero inicial de vinte nomes. Por que 20? Não sei e não importa, pois o que importa não é o numero, o valor, a data, mas sim os estabelecermos e o encararmos como meta, seguindo a risca. E os nomes eram, sem nenhuma ordem, propositalmente:

1 - Grand Funk Railroad - E Pluribus Funk
2 - Grand Funk Railroad - Survival
3 - Slade - Alive
4 - Black Sabbath - Black Sabbath
5 - Lou Reed - 1974 - Rock'n'Roll Animal
6 - Black Sabbath - Vol. 4
7 - Nazareth - Loud'n'Proud
8 - Led Zeppelin - (4)
9 - Scorpions - Fly To The Rainbow
10 - Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon
11 - Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn
12 - Janis Joplin – Joplin In Concert
13 - Jethro Tull - Benefit
14 - Uriah Heep - The Magician's Birthday
15 - Bob Dylan & The Band - Before The Flood
16 - Deep Purple - Fireball
17 - Dio - Holy Diver
18 - David Bowie - Ziggy Stardust
19 - Tom Waitts - Heartattack & Vine
20 - Patti Smith - Radio Ethiopia


Os critérios para essa primeira lista foram simplesmente lembrar os primeiros que viessem a minha mente. E se são os primeiros a vir a minha mente depois de milhares e milhares escutados durante os últimos 40 anos é porque são importantes. Simples assim. Mas objetivo.


A Primeira Lista de Critérios

Conforme expliquei acima, os nomes deveriam ser selecionados não a partir da pergunta: "Qual é o melhor?", mas obedecer a uma checagem que incluem fatores lógicos e objetivos, mesmo que esses fatores pareçam - e sejam - ilógicos e subjetivos. O importante é determinar os fatores determinantes e estabelecer a eles o valor exato na análise. Claro que em uma seleção destas, alguns fatores são extremamente pessoais e intransferíveis, mas outros nem tantos. O importante é que existam e nos façam decidir o que queremos, e melhor ainda, o que não queremos. Normalmente o fator "exclusão" - ou seja "qual dessas coisas eu não quero" - é muito mais útil e justo.

Estabeleci então uma lista de checagem com 10 itens, que incluem não apenas o disco em si, mas tudo o que existe por trás dele. Desde o histórico e afinidade com o artista ou banda, até fatores extremamente pessoais, como por exemplo "Esse disco me lembra uma coisa ou fato ou pessoa ruim". Tal fator não é tão subjetivo, afinal, lembre-se, querido leitor, que estamos falando de um único disco que eu poderia ouvir em uma ilha deserta. Portanto, minha lista de checagem ficou assim:

1 - A banda ou artista tem uma carreira coerente musicalmente, sob o critérios de criatividade, teve sólida formação, considerando qualidade técnicas?
2 - Tem essa banda ou artista, interesses acima de tudo artísticos e não puramente comerciais?
3 - Tal artista ou banda pode ser considerado um artista do mundo e tem postura ética com relação a racismo ou violência?
4 - O disco possui, além das qualidades musicais, arte de capa e impressão ou outras que lhe agregam valor?
5 - Esse disco poderia ser escutado sob qualquer condição física ou psicológica?
6 - Já comprei mais de uma cópia desse disco, seja em qualquer mídia existiu e ainda hoje escuto?
7 - O disco poderia ser escutado, sem prejudicar a essência, tanto num equipamento simples, como num altamente sofisticado?
8 - Poderá esse disco ser sentido e compreendido em paralelo à outras atividades intelectuais, como por exemplo lendo um livro ou admirando uma pintura ou paisagem, sem prejuízo de nenhuma delas?
9 - Poderia esse disco ser escutado em qualquer condição climática ou geográfica, ou seja tanto com temperatura baixa ou sol intenso?
10 - É bom para ser escutado tanto se masturbando quanto fazendo sexo, seja com uma girafa ou uma árvore, passando pela Sharon Stone?


Uma parte considerável da lista, como podem notar, eu coloquei fatores que dizem respeito especificamente à banda ou artista, pois acredito na coerência entre o trabalho de um artista e seu histórico e comportamento perante o mundo. A análise foi feita por exclusão, ou seja, aqueles discos cujas respostas aos meus critérios fossem "não" estariam eliminados.

(Continua na Próxima Semana)

04/10/2012

Cansei de Rock!


Cansei de Rock!
Luiz Carlos Barata Cichetto
"Sabidos seguindo a saga,
salvando símbolos,
signos sobressalentes,
saberes soberanos,
seguindo sorridentes
sarcástica sociedade suicida."
- Artur Martins

Caro Amigo João Paulo Andrade, criador e editor do Whiplash:

15/09/2012 - Fanzinada - São Paulo - Foto: Bell Giraçol

Há um tempo escrevi uma matéria falando sobre a falência do Rock no Brasil. Iniciei o texto falando sobre a primeira gravação, "Ronda das Horas", apenas com o titulo traduzido. A gravação foi lançada em 24 de outubro de 1955 e os registros apontam que ela, uma cantora de Samba-Canção, foi a escolhida apenas por ser a única a saber cantar em inglês no "cast" da gravadora. Mas seis anos depois, irritada pelo "domínio" do Rock gravou: "Cansei de Rock", cuja letra criticava a "invasão". Ela participara da criação do monstro e agora se debatia para se livrar dele. 

E esse preâmbulo é necessário para que possa explicitar meu sentimento de indignação não por seu website, muito menos por sua pessoa, a qual tenho no mais profundo respeito. Começamos mais ou menos na mesma época, ainda quando a Internet era uma coisa que pouca gente conhecia. O seu Whiplash e o meu A Barata foram pioneiros em sites voltados à Cultura Rock. Foi em A Barata que lancei muitas idéias e projetos de apoio a bandas de Rock no Brasil. E bem antes do My Space, as bandas tinham gratuitamente um site personalizado. Fora isso, publiquei mais de 500 autores inéditos, sem nunca sequer ganhar um real. Fazia isso por uma paixão à Poesia e ao Rock, minhas paixões, e como tributo a artistas que sabia que não teriam espaço em outras midias. Criei vários eventos sempre com a presença de bandas, brigando com donos de estabelecimentos que queriam apenas bandas "cover", para colocar trabalhos autorais. Mas, com a chegada dos "blogs", do “My Space” e das chamadas redes sociais, as bandas e artistas partiram e não fazia mais sentido manter a coisa dessa forma. Tínhamos, nós dois, projetos voltados a Rock, mas o Whiplash trilhava um caminho diferente, priorizando noticias, fatos e detalhes da vida dos artistas. Assim, A Barata deixou de ser um site colaborativo para ser um site pessoal. E o Whiplash se tornou, como seria esperado por seu trabalho árduo, o maior do Brasil. 

Em 2002, me convidastes a ter uma coluna no Whiplash. Escrevi algumas matérias, mas depois, por uma série de problemas pessoais deixei de colaborar. A minha prioridade era a poesia, como alias sempre foi, e escrever sobre musica era um prazer que exercitei embasado em tudo aquilo que já tinha escutado e lido durante mais de quatro décadas. Já relatei minha trajetória dentro do Rock em outras matérias e tenho essa história publicada num livro que conheces bem.

Quando no inicio deste ano percebi que tinha muitos artigos sobre Rock escritos e publicados em meu website e blog, me propus retornar a publicar. Mas nunca o fiz em busca de "ser famoso" como apregoas na página inicial do Whiplash. Fazia aquilo apenas para colaborar e mostrar o que penso e conheço sobre o assunto. O que poderia pretender? Nada, além de fazer as coisas que mais amo no mundo: Rock e Literatura. 

Mas eu não sabia que muita coisa tinha mudado, não apenas no site, mas na cabeça das pessoas. Escrevi algumas biografias de bandas mais ou menos conhecidas e procurei sempre falar sobre trabalhos desconhecidos, com o intuito de trazer alguma justiça a esses trabalhos. Claro que pouca gente se interessou por essas matérias, afinal, a mídia trabalha sério na lavagem cerebral. E foi justamente essa lobotomia que eu quis combater com uma série de artigos que comecei a escrever colocando o dedo em determinadas feridas, demonstrando que mesmo nossos maiores ídolos cometem erros, tem falhas até mesmo de caráter. E principalmente mostrando que determinados astros eram incoerentes em se demonstrar publicamente uma coisa e viver outra. Claro que sabia do risco que corria, que seria atacado por certos fanáticos que não enxergam nada além do alvo de suas paixões cegas. Mas nunca imaginei que a coisa chegaria a níveis tão rasteiros, que até mesmo ameaças físicas eu receberia. Confiei naquilo que acreditava: que "roqueiros" eram pessoas esclarecidas, com a mente aberta. Mas o que percebi foi que na imensa maioria, isso não acontece. São fanáticos alienados e não são melhores que esses que andam por ai proibindo filmes e livros, que andam por ai pregando um ateísmo fanático, que andam por ai apedrejando não ao Rei, mas aquele que denuncia sua nudez. O Rei está Nu, sim! Todos os reis estão nus e todos os deuses estão mortos ou nunca existiram.

