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22/07/2019

Araraquariana Nº. 1

Araraquariana Nº. 1
Luiz Carlos Cichetto
Foto: Barata Cichetto

Querem acabar com o trem na cidade. E agora? Como eu faço? Para cometer suicídio? Sem um trem para pular na frente? O prefeito disse que ninguém quer o trem dentro da cidade. É mentira seu prefeito. Imperfeito idiota. Agiota perfeito. Que eu ao menos quero o trem. Dentro da cidade. Fora da cidade. Ou com a cidade inteira no bucho. Feito serpente cobra coral. De aço... Querem arrancar os trilhos. Do trem da cidade. E agora? Como eu faço? Sem ter por onde caminhar? O prefeito suspeito. Mandou embora a locomotiva. A Maria foi. Nunca mais voltou. A andar na linha. Nos trilhos. Que agora querem arrancar... Querem acabar com o trem. E ainda tem. Gente que também quer. É o sujeito. Que mora ali perto. Que reclama que não pode dormir. E eu nem reclamo. Que moro perto. E sem o trem. Não posso morrer... Querem acabar com o trem. Do mesmo jeito que a mim. E seu aço. Ainda resiste ao tempo. Ao temporal. E ao prefeito. Imoral. Mas eu não resisto. Sou de carne...  Querem arrancar os trilhos. Da cidade. Que a eletricidade. Precisar passar. Arrancar os filhos. Por necessidade. Por vaidade. Por maldade. E por vontade. De um. Que é nenhum... É preciso não navegar. É preciso não viver. É preciso não correr. Na frente do trem... Querem destruir a estrada de ferro. E se não erro. É por decreto. Secreto. Do executivo. Que tem poder. É por dinheiro. Sem direito. A escolher... Querem mudar a história. Da cidade. Colocar outra em seu lugar. Arrancar o apito. Arrancar o grito. Mas eu repito. Não arranquem. Que eu resisto. Feito a estação... Dementes querem retirar dormentes. E vender à prestação. E a condição. É o pleito. Do eleito. Um sujeito sem trilhos. Sem filhos. E sem coração. Apenas vagão... Então o jeito. É arrancar o prefeito. E deixar os trilhos. Deixar eu jogar. Na frente do trem. A carne que restou. De mim. Enferrujada. Feito o trem. Que não tem. Onde morar. Que não tem estação. Onde parar.

21/07/2019

20/07/2019

Família

Família
Ao meu irmão Genecy Souza e a minha filha Joanna Franko

Aos meus pais, a meus filhos e a qualquer um que seja:
Família não é o que se empresta, nem o que se deseja.
Respeito é o que importa, e irmão é o que lhe respeita,
O restante tem o sangue, igual ao pernilongo e a seita.

Aos meus filhos, pais e todos que se afirmam parentes:
Família não é sorriso de fotografia de pasta de dentes,
É dividir a dor em partes idênticas, reduzir as cargas,
O resto é peso morto que carregamos nas costas largas.

A meus pais e filhos, que batem punheta a comunistas:
Família não é um luxo lixo aos interesses capitalistas.
É fluxo fixo de trocas, sem perdas ou lucros cessantes,
Sem saldo em conta bancária, e nem juros incessantes.

A filhos meus e pais seus, que roubaram noites e dias:
Família não é herança genética dos úteros das vadias.
É estar perto mesmo que longe, junto até que separado,
Ser o que precisar ser, e não aquilo que lhe é esperado.

A meus filhos que não são pais, e a pais sem filhos:
Família não é rua sem saída, nem trem sem trilhos.
É a estrada de mão dupla e um caminho sem culpa,
A quem não se precisa pedir perdão e nem desculpa.

Aos meus filhos sem mente, e meus pais sem coração,
Família não é a escolha, uma democracia sem eleição.
É um direito ao dever e um dever àquilo que foi feito,
E nem sempre perfeito é justo, ou não pode ser eleito.

Aos meus filhos, da puta ou da santa, e nunca abortados:
Família não é cuidar dos pais ou de filhos não adotados,
É dar aquilo que não foi pedido, agradecer o oferecido,
Sabendo que a troca é um valor há muito desaparecido.

E aos meus pais, que abortaram de mim antes de nascer:
Família não é sobrenome, ou algo que se possa esquecer.
Não é escolha, mas conquista; individual, e não coletivo,
É capital do ser, trabalho do estar; e essência do ser vivo!

