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10/10/2018

A Fábrica de Moedores de Carnes Com Logotipo da Estrela Vermelha

A Fábrica de Moedores de Carnes Com Logotipo da Estrela Vermelha
Barata Cichetto

Há quem diga que as "esquerdas" em nada contribuem com a indústria, mas é preciso ser justo e dar-lhes crédito, não por uma invenção no conceito exato da palavra, mas no aperfeiçoamento de um artefato: o Moedor de Carne.

Particularmente no Brasil, mas de resto no mundo inteiro, desde os anos 1950, mas mais utilizado a partir de meados dos 80, o Moedor de Carne, produzido por uma empresa extremamente lucrativa, cujo logotipo comercial é uma estrela, tem se tornado item obrigatório na entrada de empresas jornalísticas, e especialmente nas portarias de escolas, particularmente nas faculdades, na área de humanas.

Como qualquer empresa que precisa expandir seu mercado, a fabricante dos moedores de carne as colocam gratuitamente nesses lugares, sabendo que no final das contas lucrará, senão com a venda da máquina, com o produto dela. Aliás, é esse lucro pelo qual a empresa realmente se interessa.

O funcionamento, entretanto, é um tanto diferente: o moedor de carne da empresa da estrela vermelha não aceita qualquer carne, apenas cérebro virgem, que depois de moído é entregue à sede da empresa,  que por sua vez, em função de contratos milionários com empresas do exterior, transforma cérebro virgem moído na mais pura e tenra mortadela.

Esse produto, que por suas características populares, é distribuído gratuitamente a outros portadores de cérebros virgens, que após a ingestão passam a ter alucinações e, logo depois procuram por algum lugar onde haja um desses moedores, que estão atualmente distribuídos em todas as praças e ruas do país, e entregam seus cérebros para serem moídos alegremente.

Há duas versões desses moedores de cérebro virgem: elétrica, movido pela geradores instalados disfarçadamente em favelas, e outra manual, movida por um exército de jornalistas, professores e até pequenos empresários, que nisso veem oportunidade de alavancar seus negócios.

Tempos atrás, algumas pessoas tentaram destruir a fábrica da empresa que tem como logotipo comercial a estrela vermelha, prendendo um dos gerentes. Acontece que a distribuição gratuita dos moedores em pontos estratégicos, como gabinetes de alto escalão, salas de juristas e de tribunais, era tão estrategicamente calculada, sendo que foi negociada e então trocada a prisão desse gerente pela libertação do grande SEO da empresa. 

Além do mais, contando com seus dois principais exércitos, o dos que doaram alegremente seus cérebros para serem moídos, e o dos que se alimentam da mortadela deles produzidos, e com as máquinas trabalhando a todo vapor por obra dos manipuladores da manivela, auxiliados pelo departamento de marketing, muito eficaz, da empresa, a fábrica de moedores de carne, que pelas leis deveria ter tido sua falência decretada, continuou a produzir mais e mais.

Entretanto, há noticias de pessoas que tentam, até com risco de morte, parar essa indústria e devolver os cérebros à seus legítimos donos. E esses são chamados de fascistas.

Outras ainda tentam mostrar que ter o cérebro moído não é bom, que cérebros frescos e funcionando dentro da cabeça é o correto. E esses são também chamados de fascistas.

E de armas em punho, foices, martelos e facas, os exércitos caminham pelas ruas, feito zumbis do apocalipse, pedindo liberdade ao gerente da fábrica, e acreditando que, assim, estarão falando em nome da liberdade e da igualdade.

Realmente, numa industria de cérebros moídos tudo se parece igual, mas mesmo ali ainda existem diferenças, pois quem aperta o botão da máquina, quem gira a manivela, nunca será igual. Afinal, todas as mortadelas são iguais, mas algumas são mais iguais que as outras.

09/10/2018

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06/10/2018

O Socialismo de Resultados do Senhor Zuckerberg

O Socialismo de Resultados do Senhor Zuckerberg
Barata Cichetto


Endereço da imagem: https://thenewmodernman.files.wordpress.com/2016/05/zuckerface-book.jpg



O que é obsceno, senhor Zuckerberg? O que é ofensivo?  O que o seu software, ou seja lá o que for que o senhor utilize para censurar uma coisa e deixar outra, foi programado para decidir? Quem decide o que é ofensivo, senhor Zuckerberg? Seus robôs criados em universidades por professores falsos socialistas como o senhor? Claro que não é o senhor, um moleque mimado que construiu fortuna passando por cima de todas as regras morais, sociais, e se aproveitando muitas vezes do trabalho alheio. Claro que não, o senhor não cria as regras, apenas se aproveita, e muito bem, delas. As regras desse gramscismo nojento a abjeto que mina como cupim no tronco de uma árvore, o sistema político e social mundial, a começar pela democracia, que juram tanto defender, mas apenas como discurso, já que a prática é sempre outra.