Se ataquei os grandes mitos, se desmascarei deuses, foi simplesmente por acreditar que essa fé cega em nada contribui para o crescimento da humanidade. Se provoquei aqueles que acreditam que um simples musico, por melhor que seja, deva ser endeusado, foi justamente para mostrar que estamos nos diminuindo como pessoas quando colocamos outras num pedestal. Que somos tão bons como qualquer um deles, desde que nos convençamos disso, trabalhemos por isso e paremos de mirar o alto de qualquer pedestal e olhemos para nós mesmos. Os ídolos podem, e devem, servir de exemplos, mas nunca ser alvo de uma dedicação cega. Fé cega e faca amolada é um belo nome para uma musica, mas ambas são muito perigosas. 

Recebi também ataques dentro e fora das hostes do Whiplash, de alguns jornalistas que acreditam que seus diplomas de jornalismo lhes dá o direito único à informação. Não sou jornalista especializado mas garanto que tenho muito mais informação musical e cultura geral que boa parte desses. E o que esse tipo de ataque demonstra, é que tanto essas pessoas quanto o publico por eles formado, se considera tão soberbo quanto aqueles a quem "ataquei", e, portanto tinham mesmo que subir no pedestal e contra-atacar, muitas vezes usando de fatos distorcidos apenas no intuito de provar uma verdade da qual se arvoram em únicos donos.

Mas por outra parte, esses fatos suscitaram em algumas pessoas um sentimento que não era apenas meu: o de que estamos todos nós que ousamos pensar e discorrer sobre esses pensamentos, condenados a uma fogueira santa. Pessoas como a de Roque Zanol, a quem desconheço e sobre quem não há referencias no Whiplash, e que publicou no próprio site uma defesa não a mim, embora faça referências diretas a meus artigos, mas particularmente aos textos opiniativos, apontando a inutilidade e falta de educação e conhecimento presentes na maior parte dos comentários. O autor termina seu texto com “É possível aceitar a escolha do outro e fazer críticas, utilizando-se o bom senso sempre, evidentemente. Espero que este texto sirva de resposta, também por outros, ainda que uma minoria, tenho consciência, e, por favor, leiam duas vezes e pensem três antes de comentar” Mas de nada adiantou, pois o próprio Zanol foi atacado com baixarias.
(Fonte: Comentários: Quando Eles Não Acrescentam ao Diálogo - http://whiplash.net/materias/opinioes/164187.html#ixzz285qLPZvM)

O jornalista Marcelo Moreira do Jornal da Tarde, em um artigo intitulado ”Politicamente correto e mediocridade elegem novo alvo: a crítica”, publicado em seu Blog “Combate Rock” também comenta a respeito desse assunto: “Ninguém diverge, contesta ou discorda com educação ou argumentos. Diverge-se, contesta-se e se discorda com ameaças e agressões verbais de todos os tempos. É um movimento inaceitável de cassação do direito de criticar e opinar.” Nesse texto, Marcelo cita o massacre imposto a mim pelos leitores do Whiplash: “O poeta e escritor Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto, conhecido no meio underground do rock e dos cenários literários alternativos de São Paulo e Rio de Janeiro, sofreu uma ação massiva de xingamentos e desqualificações quando publicou no site Whiplash...”.

Acredito por fim, que a maior parte dessas ofensas tenham origem, por parte de alguns, a necessidade de terem de santos, deuses e ídolos, colocados em altares e palcos que lhe apontem o caminho e lhes sirvam de muleta. E por parte de outros de se sentirem os próprios. Musica não é isso, não pode ser isso. Essas pessoas alardeiam a liberdade de expressão de forma irresponsável, para dar vazão à sua falta de educação e de cultura, sem a menor consciência do que ela representa. E parafraseando Roosevelt; "Liberdade de expressão não serve para quem não tem nada a dizer". E eu, embasado em tudo aquilo que já li, escutei e escrevi, garanto que tenho o que falar e principalmente escrever! 

Outra coisa que acredito é que atrelar um site a uma rede social é uma faca de dois gumes. Comercialmente, com intuito de alavancar audiência é muito válido, mas pelo ponto de vista da qualidade é perigoso. Os riscos são iminentes, principalmente aos colunistas que ficam ali, à mercê de loucos e fanáticos, recebendo toda sorte de ameaças, até mesmo à integridade física como aconteceu comigo. Estudos mostram que essas redes sociais desenvolveram uma esquizofrenia coletiva, com todo mundo se achando escritor, filosofo, poeta, humorista, etc. Em outras palavras, deram voz a quem não tem o que falar e que antes tinha que se manter no silêncio de sua mediocridade. Tudo se horizontalizou, nivelou por baixo, mesmo! Todo mundo quer aparecer, escrevendo o que vem na cabeça e acredita que ofender a um autor de um texto que desmascarou seu ídolo vai deixar ele de bem com o próprio. E quando as pessoas postam comentários logados no Facebook, está claro que o único objetivo é aparecer, normalmente mais que o autor do texto, e ficar bem com sua "galera" (ô palavra nojenta!).

E essa “evangelização do Rock” simplesmente não combina. As pessoas reagem com ídolos do Rock da mesma forma que os fanáticos religiosos. Falar que Jimmy Page plagiou mais de 20 musicas tem o mesmo efeito que falar que Jesus Cristo era gay ou comia Madalena. Como se a santidade tivesse que ser algo inerente a um “astro do Rock”. E essas pessoas se julgam melhores que os religiosos que se atacam uns aos outros. E afirmar que seus ídolos do Rock podem tudo, beira não apenas o ridículo, mas ao cumulo da falta de caráter. São essas as pessoas que reclamam da falta de caráter dos políticos? E são, sim! E reclamam não por terem uma consciência política, mas porque não podem estar no lugar deles. E isso vale para essa defesa incontinenti dos ídolos, sejam do que for. 

Resumindo meu objetivo, meu amigo João Paulo: estou saindo. E antes que fale que estou correndo de medo, que borrei nas botas, que não aceito criticas, deixo claro: aceito criticas, mas não tolero ofensas gratuitas e não reconheço nenhum dos leitores do Whiplash como representantes de nenhum artista. A maioria, infelizmente, é um bando de fanáticos sem cultura, seres cujos espíritos pobres e cultura mais ainda, são incapazes sequer de ler e compreender um texto. Não borrei nas botas, mas cansei de ficar usando um tempo que a mim é muito caro, para pesquisar e escrever matérias que serão alvo de ofensas e xingamentos.

Sou um artista, autor de quase um milhar de poesias, dois milhares de crônicas e dois romances. Editei 15 livros meus e mantenho meu site às minhas próprias expensas há 15 anos. Não vou servir mais de saco de pancadas de um bando de moleques querendo aparecer às minhas custas. Em outras palavras, não dou mais minhas pérolas a porcos e a galinhas. E digo mais: "Cansei de Rock" e principalmente, cansei de roqueiros.

Por fim, amigo João Paulo, desejo-lhe sucesso e sorte nesse seu trabalho árduo e frutífero à frente do Whiplash, o melhor site de Rock em português. Grande abraço!

Atenciosamente:

Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Escritor, Poeta, Webdesigner, Artesão, Editor Artesanal e Webradialista
Site: www.abarata.com.br
www.baratacichetto.blogspot.com



1/10/2012

28/09/2012

Pussy Galore

Pussy Galore
Luiz Carlos Barata Cichetto

Pussy Galore é uma personagem criada por Ian Fleming em "007 Contra Goldfinger", da série James Bond. Seu nome é um trocadilho com “Pussy”, que em inglês significa um outro nome para “Gata” ou o termo vulgar para "vagina'", enquanto "Galore'" significa grande abundância de alguma coisa.  Portanto, poderíamos traduzir vulgarmente "Pussy Galore" como "Bucetuda" (?). No filme, a personagem interpretada pela atriz britânica Honor Blackman foi atenuada, pois no original literário, a principal capanga do vilão Auric Goldfinger é uma lésbica, chefe de uma gangue de ladras. No filme isso é apenas insinuado e ela acaba nos braços do irresistível James Bond. 

Entretanto, na capital federal dos Estados Unidos da América, no ano de 1985, surge uma banda de garagem com o mesmo nome da personagem de Fleming. Com um som claramente inspirado em estandartes da piração criativa do final dos anos 60 e início dos 70, “The Velvet Underground” e “The New York Dolls”, desde cedo a banda construiu um som que não podia ser rotulado, dada a miscelânea sonora que compunha seu trabalho. Distorção até o bagaço, gritos, letras com forte apelo sexual e toda a sorte de influências rítmicas e melódicas. Uma usina de criatividade e “loucura” concentradas. Mas ma usina dessas não tem como não explodir com tanta carga, ainda mais juntando-se a essa carga explosiva, o uso e abuso no consumo de drogas alucinógenas. O resultado pode chegar a ser genial ou catastrófico, dependendo para qual ela vão os estilhaços da explosão.