20/07/2019


19/07/2019

As Portas da Liberdade

As Portas da Liberdade
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: Omar González por Pixabay 

O que falam de mim, não é problema meu. Meu problema não é que falem de mim, mal ou bem, meu problema é com quem fala de mim.
Estamos numa terra e num momento de absurdos, de ódios, de ostracismos, de matar de fome e de ódio quem não concorda com o pensamento absolutista de "esquerda". Isso é real. Perigoso e real. Fico me perguntado qual será o fim disso tudo, se é que um da isso terá fim. Toda a cultura e arte está nas mãos de um grupo que se auto-proclama "progressista", mas que não passa de meros ditadores, que são capazes de enforcar o próprio pai, e decerto o entregariam a seus ídolos políticos se fosse pedido.
Sou essencialmente um anarquista. Mas não um anarquista desses que andar por aí, com um pé dentro da esquerda - ou os dois. Meus dois pés estão fora de qualquer círculo político, e os odeio seja qualquer for seu espectro.
Há tempos percebe-se claramente a predominância de artistas ligados à "esquerda" em qualquer atividade. Isso não é novidade para ninguém. Em literatura isso é muito mais claro, pois é nítida a transformação de feiras e concursos literários em verdadeiros palanques. Basta pesquisar a história de todos os escritores que são elevados, que saem vencedores de concursos, aclamados em feiras e têm livros alçados à condição de best-sellers.
Eu, como muitos - poucos em relação ao todo, enquanto isso são tratados com ostracismo, ódio e desprezo. Pouco importa se a pessoa produz muito, se tem enorme talento, quando não alinha suas ideias com pautas socialistas e comunistas.
Mesmo fora do mundo cultural, não estar alinhado com essa ideologia, é sinal que teremos enormes problemas de relacionamento, mesmo dentro das famílias. Suas ideias serão rechaçadas, seu pensamento acusado de fascista, e seu trabalho e tudo o que fizer, jamais será respeitado e reconhecido.
Até mesmo contrariando os conceitos anarquistas, não, eu não quero um mundo sem portas, quero um mundo em que as portas de cada indivíduo sejam respeitadas, e que ele possa passar pelas que abriu, muitas vezes a socos de punho sangrando, mas que são fechadas muitas vezes em nome de liberdade como disfarce para a usurpação. Liberdade não é entrar por qualquer porta, liberdade é abrir suas próprias portas e respeitar qualquer porta, aberta ou fechada.

19/07/2019

16/07/2019

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu
Luiz Carlos Cichetto, AKA Barata

"(...) não há espaço nas calçadas para os personagens de Lou Reed. Festivais de rock hoje tem vibe de shopping center. E ‘Perfect Day’ foi cantada até por Susan Boyle. Lou Reed morreu ontem, mas o mundo que o tornou possível já tinha morrido faz tempo. (...)” - Camilo Rocha, "Lou Reed, o Cronista da Cidade Suja”, 28/11/2013

No mundo de (quase) 2020, não há mais lugar. Não apenas para as personagens de Lou Reed, como para o próprio, e qualquer um que ouse não ser politicamente correto à esquerda do espectro. Não há lugar para se cantar putas, bichas e travestis, sem ser apedrejado, processado, esquecido, ofendido. Nesse mundo de 2019, onde ando perdido e deslocado, não há lugar para artistas como Lou, Buk (a não ser para os que o usam como desculpas para serem bêbados), Henry Miller, e por tabela, não há espaço - nem para respirar - a pessoas como eu e tantos - nem tantos - outros. A sujeira debaixo do tapete sala de estar; a imundice disfarçada no barraco alimentado por bolsas do Estado; a educação jogada no lixo (em todos os sentidos da palavra educação, e em todos os sentidos da palavra lixo). A fome de que nos matam não é por falta de comida, mas de caráter. As putas ganharam o jogo e fazem plantão na porta de presídios pedindo a liberdade dos amantes bandidos, que lhes juraram amor eterno, apenas até gozar e balançar o pau. As putas ganham mal, não gozam, mas defendem seu cafetão, numa história que foi cantada de formas diferentes tanto por Lou quanto por Buk quanto por mim. Lou morreu rico, Buk também. Eu não. Ainda vivo. Pobre e fudido, como um personagem deles. Um personagem que não poderia ser descrito neste mundo de merda de (ainda) 2019. Um personagem feito eu não pode mais ser criado, sem que ele e o autor sejam processados, apedrejados, esquecidos. E eu, personagem de mim mesmo, ainda estou aqui, a despeito de tudo. Existo apenas como personagem de um autor fracassado, que jamais poderá existir enquanto a maldita e rançosa onda violenta do politicamente correto moer os cérebros.Muito obrigado, Marx e Gramsci. Seu genocídio corre muito bem.