O que é ofensivo, senhor Zuckerberg? O que eu considero ofensivo é a sua cara de pau, de se fingir de bom moço, doando a maior parte de sua herança, se fazendo passar por humanista socialista. Socialista, senhor Zucker? Boa piada, que só acha engraçado quem o senhor faz acreditar que está fazendo uma revolução, nivelando ao mais rasteiro o pensamento humano, e sua decorrente capacidade de pensar e reagir, desacreditando aqueles que têm o que realmente contribuir, com a desculpa de que todos tem algo a falar, e deve ser ouvido. Não, senhor Mark, nem todos, e a maioria não tem o que falar, não tem informação nem cultura, não tem base para discutir senão a cor do burro quando foge, mas a sua forma de ganhar ficar milionário usando ideias socialistas, fazendo com que idiotas acreditem que podem ser ouvidos deu muito certo. Seus robôs e zumbis fazem o serviço sujo, essa é sua "Regra da Comunidade".

O controle de mídia é um dos objetivos da esquerda torpe, cujo braço adornado que o senhor representa, o politicamente correto, age de forma a transformar em ofensa e crime tudo aquilo que não lhes interessa. Nada dos brutamontes em porões esfumaçados, nada de ferros em brasa, suas armas são seus zumbis, são suas "Regras da Comunidade". Para pessoas como o senhor não existe democracia, não existe liberdade e não existe pensamento livre, já que as únicas formas de pensamento e ação que lhes interessa e é autorizada, é pensar de acordo com o que os senhores e seus zumbis vermelhos pensam. A minha imagem e meu poema eróticos de fato não correspondem às suas "Regras de Comunidade", afinal. Pensamento livre não combina com cartilhas falso-socialistas.

Sabe o que é ofensivo para mim, Senhor Zuckerberg? Pessoas cagando e mijando nas ruas com a desculpa de protesto político, coisa que seus robôs e zumbis deixam passar, não uma imagem de "A Origem do Mundo". Sabe o que é ofensivo para mim, senhor Zucker?  Genocidas como Stalin, Pol Pot, Che Guevara e Fidel Castro sendo tratados com reverência, enquanto uma capa de um disco de Rock de 40 anos atrás é censurada e seu postador bloqueado. Sabe o que é ofensivo para mim, Senhor Zuck? Perceber o ódio que sua rede proporcionou e dela se alimenta, não a foto de uma bunda ou de um par de peitos. Sabe o que é ofensivo, senhor? É o senhor criar a ilusão de igualdade e liberdade de expressão, mas apenas às que servem a seus propósitos. Tal e qual, sem um milímetro de diferença, dos pastores cristãos e dos ditadores de esquerda, que fazem dela o motor para suas conquistas. Isso é ofensivo. E garanto que não apenas a mim.

Tenho 60 e uso Internet há mais de 20. Não nasci nem fui criado dentro dela. Ademais vi surgirem intocáveis monstros como Napster, aliás, seu ex-sócio, MSN, ICQ e Orkut. Todos se julgavam eternos e seus donos deuses do mundo. Mas todos eles tiveram fim, depois de enganar, como o senhor engana, bilhões de pessoas mundo afora, com propostas socialistas falsas. E espero sinceramente, e pelo bem da saúde mental da sociedade mundial, e da sobrevivência da espécie humana, que o senhor e esse seu produto, ao qual me sinto quase que obrigado a participar, afundem rapidamente. O senhor, senhor Zuckerberg, criou uma droga, da qual todos necessitam, e a ideia de que é a única coisa no mundo a salvá-lo. E quando a droga começa a não mais fazer efeito, aumenta-se o potencial. Seu produto acabou com a independência de outros veículos, destruiu jornais e blogs, e até mesmo outras formas de comunicação. E se quisermos nos comunicar nesse mundo, temos que ser cordeiros em suas mãos, vivendo de acordo com suas regras. Esse é o seu socialismo, senhor Zuckerberg?

Todo o conceito que existia com a criação da Internet foi jogado por terra, tudo pelo qual se trabalhou durante anos, e tudo que foi criado por mentes individuais para resultados coletivos, o senhor e seus asseclas jogaram no lixo, implantando uma ideia mentirosa sobre igualdade, coletivismo e outras pragas. Uma mentira, uma hipocrisia, alimentada por ideias socialistas, mas obtendo um resultado capitalista. Bem a cara desse comunismo podre, que só engana a zumbis que programam seus robôs totalitários.