A base original da “Pussy Galore” era formada pelos guitarristas e vocalistas Jon Spencer e Julia Cafritz e pelo baterista John Hammill. E foi com essa formação que a banda gravou seu primeiro EP "Feel Good About Your Body". Após o lançamento do disco, o guitarrista Neil Hagerty passa a integrar a banda, Hammill foi substituído pelo ex-baterista do "Sonic Youth" Bob Bert e eles se mudam para New York, passando a incluir como guitarrista Cristina Martinez, então com 16 anos. Cristina não era instrumentista, mas namorada de Spencer e a modelo que posara para a capa do EP de estréia. Com esse “line-up” eles gravam outro EP "Groovy Hate Fuck" pelo selo "Shove Records" criado pela própria banda. Logo a seguir, em 1986, pela mesma "Shove", lançam uma gravação em fita cassete, com edição limitada a 550 cópias chamada "Exile on Main Street", apenas com "covers" de Rolling Stones. Futuramente essa gravação seria incluída na coletânea "Corpse Love". 

Em Janeiro de 1987 outro EP, "Pussy Gold 5000". Pouco depois a modelo-namorada-guitarrista Martinez deixa a banda após sérios atritos com a outra guitarrista Julia Cafritz. "Right Now!" lançado pela Caroline Records, em Setembro de 1987, é efetivamente o primeiro álbum da "Pussy Galore" e o primeiro lançamento por outra gravadora. Mas, pouco tempo após o lançamento, o guitarrista Neil Hagerty deixa a banda e é substituído por Kurt Wolf. Hagerty voltaria a banda pouco tempo depois para a gravação e lançamento de outro EP "Sugarshit Sharp" um dos mais significativos da carreira da banda, que incluía "Yu-Gung", um cover da banda alemã de "industrial dance" “Einstürzende Neubauten”, misturada com trechos do "rap" Don't Believe The Hype" do Public Enemy. Neste EP também foi introduzido o novo logotipo da banda, uma mistura do "Yu-Gung Man" do Neubauten com uma imagem quase indecifrável do logotipo clássico dos Rolling Stones.

O segundo álbum "Dial M For Motherfucker", foi lançado em 1989, ainda repleto da formula "Pussygaloriana" de fazer musica, isto é: muito ruído, provocação e truques de estúdio, musicas que parecem estar girando ao contrário ou que terminam abruptamente, sem nenhum sentido aparente. Originalmente o disco era para ser chamado "Make Them All Eat Shit Slowly", algo como "Faça Todos Comerem Merda Lentamente", mas foi vetado pela Caroline Records. Cafritz, a guitarrista que teria sido o pivô da saída de Martinez da banda, aparece apenas em algumas das musicas e pouco depois deixaria a banda. Ainda nesse ano, o Pussy Galore lançaria seu "split", com um cover da Black Flag "Damaged II" tendo "Damaged I" com a banda Tad do outro lado, para a Sub Pop Records e posteriormente dividiria, para um lançamento da “Supernatural Records” japonesa, outro “single” com a banda de “Industrial” “Black Snake”.
Com a saída da guitarrista Cafritz, o trio Spencer, Hagerty e Bert lançam o último álbum em 1990 chamado "Historia de La Musica Rock" pela Caroline Records. A capa, uma paródia de uma série de compilações em vinil lançadas na Espanha chamada "Historia de La Música Rock".

Ainda em 89, Spencer e Martinez haviam se casado e fundado o “Boss Hog”, que alcançou certa notoriedade não apenas em função da música, mas também pela nudez dela, tanto em cena como em capas de discos. Neil Hagerty continuou sua carreira com a namorada Jennifer Herrema, no duo de Blues-Rock "Royal Trux". Cafritz e Bert se uniram no início de 1990 e lançaram um álbum auto-intitulado "Action Swingers". Em 1992 foi lançada a compilação "Corpse Love: The First Year" que incluía as faixas do cassete "Exile On Main Street", material inédito do inicio e entrevistas. Jon Spencer também formou o “Blues Explosion”, que lançou uma série de discos e ainda em 2012 continua gravando e se apresentando.

Discografia:
Albums
Exile on Main Street - Cassette (1986, Shove) 
Right Now! - LP (1987, Caroline)
Dial M For Motherfucker - LP (1989, Caroline
Historia de La Música Rock - LP (1990, Caroline)
Corpse Love: The First Year - CD (1992, Caroline)
Live: In The Red - LP (1998, In the Red)
EPs
Feel Good About Your Body - EP 7" (1985)
Groovy Hate Fuck - EP (1986, Shove)
Pussy Gold 5000 - EP (1986, Shove)
Sugarshit Sharp - EP (1988, Caroline)
Compilação
Groovy Hate Fuck (Feel Good About Your Body) LP (1987, Vinyl Drip) 
Videos
Maximum Penetration VHS (1987, Atavistic Video)




27/09/2012

O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior


O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior
Luiz Carlos Cichetto
Foto:Site Oficial de Rolando Castello Junior (Fotógrafa:  Lyrian Oliveira)

Há tempos atrás, quando comecei a publicar minhas listas no Whiplash, listas estas que despertaram a ira dos fanáticos a ponto de receber até mesmo ameaças veladas, tenho pensando sobre mostrar artistas e bandas que mereceriam ser melhor conhecidas pelo grande publico, mas que não o são por razões das mais diversas, hediondas e até criminosas possíveis. Sim até criminosas, pois os critérios usados pela mídia e pelas máfias das gravadoras e editoras de musica são dos mais perversos e violentos, destacando apenas aqueles cujos retornos financeiros são imediatos e garantidos. E nada como um cantor ou cantora bonitinho e ordinário, sem nenhum talento e devidamente remontados e remanufaturados em estúdio. Uma carinha bonitinha, uma bunda gostosa e dane-se se há talento artístico ou não.  

Aparentemente a máxima do sucesso "estar no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas" nunca se aplica aos verdadeiros artistas, particularmente que tocam Rock no Brasil. O chamado "Pop Rock", essa escrotisse inventada pelas gravadoras com o intuito de trajar de Rock bandas e artistas que nada tem a ver, parece ser a única coisa aceita. 

A mentalidade brasileira, mesmo mais de 50 anos do Rock ter chegado ao Brasil ainda o trata como "estrangeirismo" estabelecendo uma linha de atuação absurda que admite o Rock que é feito no exterior e chega aqui de todas as formas, mas não os artistas daqui. Velhos e caquéticos medalhões, que nem brilham tanto ou não brilham mais, são tratados como verdadeiras majestades não apenas pela mídia, mas pelo próprio público e pelos "artistas" da terra. Enquanto artistas do Rock internacional, milionários são tratados com pompa, gala e reverência e colocados em castelos; os daqui são tratados como parias e a pontapés. Enquanto artistas americanos e ingleses e de toda parte do mundo ganham fortunas enriquecendo ainda mais, os daqui ganham misérias e migalhas. Enquanto os "gringos" lotam arenas a preços exorbitantes, os "nativos" não recebem publico, nem a preços irrisórios. Uma demonstração clara de estamos ainda sob a égide do jugo, vivendo eternamente a condição de colonizados.

E para não perder o costume, estou criando uma outra lista. Mas a idéia agora é traçar o perfil de um artista em cada artigo, para que possa ser demonstrado de forma mais apurada o trabalho de cada um. Foi difícil criar esta lista, pois não queria deixar de lado ninguém que merecesse estar nela. Ser injusto com “Ídolos”, não me deixa com a consciência pesada, mas com pessoas que já por si só estão sendo injustiças pelas circunstâncias, me deixaria com a consciência pesando toneladas. 
Aeroblus Pappo, Rolando e Alejando Medina:
Fonte:  http://aeroblusoficial.com.ar

.: Rolando Castello Júnior 

Recentemente, Rolando Castello Junior foi eleito por uma revista argentina como "O Mais Grande Baterista do Mundo". Na matéria, Rolando é comparado aos grandes bateristas de Rock do Mundo, como John Bonhan e Keith Moon, ambos falecidos. E de fato, se fosse ele americano ou inglês estaria com seu lugar assegurado em qualquer lista dos melhores, cantado e ovacionado e merecedor de lugar de destaque em qualquer “Hall of Fame”. Mas como estamos no Brasil, pátria das chuteiras e das injustiças culturais...

Desde o inicio de carreira, ainda nos primeiros anos da década de 1970, com passagens por bandas no México (Parada Suprimida, Tarantula e Three Souls In My Mind), que ele se destaca, por sua técnica impar de tocar o instrumento. Em 1974, "Junior", foi o baterista do primeiro disco do “Made In Brazil”, o lendário “disco da banana”.  Em 1977 foi para a Argentina onde formou com o mestre da guitarra Norberto Pappo Napolitano uma das mais emblemáticas bandas portenhas, o “Aeroblus”, até hoje reverenciada e homenageada por todos os roqueiros do país de Maradona. E esse fato, aliado ao reconhecimento dos argentinos ao talento do baterista, fazem dele um ídolo.

Enquanto isso no Brasil... Rolando que foi um dos fundadores da “Patrulha do Espaço” juntamente com Arnaldo Baptista, segue carregando o legado da banda nas costas por 35 anos, tendo gravado com a “Patrulha” cerca de 20 discos, além de participação em discos de outras bandas e artistas do Rock “Nacional”. Segue em frente, tocando e ainda acreditando no Rock, como poucos.

Dono de uma técnica insuperável no instrumento, Rolando é referenciado pela maior parte dos grandes bateristas brasileiros como Paulo Tomás do Baranga, Paulo Zinner, ex Golpe de Estado e dezenas de outros. Sua forma de tocar é inconfundível e única, frutos de uma genialidade nata aliada a fatores de superação física. Embora não goste de falar sobre o assunto, Rolando teve poliomielite na infância que deixou fortes sequelas, que decerto colaboraram com sua forma de usar o instrumento.