16/07/2019

15/07/2019

1979 é Hoje

1979 é Hoje
Luiz Carlos Cichetto

Durante o período do Regime Militar, tão temidamente referido como Ditadura Militar, havia um rígido sistema de censura, que ia muito além da política, e atingia toda a sociedade. Havia censores em redações de jornais, musicas precisavam sem submetidas à aprovação. Até mesmo um "dicionário", onde constavam palavras que eram proibidas de ser ditas, cantadas ou escritas. Ainda não existia Internet, então os métodos eram mais eficazes, já que simplesmente o que era vetado não era gravado ou impresso. E ponto final. Era tudo às claras e o preço muito alto.
Com relação a sexo, o caso era curioso, tanto no cinema quanto nas revistas, determinadas partes do corpo eram liberadas e outras não. A bunda só podia ser mostrada em partes, nunca em close, seios podia, mas os mamilos eram raspados das fotos, e nus frontais não eram permitidos de forma alguma, nem no cinema, televisão e nem nas revistas adultas. Nem peludas nem depiladas. Nem pintos nem bucetas. Pintos em bucetas, bucetas em bucetas e outros correlatos, então, nem pensar.
Em 1979 se iniciou o que ficou conhecido como "Abertura", que entre outras coisas ensejou a Anistia Política, que perdoava digamos assim, ambos os lados envolvidos. Era o inicio do governo do General Figueiredo e a primeira publicação impressa a colocar fotos de pelos pubianos (e aproveitou para colocar enormes moitas peludas), foi a Ele-Ela, da Bloch, revista que eu era assíduo leitor, até por trazer além de belos ensaios eróticos, textos de primeira linha. Tenho muito claro na memória, quando foi liberado, já em no início de 1980. Imaginei que a chamada de capa: "Liberada Nudez Total no Brasil" fosse apenas uma matéria. Na sequência disso, até por batalhas judiciais, foram liberados filmes pornôs até antigos lá fora, como o Império dos Sentidos e Garganta Profunda.
Passados quarenta anos, o que percebemos, após a maldita onda do politicamente correto, no lugar de termos ampliado nossos horizontes de liberdade, nos vemos aleijados, e as mesmas regras impostas pela tão temida Ditadura Militar, está a nossa frente, travestida como politicamente correto, e os que antes usavam fardas e viaturas e andavam armados de revolver, hoje andam de bermudas, coque de barba, andam de Camaro e usam de armas muito mais poderosas e eficazes. Há quarenta anos achamos que nos víamos livres da repressão moral, mas agora, estamos de frente a ela de forma muito mais devastadora.
As chamadas "Diretrizes da Comunidade" de todas as redes sociais e de serviços são verdadeiras bulas, manuais de conduta, dignas dos antigos censores dos anos 1960/70. A mesma norma que valia, conforme citei acima, sobre nudez e sexo há cinquenta anos vale agora. É exatamente assim que se comportam redes como Facebook, Instagram e outros. Só não raspam mamilos com gilete sobre a foto, fazem digitalmente.
Há uns meses passei a publicar meus livros na Amazon, e há uma semana comecei a ter problemas, que culminaram com o bloqueio da minha conta, por violar as tais "Diretrizes". As frases no email que dispôs sobre o bloqueio: "Nossas diretrizes declaram que não aceitamos material pornográfico ou explícito retratando atos sexuais.", "oferecemos aos clientes diversas opções, incluindo livros que alguns clientes podem achar de gosto duvidoso. Apesar disso, reservamo-nos o direito de não vender determinados conteúdos, como pornografia ou outro material inadequado.". O interessante, é que, numa rápida busca no próprio site da gigante do senhor Bezos, encontra-se a seção "Sexo" e ao se digitar palavras chave como "puta", uma infinidade de livros.  E por aí a coisa anda.  Para a Amazon, "O Doce Veneno do Escorpião" é um livro sobre como tratar a picada do inseto, e Bruna Surfistinha uma autora de manuais de Surf. Enviei um texto a eles, questionando de forma educada, pedindo esclarecimentos sobre isso, mas a resposta foi um email padrão, contendo as mesmas ameaças de que qualquer coisa que eu tivesse lá publicado poderia ser enquadrado, e que tudo o que eu mandar passará por um crivo diferenciado. Ou seja, quem decide se os mamilos serão raspados ou não são eles. E de quem.
Paralelo a isso, recebi um email com as novas diretrizes (eita palavrinha filha da puta!) da Microsoft, que no parágrafo que chamam de "Código de Conduta", entre outras coisas, dispõe: "Não exiba publicamente nem use os Serviços para compartilhar conteúdo ou material inadequado (envolvendo, por exemplo, nudez, bestialidade, pornografia, linguajar ofensivo, violência explícita ou atividade criminosa)." e ai ameaça: "Imposição. Se você violar estes Termos, nós podemos, a seu exclusivo critério, parar de fornecer Serviços a você ou podemos encerrar sua conta da Microsoft. Também poderemos bloquear a entrega de uma comunicação (como email, compartilhamento de arquivo ou mensagem instantânea) de ou para os Serviços como parte de nosso esforço de impor estes Termos, ou poderemos remover ou nos recusar a publicar Seu Conteúdo por qualquer motivo." Ou seja, eu mandar alguém tomar no cu usando o Windows ou um email da Microsoft estou fudido! Será que quando eu vejo filmes pornôs usando Windows no computador, posso ter meu computador explodido?
Em resumo: há quarenta anos, tínhamos botas e socos a nos impedir de criar, produzir e falar o que precisávamos e queríamos. Hoje não são botas nem fardas. Só isso mudou. E o que sobra é sensação vendida às pessoas que naquele época não eram livres, mas hoje são. 