Fui bloqueado em sua rede por publicar uma imagem que, sim, tem caráter erótico, e a desculpa é que são as "Regras da Comunidade". E muitos dirão que há regras a serem seguidas, regras que são feitas pelo dono do espaço, no caso o senhor. Mas também sei, que somos nós, bilhões de usuários que realmente somos os responsáveis por sua fortuna, alimentando gratuitamente com conteúdo o seu site e até em alguns casos, pagando para isso. Somos nós, que ao fornecermos dados que são usados, comercializados pelo senhor, aumentamos ainda mais sua fortuna. Onde está seu socialismo, senhor Berg? Onde está seu humanitarismo? Onde está? Não seja obsceno, Mark. Não seja ofensivo, Zucker querido!

Nota: não sou ingênuo para pensar que meu querido Mark lerá isso. Talvez alguns de seus robôs zumbis vermelhos leiam, e daí me denunciem por algum motivo, me bloqueiem e me excluam dessa rede. Talvez nada disso aconteça, e apenas cerca de quatro ou cinco pessoas no máximo leiam, comentem, e tudo continua como está. Minha intenção, já que este texto está sendo publicado em outros locais na Internet, é apenas deixar clara a verdadeira cara desse livro, que tem capa, mas não tem conteúdo, e custa muito mais caro que a maioria das pessoas pensa.

Luiz Carlos Giraçol Cichetto, Aka Barata, 06/10/2018

O conteúdo que foi postado na minha fanpage "Barata Cichetto Escritor", razão do bloqueio no Facebook:


24/09/2018

Por Que Sou Um Anarco-Monaquista

Por Que Sou Um Anarco-Monaquista
Barata Cichetto


Diante do processo eleitoral em que vivemos, ponho-me a pensar, não sobre candidatos e partidos, mas sim sobre a democracia em si. Seria mesmo a democracia o anjo alado do bem, contra o demônio cornado? Seria ela o contraponto, o antônimo à ditadura? Existe um terceiro pensamento?
Penso que a democracia comete seu primeiro erro já na sua definição: "governo em que o povo exerce a soberania.", o que já me soa como algo falacioso, já que precisaríamos antes definir concretamente termos como "povo" e "soberania". A meu ver, é uma definição vaga e hipócrita. E todos sabemos que definições vagas dão margem a interpretações distorcidas, de acordo com interesses próprios, seja de grupos, seja de pessoas. 
Já a segunda definição, "sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas", piora ainda mais as coisas, pois além de arvorar a determinadas pessoas o direito de falar e agir em seu nome acaba até por se contrapor à primeira premissa. O fato de um determinado político ser eleito, por ter um numero maior de votos que o outro, significa apenas que ele, na melhor das hipóteses, representa apenas o grupo de pessoas que o elegeu. Não o restante, que é obrigado a se submeter à vontade do outro grupo. 
Além disso, o próprio processo eleitoral é questionável, já que pelos custos financeiros, há de se concluir que esse eleito precisou de muito dinheiro e troca de favores, o que resulta no fato de que, portanto, ele não é representante sequer do grupo que o elegeu, mas sim do grupo que pagou os custos de sua eleição.
Agora, quando analisamos a terceira definição de democracia a coisa fica mesmo feia: "regime em que há liberdade de associação e de expressão e no qual não existem distinções ou privilégios de classe hereditários ou arbitrários.", já que sabemos que na prática coisa não funciona dessa forma, já que a existência da democracia é baseada justamente nos privilégios para que se exerça as tais liberdades. Aliás, "liberdade" é uma palavra tão vaga e poética, que dá margem também a interpretações múltiplas e pessoais, de acordo também com interesses de cada pessoa ou grupo.
Em resumo, todos os conceitos por trás de "democracia", a começa pela própria etimologia (dēmokratía, de dêmos 'povo' + * kratía 'força, poder') é falaciosa e hipócrita, pela excessiva existência de palavras não exatas, metafóricas, e seria o mesmo que se dizer que "democracia é amor".