Há um tempo atrás, li uma matéria sobre medicina em que um ortopedista dizia que a genialidade de Garrincha se devia a um "defeito físico" nas pernas que mudava todo o seu centro de gravidade e que isso, aliado à sua genialidade genética o transformara num gênio. Um gênio sufocado por Pelé e seu Marketing Pessoal melhor construído. Não vejo uma comparação melhor do que a existente entre Rolando e Garrincha, pois enquanto Pelé é um milionário, Garrincha morreu pobre. A esperteza e ganância da mídia fazem ídolos a seu bel interesse e, por mais genial que um ser possa ser, ele jamais desfrutará dos justos patamares de glória caso não se "venda", de alguma forma, a seus interesses mesquinhos. 

E assim, por estes e outros obscuros motivos, o trabalho de Rolando Castello Junior permanece desconhecido da maior parte do publico, mesmo dentro do publico de Rock, que normalmente rende glórias aos grandes bateristas da história do Rock e desconhece que aqui mesmo existe um músico, vivo e produtivo e que ainda coloca nos ares sua banda, com muito esforço e dedicação a um Rock que, tal como o restante da Cultura nacional é cega, surda e muda.

E, usando ainda a comparação com o futebol, atualmente se rende loas a "cabeças-de-bagre" (usando um jargão futebolístico), como os "neymares" e se acredita (porque a mídia assim o impôs) que Pelé foi o maior craque de todos os tempos. Mas se esquece ou não se conhece a genialidade de Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha. E se rende homenagens a tocadores de bateria e fazedores de barulho como (Huuuuum, deixa pra lá!...) e desconhecem o talento, e porque não dizer a genialidade, de Rolando Castello Júnior.

Ah, os argentinos acham que foi Maradona o maior, mas sempre lembram que Rolando Castello Junior é o "Mais Grande Baterista do Mundo". Futebolisticamente falando podem estar errados, mas com certeza, entendem de Rock melhor do que “nosostros”.
Disco Mais Recente da Patrulha do Espaço (2012)
http://www.patrulhadoespaco.com.br

Discografia Completa:
(Em Ordem Decrescente)
2012 - Patrulha do Espaço - Dormindo em Cama de Pregos - Indie
2007 - Patrulha do Espaço - Capturados ao Vivo no CCSP  -  Voice Music
2006 - Aeroblus - Aeroblus (Digipack) - Universal
2006 - René Seabra - As Cores de Maria - Lâmpada Records
2005 - Brasil Papaya - Esperanza - Beluga
2004 - Patrulha do Espaço - Missão na Área 13  -  Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Sim São Paulo - Baratos Afins
2003 - Patrulha do Espaço - Compacto - Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Demo Sul - Braço Direito Records
2002 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 4 - Indie
2001 - Patrulha do Espaço - Música Para Reciclar
2000 - Patrulha do Espaço - Chronophagia  -  Indie
1999 - Made in Brazil - Made in Brazil - BMG
1998 - Relespública - E o Rock’n’Roll Brasil!? - Indie
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 3 -  Baratos Afins
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 2 - Baratos Afins
1997 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 1 - Temptation
1997 - Aeroblus - Libre Acceso / Aeroblus - Polydor
1995 - Made in Brazil - Acervo -  RCA
1994 - Patrulha do Espaço - Primus Inter Pares - Aqualung
1993 - Beijo AA Força - Coletânea - Tinitus
1993 - Aeroblus - Aeroblus -  Phillips
1993 - Quantum - Quantum -  Record Runner
1993 - Beijo AA Força - Beijo AA Força  -  Tinitus
1992 – Pappo - El Riff - Trípoli Records
1990 - Cemitério de Elefantes - Coletânea - Vinil Urbano
1989 - Maria Angélica - Outsider - Vinil Urbano
1989 - Arnaldo e Patrulha do Espaço - Elo Perdido - Vinil Urbano
1988 – Arnaldo e Patrulha do Espaço - Faremos uma Noitada Excelente  -  Vinil Urbano
1986 - Inox - Inox - CBS / Epic
1985 - Patrulha do Espaço - Patrulha 85  -  Baratos Afins
1983 - Mario Garcia - Sr. Cisne - Indie
1983 - Quantum - Quantum - Café
1983 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço 4 -  Baratos Afins
1982 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Baratos Afins
1981 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Seta / Ariola
1980 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Halley
1979 - Billy Bond - Billy Bond and The Jets - Sazan
1977 - Aeroblus - Aeroblus - Phillips
1975 - Made in Brazil - Coletânea - RCA
1974 - Made in Brazil - Made in Brazil - RCA
Internet:
.: www.rolandorock.com
.: www.patrulhadoespaco.com.br
.: www.aeroblusoficial.com.ar 

Entrevista de Barata Cichetto com Rolando Castello Junior - KFK Webradio - 2012


(Apertura del Tributo a Aeroblus encabezada por Castello, Medina y Chizzo Napoli, ademas contó con la Participación Millo , "Tete" y "Tanque" Iglesias.)

(Virada Cultural de São Paulo - 2010 - "Festa do Rock" - Vocal Percy Weiss)

26/09/2012

26/09/2012

Nascimento, Vida, Paixão e Morte do Rock no Brasil

Nascimento, Vida, Paixão e Morte do Rock no Brasil
Luiz Carlos Barata Cichetto
Foto: http://aguasclarasfestival.blogspot.com.br

A história do Rock no Brasil começou ainda em 1955, com a gravação de "Rock Around The Clock" de Bill Halley, com o título traduzido para "Ronda das Horas" pela cantora de sambas de fossa Nora Ney. A primeira das primeiras gravações de Rock em português foi feita dois anos depois com Cauby Peixoto ("Rock´n´Roll em Copacabana"). Nessa mesma época, conjuntos como Luizinho e Seus Dinamites, Betinho e Seu Conjunto e outros fizeram suas gravações naquele ritmo que chegou a ser proibido nos por governantes que o consideravam "obsceno". Nos anos 1960, com chegada da Ditadura Militar com sua censura moral e política por um lado e por outro da Jovem Guarda, uma tentativa de se trazer o tal de Rock’n’Roll para cá de uma forma mais amena e pasteurizada, o Brazilian Rock se arrastou, embora muita gente teimasse em abrir esse espaço. Nos anos 70 o Rock viveu no Brasil seu maior momento, ao contrário da história contada hoje à revelia dos fatos. A explosão do Rock Progressivo no mundo e a abertura dos portos (e aeroportos) brasileiros a músicos estrangeiros no auge da carreira a partir da primeira metade da década, trouxeram às terras abaixo da linha do Equador a chance de se produzir e criar Rock, mesmo que debaixo das botas militares e sem alcance a equipamentos e instrumentos de boa qualidade, cujas importações eram proibidas. E surgiram então centenas e centenas de bandas, começou-se a pensar e realizar festivais de médio e grande porte e as gravadoras abriram um pouco as portas às bandas de Rock. 

Parecia que o Rock no Brasil estava mesmo arraigado e estabelecido como a opção dos "jovens" de todas as idades. O Terço e Os Mutantes tocavam Beatles no Teatro Municipal de São Paulo, surgiam festivais como os de Iacanga em São Paulo e Hollywood Rock no Rio de Janeiro. Ginásios de futebol, como o do Palmeiras, da Portuguesa e do Corinthians e teatros particulares e das prefeituras recebiam festivais e temporadas de bandas, sempre lotados. “Banana Progressiva” e Festival Latino Americano de Rock”, temporadas do Made In Brazil e Chave do Sol no Paulo Eiró e até casas especificas com a lendária “Tenda do Calvário” e salões de Rock aos borbotões tocando Rock pelas tarde e noites adentro como a Led Slay, Fofinho, Tarkus, Templo do Rock, Paraíso dos Loucos e muitas outras onde além de discos de bandas estrangeiras sempre abriam espaço para o Rock Brasileiro.  E as bandas, empurradas e entusiasmadas com esses espaços e a presença do publico surgiam aos montes. Ave Sangria, Chave do Sol, Rock da Mortalha, Lírio de Vidro, Arnaldo e A Patrulha do Espaço, Terço, Novos Bahianos, Vímana, Joelho de Porco e muitas outras surgiam e tinham seu publico fiel e garantido. 

Mas, ainda no final dos 70, a chegada do Punk ao Brasil, apesar de trazer novos ares, trouxe consigo um furacão que viria a derrubar todos os sonhos até então. O "movimento" Punk era um fenômeno puramente inglês, com causas e consequencias locais. Aqui, apenas uma caricatura mal feita, sendo responsável por uma divisão nas trincheiras já não muito resistentes do Rock Brasileiro. As tardes de Rock na Estação São Bento do Metrô, criadas como espaço de bandas emergentes e independentes, logo foi dominada pela violência gratuita de uma leva de Punks o que culminou com o fechamento do espaço.