Diretrizes de Conteúdo da Amazonhttps://kdp.amazon.com/pt_BR/help/topic/G200672390

15/07/2019



10/07/2019

Manual do Adultério Moderno - 2ª Edição

Manual do Adultério Moderno

Minha tentativa de colocar na Amazon a segunda edição do meu livro "Manual do Adultério Moderno", resultou no bloqueio e em ameaça, por supostamente violar suas diretrizes, conforme email recebido. O interessante é parece que eles definem o que pode e o que não pode, baseado em análises abstratas, já que uma busca simples no site é possivel encontrar comteúdo como: "Huge Adult Bundle - Forbidden Stories with Explicit Sex Box Set Collection " e "Rough Porn Short Tales - Explicit Sex Stories Bundle Collection", por exemplo. Gostaria de saber se essas diretrizes são definidas e aplicadas pela Amazon americana ou pela filial brasileira.
De qualquer forma, estou disponibilizando o PDF com o texto integral e ilustrado, conforme pretendia.
"Alerta do KDP da Amazon para 1 Livro(s)
Kindle Direct Publishing
18:45 (há 1 hora)
para eu
Olá,
Estamos entrando em contato para tratar do seguinte livro:
Manual do Adultério Moderno do Cichetto, Barata (AUTHOR) (ID: 32655331)
Durante nosso processo de análise, verificamos que este conteúdo viola nossas diretrizes de conteúdo. Por isso, não podemos vender o seu livro. Se forem identificados outros envios com conteúdo similar que viole nossas diretrizes, você poderá perder o direito ao acesso a serviços opcionais do KDP e/ou nós poderemos tomar medidas que incluem o encerramento da sua conta.
Para saber mais sobre nossas diretrizes de conteúdo, visite a página de Ajuda do Kindle Direct Publishing em:
https://kdp.amazon.com/help?topicId=A2TOZW0SV7IR1U
Atenciosamente,
KDP da Amazon
----------
"Outros conteúdos proibidos
Como somos uma livraria, oferecemos aos clientes diversas opções, incluindo livros que alguns clientes podem achar de gosto duvidoso. Apesar disso, reservamo-nos o direito de não vender determinados conteúdos, como pornografia ou outro material inadequado.
Relatório de violações
Se você acha que um livro viola nossas diretrizes, denuncie. 
https://kdp.amazon.com/pt_BR/help/topic/G200672390"