Alia-se a essa análise, que o uso dos termos "democrático" e "popular" é abusivo e prontamente mentiroso. Todas as maiores e mais sangrentas ditaduras comunistas do mundo adotam como nome oficial "República Democrática" ou "República Popular", querendo reforçar o próprio conceito de uma representatividade que, nem de longe ocorre.
E então continuo mais além, e a discutir a própria validade da República, que em principio não é prerrogativa da Democracia, mas que no mundo moderno, é vendido como par casado. Então recorramos novamente ao dicionário: "forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos." Família, não? E essa: "forma de governo na qual o povo é soberano, governando o Estado por meio de representantes investidos nas suas funções em poderes distintos." Impressionantemente idênticos, essas definições são formas de se fazer acreditar que uma coisa depende da outra, o que absolutamente não é verdade.
Basta que pensemos sobre as formas como as repúblicas foram instauradas no mundo, sempre de forma truculenta, e muitas vezes contra a vontade da maioria da população, à parte o que contam professores contaminados e vendedores de ideologias. A própria república brasileira nasceu de um golpe militar, e contra os desejos da população que em peso apoiava o então império de Dom Pedro II.
E quanto ao significado de império:"Estado que é comandado por um imperador." Pura e simplesmente, embora em alguns dicionários, desonestos intelectualmente, as definições venham carregadas de adjetivos, como nesta: "O significado mais estreito da palavra império concentraria -se na ideia imposição como forma de expansão.", como se todo sistema imperial fosse uma ditadura sanguinária, exercida por um sujeito gordo comendo uvas e fodendo com todas as mulheres do reino, o que é algo tão falacioso quando as próprias definições de "democracia", "povo", "liberdade".
No Império pode ser democrático? Se perguntar àquele seu professor de história, - aquele, sabe? - Ele dirá que não, pois segundo os conceitos ideológicos dele, o poder não pode estar concentrado nas mãos de indivíduos... Sei, mas e qual é a diferença entre um político eleito por interesses escusos, com um mandato de quatro, seis, oito anos, e de imperador? A diferença é que na "democracia", o poder é dividido entre determinados grupos que dividem entre si os feudos, numa cascata que propicia a corrupção social e moral. Já no Império, esse poder é concentrado em apenas uma pessoa, o que no final das contas é bem mais fácil de ser controlado. E combatido. Na "democracia", trocentos mil políticos criam leis de acordo com os interesses próprios, do grupo pequeno que representam, que muitas vezes divergem entre si, enquanto no império todas as decisões são unilaterais a partir do governante. Na "democracia", no final das contas, ninguém quem fez o que, o que dá margem a "esquecimentos", enquanto no Império, qualquer pessoa sabe quem tomou determinada ação.
Ah, mas dirão aqueles que se opõem a ideia, na "democracia" podemos trocar periodicamente um governante eleito... Sim, pode, é claro, mas não vejo isso da mesma forma que eles, afinal qual é mesmo a vantagem de se trocar a cada quatro, cinco anos um presidente, um prefeito, um senador, em detrimento de se manter no poder alguém que se sabe ficará a vida inteira ali? Não, seu professor de história não sabe, mas eu lhe digo: nenhuma! Ou melhor, existe, sim, uma vantagem, e ela é totalmente a favor da monarquia, e é simples: é bem mais fácil fiscalizar apenas um, ou um grupo bem pequeno e homogênio, do que um grupo bem maior. Seria bem fácil saber o que um Rei pensa, do que quatrocentos políticos.
Enfim, ao contrário da crença popular: sim, a democracia não é perfeita; e não, não é a melhor opção que temos.
E a minha definição política é clara, a despeito da risadinha ignorante de escárnio o seu professor de história comunista: sou um anarco monarquista, por ser bem mais fácil chutar o rabo de um rei e mandar ele reinar na puta que o pariu, do que ficar esperando a próxima, depois a próxima e a outra eleição, e, como disse mestre Saramago: "tirar um governo de quem não se gosta e colocar outro que talvez venha a se gostar." Talvez.