Até que na década de 80, a indústria fonográfica e a mídia global começaram a polir o Rock, transformando em algo mais palatável ao "gosto brasileiro".  Isto significava irrediavelmente uma infantilização do Rock, ou melhor, uma idiotização do Rock, tornando-o mais comercializável. E da-lhe então bandas infantilóides como Blitz, RPM, Capital Inicial, Legião Urbana. O "Rock In Rio" tido como um marco do Rock no Brasil, foi sim um divisor de águas, sendo que a partir dele, tudo degringolou trazendo uma quantidade de bandas querendo conquistar seu espaço tocando o que foi chamado de "Pós Punk", “Proto-Isso” Prato-Aquilo”. Estava criada a cultura dos rótulos e consequentemente a divisão do “Exército do Rock” em pequenas divisões de uma infataria fraca e sem comando. Perdidos. 

Paralelamente o "Metal" começava a tomar conta das cabeças, mas o que até então era desenhado como "Rock Nacional" foi transformado em rascunho, passando a maior parte a ser meras copias de estilos, letras, gestos e atitudes das bandas e artistas estrangeiros. 

Chegamos assim aos anos 90, uma década perdida sob todos os aspectos, definidos pela frustração logo no primeiro ano com a primeira eleição de Presidente da República das ultimas décadas. E tal e qual a política, o Rock Brasileiro foi de fracassos a fraudes passando pela insipiência e total falta de criatividade. Com o inicio do terceiro milênio, o avanço tecnológico e as facilidades na veiculação e acesso à informação poderia ter trazido às terras brasileiras no que tange ao Rock uma sedimentação. Mas o que ocorreu foi justamente o contrário. Os artistas das bandas "antigas" se cansaram das dificuldades e muitos abandonaram o barco, outros trocaram de bandeira e foram ganhar dinheiro mais fácil. A história foi se perdendo, as referências apagadas. Pouco sobrou e também pouco interessava a essa "nova" legião de "roqueiros" que tinham fácil acesso a instrumentos, sistemas de gravação e distribuição de musica.

Iludidos por uma fama de "15 minutos", a maioria optou pelo caminho fácil e pouco trabalhoso. A forma passou a ser mais importante que o conteúdo, a vaidade mais que qualidade e o tesão maior que a emoção. Poucos sobraram com aquela disposição de transformar o Rock no Brasil senão em dominante, mas em opção. Senão em hegemônico, mas como parte de um harmônico caldo cultural, que é afinal o que diferencia uma grande cultura de uma falácia cultural. Essa mesma sempre fomos.

E por fim, analisando o contexto histórico do Rock Brasileiro, percebemos que não foram as gravadoras e a grande mídia apenas os únicos responsáveis pela morte precoce do Rock por cá. A falta de visão e de cultura, aliada a vaidade excessiva da maior parte dos músicos brasileiros foi o grande responsável por esse falecimento. Explicando: enquanto o Rock nos Estados Unidos da América surgiu dos guetos pobres, dos artistas de Blues que buscavam na musica a expressão de sua dor e de sua emoção maior, aliados a musica caipira (Folk) que remetia às também dores da terra e ao Jazz, musica de bêbados, vagabundos e intelectuais, o Rock no Brasil foi tomado pelas elites jovens, daqueles filhos da burguesia cansados de escutarem a Musica Popular Brasileira de seus pais. Eram eles, e apenas eles, que tinham acesso a comprar instrumentos, equipamentos e discos importados. E foram eles que tomaram para si a "missão" de tocar Rock. Isso fica patente nos temas, nas letras da maioria da bandas brasileiras até hoje em dia. O trinômio "Carrão/Moto&Mulher&Bebida" sempre foi a temática principal, como se outras preocupações não fizesse parte do seu dia-a-dia. Atitude típica de classe média/alta. 

Tal afastamento da realidade da imensa maioria da população, com temas e instrumentos que eram inacessíveis a ela, fez com que o Rock não atingisse as periferias, que continuava a escutar Samba e outros gêneros mais “populares”, com temática e instrumental mais próximos de sua própria realidade. Era muito mais fácil para um garoto pobre da periferia chegar a comprar um violão e tocar Samba falando de sua realidade, do que uma cara guitarra ou baixo e falar sobre algo que não lhe dizia muito respeito, como a vida na estrada de um motociclista pilotando uma potente Harley Davidson. O Pagode, uma versão "Pop", ou seja mais simplificada do estilo tomou seu lugar, principalmente nas faixas de idade mais baixas. A chegada do "Rap" e "Hip Hop" deu a molecada da periferia o lugar que o Rock deveria ter tomado bem antes, com temas e instrumental acessível. O moleque do subúrbio não queria de fato saber do Punk, pois inconscientemente ele sabia que não tinha a ver com sua realidade. E assim se fez, e assim foi. 

E enquanto os roqueiros brasileiros, que, aliás, nunca tiveram nada de bandidos, se debatiam para ter espaços sem deixar seu próprio quadrilátero nos bairros de classe média e alta, esses "movimentos" tomaram literalmente de assalto às mentes da garotada. O chamado "Funk Carioca", que nada mais é do que um reflexo de uma sociedade que oscila entre sexo fácil e drogas baratas, usa disso como instrumento de fuga das dificuldades cotidianas. Enquanto isso, o Rock brasileiro ainda fala do mesmo trinômio e acrescenta bruxas, dragões alados e duendes.

Um parêntese com relação a uma frase decantada, requentada e repetida por muitos músicos e artistas, de autoria de Milton Nascimento: “Todo artista tem de ir aonde o povo está.” Sob o ponto de vista de postura cultural e política, um artista tem que ser provocador e inovador, ditando tendências culturais, nunca ir na tendência da manada popular. Mas isso tem que ser levado “onde o povo está” e não esperar que este venha até ele. Em outras palavras, o Rock tinha que ter ido até as periferias, aos guetos mais pobres e mostrar ao “povo” seu espírito provocador e inovador, não esperar que ele saísse da periferia por livre e espontânea vontade e os fosse procurar em seus redutos. Mas a arrogância e a preguiça da maioria dos artistas fez com que preferissem ficar no papel de um Maomé esperando que a montanha chegasse até ele.

Enfim, o Rock no Brasil perdeu sua grande oportunidade de ser o que foi na maior parte dos paises onde se estabeleceu e se firmou: um catalisador de idéias e cultura, um aglutinador de pessoas e um porta-voz dos jovens de todas as idades. O Rock perdeu o trem da história do Brasil. E esse trem não para em todas as estações. "Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma."

24/09/2012

23/09/2012

Selvageria – “Selvageria”


Selvageria – “Selvageria”
Luiz Carlos Barata Cichetto

Usando e abusando de todos os clichês do gênero Speed/Thrash Metal, a banda “Selvageria” por horas soa como retrô, resgatando a sonoridade do Metal Brasil dos anos oitenta, outras soa "moderna" com a atualização do estilo de forma criativa, falando de temas recorrentes como guerras apocalípticas, o mal e o inferno e referencias ao próprio estilo. Uma das letras, a que mais me chamou a atenção, foi a de "Cinzas da Inquisição" que em seu inicio fala: "Fugindo de assassinos, o terror dos inocentes / Medo e terror em seus olhos, pânico rodeia sua mente / Perseguido por furiosos, atacado pela multidão / Corpos queimados, enfileirados, fogueiras acesas, a dor e o terror / Cinzas jogadas, no meio das praças, o fogo ardendo e muita dor ..."  

Também a busca pela união da sua “tribo”, sempre um tema muito utilizado pelas bandas do Metal é fartamente usado pelo “Selvageria”. Ao menos duas das musicas falam desse assunto: "União Total" e "Hino do Mal" . O fato é que entre todas as tribos dentro de todas as vertentes do Rock, ai incluído o Metal, as que mais conseguem essa união é justamente o pessoal das denominações "’AlgumaCoisa-Metal". São eles que ainda conseguem levar algum publico a apresentações. E um publico ativo e participante.

A "Selvageria" foi formada em 2005 em São Paulo e nesse mesmo ano lançou a demo "Metal Invasor". Sempre com letras em português, o que sob meu ponto de vista já é um ponto positivo, a banda chegou ao primeiro semestre de 2010 com algumas mudanças de formação e lançou seu primeiro disco, homônimo, pela “Dark Sun Label”,  propriedade da “Dies Irae”, com a produção e mixagem de Rodrigo "Skillo" Toledo. Em 2011 a Selvageria participou do "Metal SP Festival" no Blackmore Rock Bar, que teve como atrações principais duas lendas do estilo, o “Vulcano” e “Salário Mínimo”. O visual da banda é o clássico "headbanger", carregado de rebites, correntes, cintos, calças apertadas e tênis brancos de cano alto.

Enfim, Selvageria” não faz nenhuma grande masturbação mental, não traz idéia absolutamente nova em relação aos destinos do planeta, mas serve a seu propósito, que é o de fazer o pessoal bater cabeça, resgatando e atualizando o que existiu de melhor no Metal brasileiro dos anos 80, tida por muitos como a década perdida e para outros a melhor de todas.

Uma critica pessoal com relação ao CD físico, é que achei o desenho da capa assinado pelo guitarrista Capi, apesar das referencias terem sido muito bem pensadas (lobisomens, caveiras, dedos sangrentos e referencias paulistanas que deixam claras suas origens), tem um traço um tanto simples demais para o tema. Talvez uma montagem fotográfica funcionasse melhor. E a impressão do encarte, com letras em tipo gótico em um vermelho muito forte sobre o fundo preto dificulta absurdamente a leitura.