DOWNLOAD: https://archive.org/details/manualdoadulteriomodernoedicaopdf


Capa Aberta Completa


Atualização da Situação, em 14/07/2019
Email Recebido pela Amazon

Amazon.com.br
20:33 (há 4 minutos)
para eu
Olá,
Fomos informados de que você enviou um conteúdo através de sua conta que viola as nossas Diretrizes de conteúdo. Nossas diretrizes declaram que não aceitamos material pornográfico ou explícito retratando atos sexuais.
O seguinte é um exemplo de um livro que você enviou através da sua conta KDP que encaixa nessa categoria:
DID(s):  32655331 Manual do Adultério Moderno by Cichetto, Barata (AUTHOR)
Por isso, suspendemos temporariamente sua capacidade para publicar ou alterar livros nesta conta.
Antes de reativar sua conta, responda para kindle-content-review@amazon.com.br a seguinte afirmação: “Eu afirmo que li e irei cumprir com as Diretrizes de conteúdo https://kdp.amazon.com/self-publishing/help?topicId=A2TOZW0SV7IR1U e que vou retirar quaisquer livros publicados anteriormente que não atendam a essas diretrizes."
Até que você envie uma resposta em relação a este assunto, a sua conta permanecerá bloqueada.
Amazon.com

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

“Feliz aniversário, envelheço na cidade!”.  Feliz aniversário, apodreço na cidade. Claro, podem afirmar preconceituosos e afoitos, o cara tem quase 50 anos... Lugar de velho é de pijama vendo a novela da Grobo... É, pode ser... Mas a realidade é que nunca gostei... E já tive 14, 17, 21, 26, 32 anos... E tive mais e menos que isso. Mas balada para mim sempre cheirou (Epa!) sacanagem... E nem sempre no bom sentido, se é que existem bons sentidos em sacanagem... Armadilhas da língua: sacanagem ser associada a sexo e... Sacanear, ferrar os outros... Mas sempre preferi um pequeno grupo de amigos, bem pequeno de preferência. Nunca curti maconha porque tinha nojo da baba que corre de boca em boca... Bah! Blergh!!!!!!!!! E se nunca gostei de balada, nos momentos em que as curti foi por desespero mesmo... Falta de companhia, vontade de encher a cara e falar com alguém... E quer lugar melhor? Tá todo mundo bêbado e ninguém vai lembrar de você no dia seguinte... Nem com quem você fodeu... No bom e no mau sentido... Ai vem de novo a língua pátria... Filha da puta, a pátria e a língua. Língua é bom, chupando meu pinto. Não gosto de balada nem de baladeiros comedores e baladeiras piranhas. Porque em baladas, todos comem e são comidos... Esse é o código, o segredo das baladas. Quantas promessas são feitas e quebradas em baladas... Quantas crianças nascem de baladas... Inconseqüências e suas conseqüências... Porque em balada se não se come ou é comido não é balada. Simples.... Simples balada. Quem, entre os baladeiros de qualquer espécie, nunca acordou do lado de uma baranga horrorosa ou de um desdentado sem nem lembrar como foi parar ali?  É... Balada. Foda isso! Pessoas têm sentimentos, mas em baladas parecem que são apenas seres em que o que importa é apenas o grau etílico e erótico. O que importa é foder, cheirar, beber... Sensações apenas torpes e que não edificam em porra nenhuma o ser humano. Baladas, baladas, "Sorrisos na Madrugada". É, mas sorrisos falsos, drogas batizadas, pessoas fúteis, músicos inúteis, donos de bares embriagados pelo dinheiro e um bando de moleques idiotas bebendo e se drogando... E enchendo o rabo dos poderosos. Baladas, baladas.... Baladas tristes em forma de tango... Rock Balada é uma piada. Balada, Piada Balada. Eu não gosto de balada e nunca gostei. Bares noturnos são açougues onde a carne humana é exposta a compradores que nem sequer exigem a de primeira. Carne humana, no mercado de consumo é a mais cara... Ou a mais barata. Que importa se é Funk, Rock, Pagode, Axé ou a puta que o pariu. Balada é balada. Onde todos se divertem, se fodem, fodem os outros. Balada é trono do egoísmo. Competição de