24/09/2018

20/08/2018

Poeta Maldito é Aquele Que Renega Sua Poesia. O Resto é Verbete da Wikipedia

Poeta Maldito é Aquele Que Renega Sua Poesia. O Resto é Verbete da Wikipedia.
Barata Cichetto

Um dia quis escrever um romance. Não terminei. Tentei outra vez. Não acabei. Tentei outra. E mais outra. Nenhuma cheguei ao fim. Nenhum orgasmo literário. Nada daquele prazer de dar o último enter no teclado depois da ultima palavra, do ultimo ponto final, do ultimo capítulo. Foram cinco as tentativas. E nenhum gozo. Só ejaculações precoces. Cheguei ao sexto. Terminei. Teve até revisão de um amigo escritor bem conhecido, sujeito que anda pela Europa e tudo mais. Um bom amigo, um grande escritor. Ele leu, releu, fez anotações. Imprimiu tudo e escreveu com caneta vermelha nos versos nas páginas as suas observações, além de anotar os erros de grafia e gramática. Mandei para uma editora. O editor queria dinheiro. Primeiro elogiou, teceu comentários ótimos e no final do email a facada. Mandei-o se foder. Desisti dos romances. Por alguns anos. Ano passado a sétima. A derradeira tentativa. Quase trezentas paginas digitadas em espaçamento simples, fonte doze. Isso daria um livrão, de mais de quinhentas páginas. Escrevi em vinte dias. Revisei em mais vinte. Em fevereiro, logo depois do Carnaval mandei para uma editora fodona. Dessas que tem serviço de imprensa organizado, que me manda email sobre os lançamentos deles todos os dias. E eu, belo idiota, às vezes até acredito que um dia receberei deles um email falando do lançamento do meu livro. Esperei. E a cada vez que toca o telefone penso que possa ser da editora com nome de emissora de televisão. Uma editora tão grande, que até comprou outras para ficar maior ainda. Quer ser única. Deve ser isso que querem. Alguém sempre quer alguma coisa. E as empresas são alguém. E querem ser mais alguém ainda. Será que eles não percebem que esse meu romance vai revolucionar as estruturas editorais? Claro que estou sendo irônico. Claro que não acredito que iria revolucionar porra nenhuma. Nem quero. O que queria mesmo era ter o prazer de ter o livro à venda numa dessas livrarias fodonas da Paulista, daquelas que tem sigla em lugar de nome, da outra que parece com raiva, coisa assim. Tem tenta livraria bacana em shopping e eu fico sonhando com aquelas meninas gostosinhas de bermudinha enfiada no rabo comprando meu livro. Ou aquele sujeito de terno e gravata comprando logo dois. Quem sabe uma dessas madames esticadas, com buceta cheirando lavanda e cheia da grana compra o livro e resolve que quer ter um amante escritor. Mudei para a terra do Ignácio. E fiquei pensando que eu poderia encontrá-lo comendo coxinha e dar a ele uma copia do meu original. E ai ele podia ser meu padrinho e ai o meu livro seria lançado na bienal. A bienal acabou. Só daqui a dois anos, claro. Se é bienal é a cada dois anos. Fiquei sabendo de Macunaíma. Macunaíma é a obra mais superestimada da língua portuguesa. Não acho que aquilo valha tanta coisa. Tanto estudo, tanta conversa. E acontece que eu queria escrever outro romance. Aliás, tinha a ideia para mais dois. Ou três. Mas acha que vou perder meu tempo escrevendo outro romance? Nem fodendo. Aliás, fodendo é que não vou mesmo. Fico pensando aqui com a fumaça do cigarro mais barato, que depois que eu morrer esses romances vão ser publicados e valerão dinheiro bom. Meus filhos podem ficar ricos. Mas eles são comunistas e não gostam de dinheiro. Eu gosto de dinheiro. Mas vou morrer também. Todos vão morrer: os que gostam e os que não gostam de dinheiro. Os comunistas e os monarquistas. Até os artistas vão morrer. E muitos não terão dinheiro nem para o enterro. E essa conversa já foi tão longe que eu não sei voltar ao começo. Escrevi tanta coisa, fiz tanta arte que deveria estar num hospício, num cemitério. Ou numa mansão. Por que não?
20/08/2018

Prefácio ao Livro "Manifesto Sem Eira Nem Beira", de Barata Cichetto, por Cassionei Petry

Uma Barata Chamada Cichetto
Cassionei Niches Petry
Crítico Literário e Escritor (RS)
Prefácio ao Livro "Manifesto Sem Eira Nem Beira", de Barata Cichetto