Por fim, o CD "Selvageria" da banda homônima tem muitos pontos altos e pontos baixos, mas no geral é um trabalho que merece e precisa ser escutado por todos aqueles que apreciam o estilo, e de forma geral se interessam por Metal cantado em português e tocado com competência. 

Faixas:
1 - Trovão de Aço
2 - Metal Invasor
3 - Na Lâmina da Foice
4 - Águias Assassinas
5 - Hino do Mal
6 - União Total
7 - Cinzas da Inquisição
8 - Garra do Cão
9 - A Serviço do Mal

Formação Atual:
Gustavo - Voz
Capi - Guitarra
Tomás - Baixo
Andrei (Baixo, no disco)
Danilo Toloza - Bateria

Referencias na Internet:
http://letras.mus.br/selvageria/
http://www.myspace.com/selvageria


22/09/2012

Carro Bomba: "Honeeesssto!"


Carro Bomba: "Honeeesssto!"
Luiz Carlos Barata Cichetto
“Vamos todos dar as mãos / Opressores / Vocês vão se arrepender de terem nascido / E eu encontro / Um motivo para rir / Da sua cara / Mesmo sem você consentir...” - Transgressores

Primeiro sábado de Primavera em São Paulo. Acordei num autêntico “Rítmo de Fúria”, com dor de cabeça, no horário que as pessoas ditas normais usam para almoçar. Com sede, mas não de água, mas de musica pesada, de musica barulhenta, estridente, berrada com a garganta e com o pulmão e a cabeça explodindo. Musica tocada com distorção na guitarra e tambores e caixas e pratos socados com raiva. Na estante que eu recém reformei especialmente para guardar CDs, a discografia de uma banda que reputo como uma das melhores que surgiram no Século XXI: Carro Bomba.

Acompanho o trabalho dessa banda desde o início. Mas mesmo antes do inicio do Carro Bomba já conhecia e admirava o talento de um músico excepcional, autodidata, Marcelo Schevano. Desde a época da Patrulha do Espaço que acompanhei durante alguns anos, sempre me admirava com o talento musical de Marcelo. Não apenas guitarrista, mas um multi-instrumentista, que lutou para se impor como musico, mesmo contra todas as marés contrárias. E quando ele, juntamente com Luiz Domingues e Rodrigo Hid, outros dois grandes instrumentistas deixaram a Patrulha seguindo caminhos diferentes, passei a olhar também para esses caminhos. Luiz e Rodrigo formaram com Xando Zupo, outro grande musico, a banda Pedra, enquanto o Marcelo, irmão do Ricardo da "Baranga" se juntava em uma festa para uma despretensiosa "Jam" com um baixista que, embora não tivesse um histórico de grandes bandas tocava seu contrabaixo com muita competência e uma grande dose de ensandecimento: Fabrizio Michelloni. A eles juntava-se o baterista Ricardo Bronx e nascia um "Power Trio" dos mais pesados que o Rock Brasil conhecera até então.

Desde esse início, ainda em 2003 e até agora, quase dez anos depois, o Carro Bomba tem crescido em termos de música, de letras e, principalmente em “Atitude”. E embora a banda tenha trocado três vezes de baterista e a partir do terceiro disco deixado de ser um Power Trio para ser um, digamos, "Power Quartet" com a entrada do cantor Rogério Fernandes - que deu à banda um peso ainda maior, uma definição do som para algo que, do "Rock Pesado" misturado à influencias "Funk" do inicio, chega a ser totalmente Metal no ultimo disco, "Carcaça", lançado em 2011 -, a pegada tem sido cada vez mais forte e violenta e as letras cada vez mais "pesadas", saindo das mesmices utilizadas pela maioria das bandas que desse estilo. Letras que, podem até não ser a preocupação maior dos músicos, mas que quando são bem elaboradas, bem feitas e com algum conteúdo social e qualidade poética, fazem o diferencial positivo. E isso, essa preocupação com o que estão dizendo através de sua música, o Carro Bomba sempre primou. 

(Penso o seguinte: se a musica, há séculos, mesmo contra a opinião dos puristas passou a ser a integração do instrumental com a poesia, deve ser pensada nesses dois flancos. Mas a maioria dos compositores, particularmente no Rock, invariavelmente desprezam a letra, a poesia, fazendo com que ela seja apenas um "adorno necessário" a musica. E então, a maioria das letras de Rock no Brasil são feitas de qualquer jeito, estão ali por estar. E isso acaba se refletindo na temática: "bebida, sexo, carro ou motos". Como se eles próprios só vivessem disso. Mas, felizmente, existem artistas como os que formam o Carro Bomba, o Uganga, o Psychotic Eyes que pensam nesse conjunto. Felizmente!)
“Até quando você vai rezar? / Procurando ser eterno / E se o dinheiro só pagar / Seu lugar lá no inferno?” – “Sangue de Barata”
E então, escutar a discografia do Carro Bomba, neste primeiro dia de de primavera, na sequencia dos lançamentos, pegando ai a evolução da banda é algo extremamente profícuo. Quatro discos em sete anos, uma sequencia de "atentados" que não deixam pedra sobre pedra. A cada disco mais peso, mais força, mais atitude "rocker". ("Nós vamos descontar no som toda nossa injúria"). O ritmo do Carro Bomba é realmente o que eles cantam nessa música: "Ritmo de Fúria", do "Segundo Atentando".  E esse ritmo é o que faz com que o Carro Bomba se sustente como uma das maiores bandas, com lugar merecido e destacado na história do Rock Brasil, por sua capacidade de explodir, detonar as cabeças carentes de Rock e Atitude!

E terminando, defino a música do Carro Bomba com uma palavra que era sempre usada pelo Schevano desde a época da Patrulha do Espaço: "Honeeesssto!". É isso! E se por acaso acordarem num sábado, pode ser numa terça ou sexta de Primavera ou mesmo de Inverno, em "Rítmo de Fúria", com vontade de escutar música honesta, pesada, com atitude e competência, peguem a discografia do Carro Bomba e escutem no volume mais alto que puderem. Afinal: "A Hora Agora é de Fazer Valer" (Qual que é a sua verdade ? / Ficar aí no espelho, cheia de vaidade / Ou sair na rua pra aprender / A se defender e ainda sorrir / Eu tô pronto pra encarar / O que estiver por vir / Compreender que é pra poder prosperar / Você é que não ficar aí, a esperar ") Recado dado! Afinal, Rock não é apenas pra bater cabeça, mas também e principalmente para fazê-la pensar. E agir!!!
“Nuvem negra me deixa em paz / O corpo sente a calma / Não cabe na ampulheta / O deserto da minha alma / Bolsos vazios e nada mais / Diversas histórias / Discos e acordes / Guardados na memória” – “Fui”
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Discografia do Carro Bomba


“Carro Bomba”
2004
Produtor: Renê Seabra
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. O Dobro ou Nada
02. Rock 'n' Roll Machine
03. Carro Bomba
04. A Hora Agora É de Fazer Valer
05. Ode À Bohemia
06. Louco de Dar Nó
07. Sonhos
08. Crocodilagem
09. Raivosas Roedoras
10. Transgressores
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“Segundo Atentado”
2006
Produtor: Carro Bomba
Line Up:
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Ricardo Bronx - Bateria
01. Carro Bomba's Rollin'
02. Ritmo de Fúria
03. Eu Sei Mas Não Me Lembro
04. Uma Cerveja e Um Pouco Disso
05. Overdrive Rock 'n' Roll
06. A Luz, A Paz E A Bomba
07. O Pino da Granada
08. O Vazio
09. Bala de Prata
10. Usina de Problemas
11. Vou Me Esbaldar
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“Nervoso”
2008
Produtor: Heros Trench/ Marcello Pompeu
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Fernando Minchillo - Bateria
01. Punhos de Aço
02. Sangue de Barata
03. Bomba Blues
04. Fui
05. Válvula
06. O Passageiro da Agonia
07. O Foda-se
08. O Foda-se II
09. Intravenosa
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“Carcaça”
2011
Line Up:
Rogério Fernandes - Vocal
Marcelo Schevano - Guitarra e Vocal
Fabrizio Michelloni - Baixo e Vocal
Heitor Shewchenko - Bateria
01. Bala Perdida
02. Queimando a Largada
03. Carcaça
04. Combustível
05. O Medo Cala a Cidade
06. Mondo Plastico
07. Blueshit
08. Corpo Fechado
09. O Foda-se III
10. Tortura (Pau Mandado)

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Site Oficial: www.carrobombaoficial.com.br
Mídia: http://brasilmusicpress.com/pt/clientes/cliente.php?cID=72
Em A Barata, também publiquei inúmeras matérias sobre os CDs, entrevista com Fabrizio Michelloni e Crônica baseadas em músicas. (www.abarata.com.br)
22/09/2012
Em Pé: Fabrizio Michelloni e Marcelo Schevano do Carro Bomba, Ricardo Soneca e Xande do Baranga com  René Seabra ao meio; Percy Weiss.  Sentados: Gustavo, do Homem Com Asas, Rolando Castello Júnior da Patrulha do Espaço e Barata Cichetto. CCSP - 22 e 23 de Setembro de 2007 - Foto: Lud San

21/09/2012

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin
Barata Cichetto
(Em Colaboração com Agências Internacionais)
Rótulo do "Legítimo" Jimmy Walker - "LED Label"

Uma música inédita do Led Zeppelin foi encontrada recentemente no castelo Bron-Yr-Au, em New Hampshire, Escócia. Segundo a France Press, agencia noticiosa local, um funcionário da empresa de limpeza “Federal Brush Iscovation” chamado Peter Grant encontrou a gravação dentro de uma caixa de “whisky” falsificado nos porões do castelo.