tamanho de pênis ou de quem é mais piranha. Quem dá mais, quem deu mais, quem come quem... São as disputas no leilão humano das baladas. Balada é balada! A competição é o que dá o tom. Seres noturnos com orgulho de sua cegueira permanente á luz do dia. Pobres crianças com cheiro de mofo e naftalina. Pobre, pobres crianças que não acreditam no dia. Quero estar morto ao amanhecer e não gosto do cheiro de vômito em meu cabelo. Nem o de maconha, que enjoa meu estômago. Ai, garota, gosta do cheiro de esperma em sua boca quando acorda de manhã? Quem dá pra quem, quem come quem nesta balada? Quantos pintos você chupou ontem à noite? Gosto de pinto é igual? Mesmo sem lavar? Lavou tá novo? E ai, cara, quantas bucetas você comeu ontem? Tinha cada bucetinha naquela balada, né? Todas putinhas, né?! Cê não vai querer casar com nenhuma delas, né?! Ai... O Punk da Periferia, da Freguesia do Ó...Ou da puta que o pariu... Em quantos caras deu porrada ontem em sua balada? Uma porrada, né?! Sai piranha que meu pinto está mole! Não quero te foder porque você é cara demais pra mim... E ai... Diz uma coisa pra mim: Você já deu o cu hoje? Não?! Mas ficou com vontade né?! Quando eu quiser foder alguém pago uma puta bem gostosa e dai nem tenho que lembrar ou ser perguntado do nome dela. Puta é tudo igual mesmo...! Seja em balada ou no puteiro! Puta é puta, na esquina ou na balada. De salto ou saltando. Mas o dia ainda nem chegou e minha balada escrita ainda nem chegou ao final... Passe seu melhor perfume, lustre a botinha, coloque uma saia bem curtinha, guarde uma grana pra breja e outra pro motel - acaso o muro atrás da balada machuque sua bunda. E tchau. Mas não me espere em sua balada. Ah, não esquece da porra da camisinha para encher de porra, porque ninguém quer ai mais uma piranha ou pirralho cheio de doença venérea fodendo os outros. Puta sacanagem! Prefiro o “Banquete de Lixo”, porque “O hoje é apenas um furo no futuro por onde o passado começa a jorrar. E eu aqui isolado, onde nada é perdoado, vi o fim chamando o principio, pra poderem se encontrar.” E também sei que agora é Luiz Carlos Cichetto que Barata vai encarar “Nem todo bem que conquistei nem todo mal que eu causei me dão direito de poder lhe ensinar” Meu amigo Kraciunas já me disse depois de umas, que eu não sou nenhum demônio, não sou bom nem mau. E hoje vi o furo do futuro jorrando vinho azedo em minha cabeça, o meu principio e o meu fim se encontrando em meu sepulcro e o Certo e o Errado, de braços e pernas dados transando que nem loucos. Estou cansado de ser um mendigo que apresenta um banquete de lixo cultural. E eu não penso melhor parado, estou desempregado mas sou escritor. Eles não avaliam seu preço se baseando pelo nível mental que eu estou usando. E minha cabeça está de graça hoje. Procure na barraca da feira de amanhã ou procure nos restos daquele restaurante de luxo da esquina da sua casa. Eu morri e sei mesmo qual foi aquele mês, foi Outubro, de um ano que nunca começou. 1977 é um ano que não tinha que existir. Eu morro e morri e nem sei o que fizeste, Metrô Linha Leste Oeste. Pouco importa, porco importa! Pesadelos Mitológicos Número 3, Senhora Dona Persona...  “Todo homem tem direito de pensar o que quiser, todo homem tem direito de morrer quando quiser, direito de viver pela sua própria Lei.”  