Conheci o Barata Cichetto há pouco mais de cinco anos através de um de seus programas de web rádio. Depois de muita paulada sonora, rock de primeira, entrava uma voz cavernosa, com efeito de eco e ar messiânico lendo poesia! Estava diante de algo diferente, não me lembrava de ter ouvido algo parecido em um programa de rádio, mesmo na internet. Entrei em contato com ele, visitei seus blogues, e conheci o Barata cronista, além do poeta, contista, editor e mais das “trocentas” atividades que o cara faz há décadas. E, bem, ele tem como uma das referências o Franz Kafka. A confraria dos kafkianos é seleta.
Reunir suas crônicas em um volume que “para de pé” é necessário (e mais um desafio de uma cara que sempre arrisca) para registrar suas opiniões contundentes, sua pena sarcástica, seu lado “lítero-rock-cronicamente-incorreto”. Ter a honra de ser escolhido para ler e reler os fragmentos do pensamento dessa mente inquieta (mais de quatrocentas páginas que não dão conta do que ele tem para dizer!) e escrever sobre isso me pôs numa responsabilidade tremenda. Um pedido do poeta, porém, é uma ordem, apesar dessa palavra, “ordem”, não ser da predileção deste artista caótico.
 A crônica é um gênero que aceita uma porção de formas para sua composição. Barata sabe utilizar essa infinidade de recursos. Alguns, por exemplo, são poemas em prosa (como “O Escafandro e o Leão”), contos (“A História do Incrível Tom Vermelho e seu Incrível Gato Matapun”), manifestos (como o que dá título ao livro), depoimentos pessoais e memórias, resenhas (de livros, filmes ou discos), textos”desabafos do facebook”, prefácios, ensaios, artigos. 
Já na “Introdução nada elegante” ele mostra a que veio, usando da escatologia para mostrar que sua escrita é uma necessidade fisiológica. Quem conhece seus poemas não se surpreenderá com a crônica-introdução. Quem não o conhece terá o prazer ou desprazer de ser apresentado de forma nada lisonjeira ao Barata Cichetto.  
Os temas são diversos. Fala sobre o Barata adolescente em “O Sofá-Cama Vermelho (Ou As Mulheres Preferem os Espertos)”, mais precisamente sobre o que é ser esperto nessa idade, se é ser o valentão, o pegador ou leitor. Sabiamente, e para nossa sorte, ele escolheu por esse último “tipo de esperteza”. Em “O Que Eu Poderia Ter Sido, o Que Fui... E o Que Sou”, lembra, entre outros momentos de sua vida, quando deixou os estudos regulares do colégio, procurando somente as putas da Boca do Lixo. Seguiu na época, sem saber, um dos conselhos do escritor chileno Roberto Bolaño, cuja obra ele veio a conhecer anos depois: “A un aspirante a escritor le daría el consejo que nos dábamos los jóvenes infrarrealistas en México. Cuando teníamos 20, 21 años, teníamos un grupo poético, y éramos jóvenes, maleducados y valientes. Nos decíamos: vivir mucho, leer mucho y follar mucho.” 
Escreve sobre a paixão pelos livros, em “O Amante Perfeito” e pela poesia em vários textos. Imagina o ano de 2058, quando teria 100 anos. Diz: “Sou racista: não suporto a raça humana!” na sucessão de frases de “Tarde Demais!”. Escreve sobre os palavrões, cria um prefácio para um romance que nunca escreveu (mas que ainda dá tempo!), analisa a web rádio, tece uma ode ao cigarro (e lembro quando recebo seus livros com o forte odor dos cilindros brancos), fala sobre a morte, a dos outros e a dele.
Barata escreveu muitas notas de rodapé para citar as referências que vão aparecendo ao longo dos textos, mas às vezes escamoteia essas explicações para deixar para os bons entenderes essas relações. Tem ciência de que a obra literária não pode ser didática, por isso não abusa das notas. Quer dizer, às vezes abusa sim, mas esse é o Barata que usa e abusa das palavras, do leitor, da literatura.
Escreve em uma das crônicas: “...eu contemplo as ondas, pois são elas que formam o oceano”. Mais do que contemplar, antes ele dá o sopro forte (soprando a fumaça do cigarro) que movimenta as ondas, provoca ressacas e nos puxa para a amplidão do mar. Aí sim contempla o efeito das suas palavras, sempre contundentes, sempre ferindo. 
O Luiz Carlos é a barata raul-seixeana na tua sopa (mosca é para os fracos!), a barata clariceana que te espreita num quarto abandonado e que tu desejas engolir, é a barata kafkiana que prende teu corpo em uma cama. É a barata que não é pisada, mas sim aquela que pisa e esmaga o nojento ser humano.
Cassionei Niches Petry é leitor, escritor, professor e mestre em Letras (necessariamente nesta ordem), ainda que muitos pensem o contrário. Cometeu o crime de publicar, em edições precárias que quase ninguém leu, o livro de contos Arranhões e outras feridas e o romance Os óculos de Paula. Tem pelo menos três livros prontos para também não serem lidos. Suas palavras ao vento podem ser recuperadas no blog “Cassionei lê e escreve” (www.cassionei.blogspot.com). 



Sarabanda

Sarabanda
Barata Cichetto

E eu, que nunca fui o líder de alguma banda
E nunca fodi travesti com nome de Amanda
Conheço certas fadas que fodem por gosto
Sem que se saiba o que lhes causa desgosto.

E eu, que nunca escrevi hino de umbanda
E nem nunca andei com nenhuma Luanda
Sei de certas santas que trepam por receio
E nenhuma como aquela santa do recreio.

E eu, que nunca fiz minha cama na varanda
E nem nunca trepei com nenhuma Iolanda
Ouvi falar de putas que fodem sem gostar
E de outras que gostam sem nisso apostar.

E eu, que nunca tratei alguma de veneranda
E jamais comi nenhuma chamada por Vanda
Soube de uma virgem que chupava pau duro
E de uma puta que nunca beijava no escuro.

E eu, que nunca roubei frutas de uma quitanda
E que não meti meu pau em alguma Fernanda
Li a história de uma lésbica que ama homem
E de machos que nunca sabem onde dormem.

E eu, que nunca escrevi um poema sob demanda
E nunca gozei em nenhuma chamada Normanda
Fiquei sabendo de deusas que gozam com a mão
E de demônios que preferem o pau de um anão.

17/08/2018

18/08/2018

O Gato Branco

O Gato Branco
Barata Cichetto
(Escrito para a coletânea da Editora Multifoco "O Mistério das Sombras")
“Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano – uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem.” Edgar Allan Poe
Imagem de DepositPhotos

Finalmente, trinta anos após matar minha esposa a golpes de machado, sai pela porta principal do complexo prisional. Mais de dez mil dias, em que cada um deles representou uma eternidade de  sofrimento. E muito mais perversa do que o tormento da lembrança do assassínio, era a maldição de ter que diuturnamente conviver com meu algoz, que por sua presença me fizera cometer um crime.