Feita em uma fita cassete com um rótulo onde está escrito: "LZ - Yellow Cow Pregnant – Feb-29-1977", a gravação tem péssima qualidade de audição, onde pode ser escutada apenas parte da letra. A Scotland Yard aprendeu as caixas da bebida cujos rótulos ostentavam a imagem de um Lord inglês caminhando e tocando uma guitarra de dois braços com algo que aparenta ser uma bengala ou arco de violino, além da marca: “Jimmy Walker”.

Levada para Londres e analisada, a gravação foi considerada como autêntica pelo órgão governamental americano responsável por detectar fraudes, a “F.A.L.S.E. - Fuck Autoral Laws Society Enemy”: "É uma autêntica gravação de Robert Johnson", declarou o funcionário. E complementou "Há uma séria tendência a acreditarmos pode se tratar também de uma gravação original de Howlin' Wolf, ou ainda de Bert Jansch, embora as similaridades apontem mesmo para ser de “Public Domain”.

Baseados nas evidencias inscritas na etiqueta da fita e por ter sido este o local onde o Led Zeppelin gravou seu mais conhecido disco "Houses of The Holy", os repórteres do jornal da costa oeste da Inglaterra The Sun, que tiveram acesso à gravação, procuraram por Jimmy Page, guitarrista e operador de xerox da banda Led Zeppelin que, às lágrimas, confessou serem eles mesmos os autores da musica, inclusive contando detalhes de como a compuseram: "Robert, John-Paul e Bonhan estavam discutindo e ninguém se entendia. Eu estava num canto tentando tirar mais uma musica do Bert para gravar e aquela discussão me irritou e eu gritei 'The yellow cow shit saucepan, whoever comes first eats all her crap'. Os três pararam de imediato, me olharam e Bob gritou: 'É isso, man... Fabulous! Pega aquela musica aí do Bert e coloca essa letra. Vai ficar genial'. E assim fizemos mais uma composição inédita com a assinatura Page/Plant."

Mas, nem bem a notícia deu a volta ao mundo através da Internet, poucas horas depois a RIA, empresa chinesa de telecomunicações, presidida por Kim Dotcom abriu processo contra o LZ por plágio, pleiteando um milhão de libras francesas em nome de 555 compositores de blues americanos e do "The Union of Composers of Music Public Domain".

Procurado por jornalistas em seu castelo na Baviera Holandesa que pertenceu ao satanista brasileiro Aleister Crowley, aka Paulo Coelho, Page se confessou ressentido com tanta perseguição:”Isto é um ‘absurd’, os versos de 'Yellow Cow Pregnant' foram criados por mim. Falar que plagiei isso (N.do.T.: ‘I stole this’ no original) de alguém é totalmente ‘ridiculous, injurious and mentirous’. E afinal, eu nem sei quem se trata esse tal de 'Public Domain'. A mim parece nome de rapper. Ademais, todas as musicas que compus para são absolutamente originais, como “Whole Lotta Love e outras. Nunca ouvi falar de Willie Dixon (N. do T.: "The only thing I heard that Willie Dixon, that was a boxer”, no original).

A polícia russa tentou gentilmente inquirir o musico, mas este, se fazendo passar por um velho japonês mestre de Kung Fu, disse não conhecer nenhum James Patrick. O caso deverá ir a julgamento na próxima semana no Senado, em Brasília. As pizzas já foram devidamente encomendadas.

De qualquer forma, representantes da Pacific Records adiantaram que a gravação será remasterizada e lançada num single ainda este ano. O website da empresa congestionou e acabou saindo do ar devido aos milhões de pedidos em pré-venda.

Procurados pelo redator do Whiplash, familiares de "Public Domain" não foram encontrados. Entretanto, ontem à noite a polícia precisou se chamada para conter fãs ensandecidos do Led Zeppelin que apedrejaram o prédio da redação aos gritos de “Viva o Led Zeppelin e morte às Baratas!”.

18/09/2012

19/09/2012

Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2


Copia Infiel – Ato 2 - Led Zeppelin - Moral e Ética – Parte 2
Luiz Carlos Barata Cichetto
Crédito da Imagem;  Wikimedia Commons
Led Zeppelin era uma banda de gigantes sim. E mesmo achando que Robert Plant com sua voz “falseteada” destoava do restante, ainda assim sempre a considerei como uma banda genial. Bonhan seguramente um dos maiores bateristas do mundo, possivelmente o maior deles; Jones um multinstrumentista de uma capacidade imensa, apesar dessa capacidade ter sido posteriormente contestada por seu ex-companheiro. E Page  um guitarrista que conseguia ser praticamente perfeito, beirando a genialidade. Led era quase perfeito em tudo, em criatividade, capacidade musical, coerência estética... E foi perfeito até mesmo no momento de acabar, fazendo-o no momento em lançaram um disco fraco, o mais fraco da carreira da banda e que dava a entender que estariam indo para o lado Pop da Força, e depois da  morte de um componente fundamental.  E essa coerência, esse respeito ao ícone, a imagem da banda e principalmente a seus seguidores foi que me fez manter o mais alto grau de respeito a eles. Enfim, Led Zeppelin foi um dos mais belos e diletos filhos que o Rock criara. 

Mas porque uma banda com tantos predicados, com tanto talento, com tanta coerência precisaria recorrer ao expediente de copiar musicas alheias? Porque uma banda formada por músicos de tanta capacidade em ter seu próprio ouro precisou recorrer ao ouro alheio? Esta foi a pergunta que me fiz nos últimos dez anos, quando comecei a ter informações sobre as musicas que eles teriam se apropriado. A resposta, talvez seja falha de caráter, talvez falta de capacidade (essa mesma que sempre julguei enorme), talvez um monte de outras coisas, mas o fato inegável é a semelhança entre as 20 e tantas musicas que indico neste texto. Todas elas compostas antes por outras pessoas e copiadas, em alguns casos integralmente. E antes dos meus detratores, já vou logo dizendo: Led Zeppelin é uma das maiores bandas do mundo? Sim, é sim! E não deixo de pensar assim. É! E poderia ser simplesmente a maior, a não ser pelos plágios. Aliás, muitas outras bandas e artistas poderiam ter sido os maiores e melhores se não fossem seus erros, o que não lhes retira o brilho, apenas os ofusca; que não lhes tira o lugar na história, mas simplesmente os coloca no lugar em que se encontram todos os seres humanos, nem acima nem abaixo. Os deuses só existem para quem neles se creem cegamente! 

Fechar os olhos a isso, com justificativas do tipo: "Ele é um gênio, ele pode!", "Ah, mas ele fez muitas coisas geniais", "É uma lenda, um mito, então tudo bem!" e coisas parecidas, justificando o injustificável, é muito mais que burrice, é irresponsabilidade. Serão estas mesmas pessoas que cobram um mundo melhor, que criticam a corrupção pelas redes sociais? Sim, porque justificar esses atos, de quem quer que seja, mesmo de "ídolos" é aceitar o "Rouba, mas faz", o "Estupra mas não mata!" e outras... Ou o querido e estimado leitor acha que seu ídolo do Rock está acima da moral e da ética? 

Cópias Infiéis – Parte 2

: -  Spirit
"Taurus" é uma musica instrumental, composta por Randy California, guitarrista, cantor e líder da banda americana "Spirit" lançada em seu disco de estréia auto-intitulado, em 1968. O disco foi gravado em Novembro de 1967. Em sua primeira turnê americana, em 1968/69 o Zeppelin abriu para o Spirit, deixando pouca dúvida de que o Led Zeppelin tinha ouvido a música antes de "compor "Stairway to Heaven”. No encarte da reedição do disco em 1996, California escreveu: "As pessoas sempre me perguntam por que "Stairway to Heaven" soa exatamente como 'Taurus', que foi lançada dois anos antes. (...). Eles abriram para nós em sua primeira turnê norte-americana."
* "Taurus" (Faixa 4 de "Spirit" - 1968)
> "Stairway To Heaven" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" (4) - 1971) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant".
Há também algumas referencias que citam “Yellow Rose” da banda The Blues Magoos como "base" da musica, mas embora existam algumas semelhanças, não a consideraria. Aliás, esta banda tem um histórico de Cópia Infiel: Eles plagiaram a versão de Ricky Nelson para "Summertime" e gravaram "(We Ain´t Got) Nothing Yet", posteriormente plagiada descaradamente por Ritchie Blackmore em "Black Night".

Comentário: Uma das músicas mais conhecidas, tocadas, regravadas da história do Rock é simplesmente um plágio dos mais descarados. Ai, meus sais!
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: - Jake Holmes
Jake Holmes (1939, San Francisco, Califórnia) é cantor e compositor e começou sua carreira musical na década de 1960. Atualmente mais conhecido como o autor original da música "Dazed and Confused", ele também compôs "jingles" publicitários, até para o recrutamento do Exército Americano "Be All That You Can Be" no final de 1970 e para a industria de bebidas.

A história do plágio de "Dazed and Confused" é um tanto conhecida e conta que Holmes abriu um show do Yardbirds (banda de Jimmy Page antes do Led Zeppelin) em 1967, mesmo ano em que foi registrada por seu autor. Pouco tempo depois o Yardbirds passou a tocar a música, hora com o titulo de “Dazed and Confused”, hora como “I'm Confused" com a letra ligeiramente modificada. Estranhamente apenas em 2010, 40 anos depois da musica ter sido "copiada", Holmes decidiu abrir um processo por plágio contra o Led Zeppelin, reinvidicando um total de quase um milhão de dólares. Claro que em entrevistas, Page, como sempre, tem negado sequer conhecer Holmes.  “Não sei nada sobre isso. Eu nunca havia escutado Jake Holmes, então eu não sei de nada. Geralmente, meus ‘riffs’ são bem originais”, disse o guitarrista. Mas, de acordo com Jim McCarthy, ex-baterista do Yardbirds, Page estava bastante interessado em fazer a gravação da canção com o antigo grupo: “Estávamos decididos a fazer uma versão. Trabalhamos juntos, com Jimmy Page contribuindo com seus riffs de guitarra no meio dela.”, afirmou McCarthy. Entretanto, segundo o jornal "The Guardian", Jake Holmes tem poucas chances de ganhar o caso, pois, segundo as leis britânicas, um músico só pode reivindicar direitos em um período de 3 anos depois de gravada a canção. Holmes declarou: "Aquele foi o momento mais infame de toda a minha vida, quando a canção caiu nas graças de Jimmy Page”.
* "Dazed And Confused" (Do Disco "The Above Ground Sound" -1967)
> "Dazed And Confused" (Faixa 4/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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: - Tiny Bradshaw 
"Train Kept A Rollin'" é considerada a primeira música que o Led Zeppelin tocou, em 1968. A musica não faz parte da discografia oficial da banda, mas aparece em uma série de "bootlegs" de gravações de shows. Em alguns deles, a referência de autoria é da dupla "Page/Plant"). Muitas outras bandas, como Aerosmith, Jeff Beck e Metallica gravaram, mas sempre atribuindo o autor como Bradshaw, que originalmente a gravou em 1951 com a sua “Bradshaw's Big Band”. Mas a história desse plágio remonta a época do Yardbirds. Em 1965 na primeira gravação da musica de Bradshaw, o autor foi creditado corretamente, mas no ano seguinte, quando o cineasta Michelangelo Antonioni chamou o grupo para gravar uma cena no filme "Blow-Up", para evitar os direitos autorais, o vocalista da banda Keith Relf teve a idéia de mudar parte da letra e o nome da música para "Stroll On", nome que aparece também em alguns "piratas" do Led.
* "Train Kept A Rollin'" - (Faixa 6 de "Bradshaw's Big Band" - 1951)
"Train Kept A Rollin'" -  (Faixas diversas em discografia paralela) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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: - Domínio Público
Muitas das musicas “compostas” por Jimmy Page são de fato de domínio público. Canções criadas ao longo dos tempos por autores anônimos e passadas de boca em boca pelos tempos afora. Algumas já tinha sido apropriadas por outros antes dele, outras foram ”tomadas”  de seus “donos”, sem a menor cerimônia.

* "In My Time Of Dying"
Também conhecida como "Jesus Gonna Make Up My Dying Bed", música de domínio público que tem a primeira referencia de gravação por Blind Willie Johnson (1927). Muitos outros artistas gravaram a musica: Charlie Patton (1929), Josh White (1933), Bob Dylan (1962), John Sebastian (1971), John Fahey (1971).  
* "In My Time Of Dying (Jesus Gonna Make Up My Dying Bed" - Blind Willie Johnson (1927)
> "In My Time Of Dying" - (Faixa 3/Lado 1 de "Physical Graffiti" - 1975) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page, Plant, Jones, Bonham)".
Comentário Geral Para o Tópico "Domínio Público": É o fim da picada. O suprassumo da falta de caráter.
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* "Babe, I'm Gonna Leave You"
É uma música de domínio público que Anne Bredon "adaptou" em 1951 e Joan Baez gravou em 1962 em seu disco "Live In Concert".
* "Babe, I'm Gonna Leave You - ("Joan Baez In Concert" - 1962)
> "Babe I'm Gonna Leave You" -  (Faixa 2/Lado A de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Anne Bredon, Page, Robert Plant".
Comentário: Alguém pega uma música de domínio público e se coloca como autor, depois outro alguém apanha a mesma música, grava exatamente igual e acrescenta seu nome como co-autor. Que nome daremos a isso? 
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* "White Summer" (Original: "She Moved Through The Fair")
Canção tradicional irlandesa, sendo que a primeira gravação é de Davey Graham, de 1962. Grahan é foi um dos grandes guitarristas ingleses admitidos como grande influência de Page.
* "She Moved Through the Fair" (Davey Graham, de 1962)
> "White Summer"  - As primeiras gravações do Led Zeppelin constam no "bootleg" "White Summer ~ Live 1969", posteriormente foi incluída numa reedição em CD de "Coda", em 1993, num "medley" com "Black Mountain Side", outra canção de domínio público. - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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"Black Mountain Side" 
Canção tradicional, de domínio público. O “riff” principal é igual ao da música "Blackwater Side" de Annie Briggs, que muitos referenciam como sendo a mesma Anne Bredon, "autora" de "Babe I'm Gonna Leave You". Gravada anteriormente por Bert Jansch.
* "Blackwater Side" - (Faixa 7 Do Disco "Jack Orion" de Bert Jansch - 1966)
> "Black Mountain Side" - (Faixa 2/Lado B de "Led Zeppelin" - 1969) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page".
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 "Gallows Pole" (Original: "Gallis Pole")
É a canção folclórica "The Maid Freed from the Gallows" que teve a  primeira gravação em disco feita por Leadbelly, um dos maiores artistas de Blues americano de todos os tempo, sem 1939 como "Gallis Pole" . Page diz que sua versão foi baseada no cover feito por Fred Gerlach.
* "Gallis Pole" (Compacto 1939)
> "Gallows Pole" (Faixa 1/Lado B de "Led Zeppelin III" - 1970) - Autoria Expressa em Disco do Led Zeppelin: "Page,Plant"
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"How Many More Times"
James Patrick Page, nosso querido e amado Jimmy é realmente um sujeito genial... Genialmente esperto! E nessa ele realmente se superou: pegou partes de quatro musicas diferentes: "How Many More Years" (Howlin' Wolf), "The Hunter" (Albert King), "Beck's Bolero" (Jeff Beck) e finalmente, o nome inteiro e a base de uma musica gravada por Gary Farr & The T-Bones, gravada em 1964. Esta musica também seria também parcialmente surrupiada por Raul Seixas em “Loteria da Babilônia”
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Outras Coisas:
Alguns sites citam ainda outras musicas como sendo "plágios". Embora existam semelhanças entre as musicas citadas, particularmente não enquadraria como "Cópia Infiel", pois credito a influencia pura ou "mera coincidência" em alguns casos e fatores irrelevantes, como apenas arranjo vocal. Mas já que estamos no barco...
- "Thank You" - > "Dear Mr. Fantasy" - Traffic.
- "Black Dog" - > "Oh Well" - Fleetwood Mac.
- "Communication Breakdown" > "Nervous Breakdown" - Eddie Cochran.
- "Tangerine" - "Knowing That I'm Losing You" - The Yardbirds (Nesse caso não tem nada a ver, pois Page era integrante do Yardbirds e ao que se sabe compôs mesmo a musica, apenas trocou o nome quando gravou com o Led.)
- "We're Gonna Groove" - Ben E. King e James Bethea (Também não tem sentido atribuírem a plágio, pois a autoria (em "Coda" está creditada aos autores.)
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Notas Finais: 

Existem muitas matérias a respeito dos plágios do Led Zeppelin, particularmente por seu guitarrista e "compositor" mor. Mesmo no Whiplash. Mas a maioria não cita dados e comete algumas falhas, ao atribuir como autor o cantor, mesmo nos casos de domínio público. Decidi por uma pesquisa mais abrangente e que demonstrasse claramente as "semelhanças". Foram semanas de pesquisa, escrita e edição. Mas o que mais me chama a atenção é que na maior parte dessas listas, o autor acaba escorregando na reverência à banda e "perdoando". Afirmações do tipo "Led fez isso, mas isso não ofusca seu brilho." "Led pode, é intocável!", acaba por me remeter a mesma coisa que escrevi em um artigo anterior sobre o mesmo assunto. E poderíamos então admitir: O Led "rouba mas faz!" É isso?

E pensem, acima de tudo, que o fanatismo, na maioria das vezes destrói não apenas o homem, mas sua obra e por fim o próprio mito. O fanatismo devora a tudo em sua frente, até chegar a seu próprio objeto.

9/9/2012
E não percam: Cópia Infiel – Ato 3 - Ritchie Blackmore & Deep Purple