É, sou mesmo outro canceriano sem lar e sem bar... Estou sentado no chão, tossindo, trancado dentro de mim mesmo e a mobília é parca e gasta. Acabei de tomar minhas três ou quatro doses de Cynar puro e a Clínica Tobias é aqui. E eu nem sei o que acontece e minha enfermeira chega daqui a pouco com sua dose de morfina em forma de palavras religiosas e eu sou apenas um velho internado em um asilo de loucos. Uma lista e baladas que eu não gosto esperam por mim, mas estejas sozinha nessa, cara criança, porque prefiro comemorar seu aniversário metendo uma bala na minha cabeça. Balas, balas, baladas. Revólver e revolver. Volver e voltar. Nunca voltar, porque a vítima nunca volta ao lugar do crime, apenas o criminoso. E eu não matei ninguém. Fui morto e enterrado no fundo de uma cova rasa. Saqueado e sacaneado. Mas não importa, minha gostosa! O que importa é que queria mesmo era foder sua bucetinha melada, mas tudo bem, eu não gosto de baladas nem de mulheres bêbadas cujos clitóris estão no lugar do cérebro. Do mesmo jeito que eu minhas veias não corre esperma, mas sangue. Não gosto de mulheres que têm o útero no lugar do coração e portanto por elas não sinto tesão. Gemidos, minha piranha, são apenas gemidos e unhas rasgam e cortam, por prazer e de tesão ou por vingança. Queria mesmo lhe dar os parabéns, mas lhe dou minhas condolências, queria lhe dar prazer, mas tenho nojo daquilo que senti quando comi sua bucetinha sem dono. Dá pra mim, só hoje vai! Eu vou pra balada contigo, te como depois caio no mundo. Ta, eu não gosto de balada, mas gosto de foder sua buceta. Gosto do melado que escorre dela.  Quase 30 e não és mais uma criança. O Punk, ele não é mais uma criança, não tenha a pretensão de ser uma criança rebelde, porque o  rebelde sou eu. Escorpião come barata e as vezes uma barata astuta come um escorpião...Pelo rabo! Dá o cu pra mim que eu não conto pra ninguém! Estou com fome, acho que preciso comer alguém! Tem balada hoje? Me chama, que depois que a balada acabar eu te como no fundo do salão. Convide suas amigas e então sua festa estará completa. Não minta, apenas sinta. A gente pode colocar uma trilha sonora bem legal, dança coladinho, isto é eu colando meu pau bem junto com sua bucetinha inçada, que acha? “So Very Hard To Go” é o caralho, eu nunca parti porque eu nunca cheguei. Fui apenas uma balada prolongada por mais noites que eram necessárias.  E o hoje não é apenas um furo no futuro, amigo. O hoje é apenas a buceta do passado, por onde o melado continua a jorrar.  Que resta? Nem balada nem buceta melada, o que resta são fantasmas de um dia que nunca começa, de uma noite que nunca acaba e de um tempo que insiste em não apagar. Não quero saber que música tocará em meu velório, nem que médico lhe enfia um supositório.  “Porque é noite de balada, sorrisos na madrugada... Desculpe só estou de passagem... Desculpe se canto em sua homenagem... Dinheiro não compra a verdade... Quem sabe a felicidade...Feliz noite... Embriagada...” Meus olhos agora pouco enxergam, meus dentes pouco mordem. “Seus olhos pequenos da cor da terra, me fazem lembrar a guerra” Pois é, o problema é que usas lentes de contato cor de mel, igual uma tigresa de unhas negras e eu, entre a serpente e a raposa, fiquei com a solidão. E não tenho uma faca, nem o mapa, estou perdido e não posso cortar mais os pulsos como antes. “Um grande amor do passado se transforma em aversão e os dois lado a lado corroem o coração” Mas hoje é noite de balada e eu não gosto de balada e quero esquecer que agora ainda hoje. Quero descer da solidão e da tristeza, mas os devaneios tolos ainda me torturam.  Chega mais, vem cá! Deixa eu enfiar minha língua na sua orelha... No cu? É... Talvez.. foi muito bom quando eu enfiei a língua no seu cu. Mas agora minha língua está mole.  “Tente passar pelo que eu estou passando”  Hoje eu acordei sem uma gota de sangue no corpo. Sem uma gota de alma no sangue. Afinal, esquecestes que eu lhe dei minha alma e a trocastes por um par de calcinhas? E por um par de algemas? Portanto o prisioneiro não sou eu, porque fiz as chaves das minhas próprias vísceras. Agora estou terminando, desculpe eu morrer, desculpe eu estar morto e não poder ir até ai lhe apertar a mão... Nem os peitos. Desculpe eu estar morto e não poder ir até ai enfiar o dedo na sua buceta nem comer do seu bolo nem comer seu cu. Apenas não gosto de baladas nem de putas baratas.

26/10/2006