Acredito que conheçam minha história e os horrores que me acometeram após enforcar um maldito gato preto. Na mesma noite tive minha casa completamente destruída por um incêndio, o que obrigou a mim e minha esposa a mudarmo-nos para um porão imundo, onde outro perverso felino com uma maldita marca de enforcamento estampada na pelagem me atormentaria até quase a loucura. Por conta desse tormento, não me restou outra coisa a não ser o de exterminar o desgraçado. Mas, tomada por algum sentimento que desconheço, minha esposa se interpôs entre meu machado e a cabeça do infeliz, o que provocou sua morte instantânea. E, naquele momento, a única coisa que poderia fazer era apagar os rastros do meu ato, emparedando-a na adega. E não fosse o maldito gato, até hoje seus ossos estariam ali, atrás daquela parede. E eu não estaria também com meus ossos emparedados atrás dessas grades. Maldito gato!

Longos dez mil dias e noites em que nem por um minuto deixei de ser atormentado pela perversidade daquele episódio. Não que a culpa sobre o assassínio pesasse em minha consciência, pois que não fazia a mim mesmo nenhum julgamento. E não era também a saudade de minha esposa a atormentar-me, mas a presença constante daquele ser hediondo que, junto à grade de minha cela, me fitava com seus olhos demoníacos.

Não pensem que enlouqueci após tantos anos de prisão, não sonhei tão pouco, mas desde que fui apanhado pela policia e encarcerado, passei a receber a visita diária daquele infeliz bichano. Todos os dias ele ficava ali, na pingadeira da janela fechada por grades, com sua cabeça voltada para dentro de minha cela, imóvel, com seus olhos satânicos a me fitar desafiadoramente. Nem um som proferia, nenhum movimento fazia. Apenas ficava ali sentado, me olhando, rachando ao meio meu crânio de uma forma mais dolorosa do que eu fizera com o de minha mulher.

Em todas as horas do dia ele ficava ali, mas quando a noite chegava sua presença mais me apavorava, pois ao receber a luz da Lua, sua imagem era refletida, enorme, na parede sobre a minha cama. Uma sombra perturbadora, por conta da qual, por anos não soube o que era dormir. Permanecia a noite inteira deitado sobre o colchão, de olhos abertos, fitando aquela sombra, apavorado. Do lado de fora da grade da cela era apenas um gato e sua lembrança perversa, mas aquela sombra não, ela era real, enorme e perigosa. 

Tentei todas as formas que tinha para enxotá-lo, mas nenhuma surtia efeito. Ele continuava ali, estático, me fitando, me violentando, me condenando. Tentei pensar que era apenas o fruto de minha imaginação, que aquilo seria apenas uma alucinação causada pela culpa, e assim fazer com que minha mente simplesmente não despejasse a frente de meus olhos aquela visão. Mas de fato nada adiantava e, até corro o risco de dizer a cada tentativa de me livrar dele, piorava as coisas, pois a imagem refletida na parede se tornava maior, mais intensa e mais negra. Mais aterradora.

Assim foram todos os meus dias dentro do presídio. E esperava que ao deixá-lo, meu pesadelo continuasse confinado naquela cela, que ficasse para trás a sombra maldita daquele gato.  Entretanto não foi de fato o que ocorreu, pois meu pesadelo não acabaria, apenas mudaria de lugar. E de cor.

Ainda no dia em que deixei a prisão, decidi visitar o tumulo onde jaziam os restos de minha esposa. Ultrapassei o portão principal do cemitério e caminhava por uma estreita ruela de pedras soltas em direção aos túmulos, quando uma figura familiar passou correndo à minha frente, desaparecendo por entre os túmulos. Era um gato. E não era negro este. Enorme e peludo feito o outro, mas quase que totalmente branco. Pude perceber algo escuro ao redor de seu pescoço, mas como a aparição me surpreendera, não pude precisar o que era.

Refeito do susto, continuei a caminhar até chegar ao sepulcro, e tão logo o avistei, a cerca de cinquenta metros, minhas artérias congelaram. Aquele ser, que passara correndo à minha frente minutos antes, estava sentado imponentemente sobre a lápide, me fitando com ar soberbo e desafiador. Não preciso dizer que estremeci.

Decidi não sentir medo, ergui a cabeça, mirei o olhar do bichano e continuei meu caminho. O coração, entretanto, não concordava com minha decisão de serenidade e batia muito rápido. Mas tinha que ir em frente, ganhar aquela disputa. E ademais, eu tinha ficado paranóico com gatos, e aquilo decerto era apenas coincidência. Gatos adoram cemitérios, e afinal ele não era preto, mas branco. E isso era de importância fundamental.

Quando eu vencera cerca de dois terços do caminho, estando a cerca de dez metros, o gato ergueu-se, eriçou o pelo e soltou um miado alto e forte, desaparecendo. Pensei que de fato não era nada, que minha imaginação estava pregando-me peças. O bichano ficou com medo da minha presença e sumiu, foi o que pensei.

Confortado com minha conclusão, respirei aliviado e dei mais alguns passos até chegar junto a lápide onde estavam gravadas as datas de nascimento e morte da falecida. Entretanto, naquele momento senti um gelo a correr pela minha espinha e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, pois a sepultura estava aberta e em lugar do esqueleto seco de minha esposa, havia um outro, de um animal. O esqueleto de um gato.

Refeito do susto inicial, procurei a administração do cemitério e pedi explicações ao funcionário, que em principio duvidou da minha história e apenas após grande insistência me acompanhou e pôde perceber que realmente o tumulo tinha sido violado e os ossos roubados e trocados por ossos de gato. Ação de vândalos, com certeza, arguia o senhor de bigodes. Decerto alguma turba querendo fazer uma brincadeira de mau gosto, ou mesmo alguém revoltado com o hediondo crime que eu cometera contra uma mulher indefesa, fizera aquilo para dar-me um susto.

Prometendo investigar o acontecido, o funcionário providenciou areia, cimento e cal e pôs-se a fechar a sepultura. Ao lado dele permaneci em silencio, com a mente rondando meu passado e trazendo-me à memória a cena em que eu, usando dos mesmos materiais, tentara esconder meu crime.

Os dias seguintes foram de total terror. Com a idade tendo corroído minha vitalidade, sem trabalho e consequentemente sem dinheiro, passei o tempo esmolando para comer e dormindo sob marquises. Mas algo era ainda pior que a fome, a chuva e o frio, pois a todos os lugares aonde ia, aquela silhueta parecia me seguir. Furtiva, fazia sempre questão de estar ao alcance dos meus olhos.

Por um acaso do destino ou plano demoníaco, o único lugar que consegui como moradia foi o antigo porão, que fora o palco daquele teatro macabro que culminara com minha situação de agora. Tudo estava exatamente igual ao dia em que eu saíra dali algemado pelos policiais, acusado de assassinato. Quilos de poeira jaziam sobre os moveis roídos por cupins, mas eu precisava apenas de um lugar onde pudesse descansar e me esconder daquele pesadelo.

Tratei de trancar a porta da melhor forma que pude e deitei-me na cama, mas segundos depois, quando mal fechara os olhos, escutei um som, um ronronar. Ergui-me rapidamente e passei a procurar por todos os cantos sem nada encontrar. Bastava, entretanto que me deitasse e cerrasse os olhos, para que aquele som maldito explodisse em meus ouvidos. E assim foi durante os dias que se seguiram. Eu não podia mais dormir, não tinha ânimo e nem desejo de sair daquele lugar. E aquele som me mantinha acordado, dia e noite.

Uma semana depois não podia mais suportar aquela situação e, da mesma forma que antes, engendrei planos para capturá-lo, acabando de vez com aquilo. Mas nenhum era suficientemente bom. E enquanto matutava os dias foram passando, sem que eu conseguisse pensar em algo realmente eficaz.

Uma noite, tomado por extremo desespero, passei a caçar o gato por todos os recantos, seguindo o som do ronronado. Vislumbrei-o na escuridão, sentado sobre algo que não podia distinguir claramente. Acendi um fósforo e cai sentado ao perceber aquele maldito, confortavelmente assentado sobre a ossada de minha esposa, atrás da parede semidestruída.

Não preciso dizer que fiquei cego. Apanhei uma machadinha e passei a desferir golpes desesperados em sua direção, sem, conseguir acertar um que fosse. Depois de um longo tempo, sentei-me exausto e coloquei as mãos no rosto. Não podia mais suportar, tinha que acabar com aquilo. E apenas uma maneira existia.

Quando amanheceu o dia, apanhei ferramentas, cal, areia, cimento e os tijolos que estavam esparramados pelo chão e passei a construir outra parede, no mesmo lugar. Ao alcançar uma altura que ainda me permitia galgar, lancei para trás dela o restante do material e me esgueirei pela abertura. Passei as próximas horas a fechar com tijolos o restante da parede, pois a única forma de fugir daquele suplicio, era dar a mim mesmo destino que impusera a minha esposa e desaparecer para sempre daqueles olhos malditos. 

Tinha quase acabado, faltando apenas um tijolo para completar minha obra. Apenas um retângulo de cerca de vinte por dez centímetros era o que me separava de minha libertação. Abaixei-me e peguei o ultimo tijolo, mas ao erguer-me, com a intenção de vislumbrar a ultima réstia de mundo exterior, o que vi, espreitando por aquele buraco, foi o par de olhos, redondos e insanos, daquele gato branco.

11/01/2013

Ouça a Narração, Sonoplastia e Produção do Radialista Del Wendell: