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23/10/2019

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith
Barata Cichetto


Foto by Judy-Linn

Parte 1 - O Filme

Há um tempo sem precisão, mas um domingo de manhã, decerto
Em um cinema imundo do Centro, que não era longe, nem perto
Um daqueles em que as putas chupam pintos na poltrona imunda
E em que as bichas cobram o preço por dar o buraco da sua bunda.

E aquele dia poderia ser um dia no parque, um dia quase perfeito
Poderia ser apenas outro dia em que eu sabendo ser homem feito
Acreditei ser apenas uma boa pessoa, curtindo a barra da cidade
Enquanto na porta do cinema putas fodiam por pura necessidade.

O lugar fedia mijo e tinha marcas de unhas no chão de esteira
Camisinhas jogadas sobre o tapete e na tela umidade e sujeira
O filme sem nunca começar e eu segurando meu pau na mão
Enquanto um sujeito na escada gemia segurando o corrimão.

Mandei a puta que sentou na poltrona ao lado se foder de graça
E olhei a tela com as letras desbotadas e reclamei por tal trapaça
Porque tinha o filme um estranho nome ao cinema pornográfico
E "O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith" era o tal gráfico.

A bicha que chupava pau na poltrona de trás reclamou da cena
O cara que pagava puta reclamou que aquilo era coisa obscena
E eu mandei todos tomarem no cu e ficarem de bocas fechadas
Mas enquanto Lou Reed metia na Patti as putas ficavam caladas.

Eu era um homem pobre e podia fazer qualquer coisa no escuro
Mas enquanto os ricos pagavam michê às bichas a preço seguro
Patti com os dedos tatuados mijava no rio segurando suas pregas
E Lou dizia “Ah, menina, deixe de falar de anjos e siga as regras”.

Na porta do cinema as meninas putas esperando por seu homem
Poeiras de estrelas por um barato e a morte enquanto consomem
E dos topos dos edifícios se atiram feito aos pássaros amortecidos
Beijando a calçada onde mijam os últimos bêbados adormecidos.

No cinema não tem mais ninguém e na platéia apenas escuridão
Todos foram embora buscar pelas ruas outros pontos de solidão
Acabou o filme, e cortinas sebentas tomaram o lugar do roqueiro
Sozinha no escuro Patti aguarda a chegada do ultimo mensageiro.


Parte 2 - Viciados

O dia ainda era um domingo, não de manhã, mas ainda perfeito
Era noite e eu tinha com das putas da esquina um retrato refeito
"Porque a noite pertence à luxúria, a noite pertence aos amantes"
E eu era Lou Reed procurando Patti Smith em loucos diamantes.

E ela dançando descalça, dando piruetas sob a lâmpada fosca
Projeta sombras nas vidraças das lojas, com sua alegria tosca
Enquanto busco naquelas pernas finas, tortas e mal cuidadas
A satisfação dos desejos no mistério das infâncias arruinadas.

Dançam a bailarina branca debaixo das lâmpadas de sódio
Mas a negra não consegue, com seu coração cheio de ódio
E Patti pergunta aos anjos e Lou às bichas depiladas a razão
E as bailarinas cantam em coro: "Doodoodoo, ai que tesão!"

Pergunto por Rachel e por trás dos óculos brilhantes escuros
O poeta americano responde: "ótimos aqueles tempos duros"
E aos anjos pergunto sobre Patti e de seu eterno namorado
Ao que Banga responde que ela por ele muito tem chorado.

Então eu disse, Patty, transa comigo e ata-me como aos viciados
Que eu esmago tuas mãos enormes com meus pés embriagados
E éramos eu, Lou Reed e Patti Smith. Lou comia Patti, e eu não
E entre eu e o gigante, ela preferia a bailarina, o palhaço e o anão.

Lembro do cinema onde aquele filme pornográfico foi exibido
E no Centro da cidade onde fui crucificado, morto e ofendido
Não tem cinemas pornográficos agora, e nem as putas seminuas
Morreram da mesma morte, mataram as putas, cinemas e as ruas.

Patti agora chora a morte do amigo, e nem mesmo eu a consolo
As mãos enormes sobre o rosto e eu nem posso pegá-la no colo
Ainda era domingo quando ele morreu, mas não um perfeito dia
Era final de semana e afinal de contas era o que ele sempre pedia.

Os satélites podem subir ao céu e eu não posso segurar sua mão
Seres humanos pisaram na Lua deixando marcas em seu coração
E Lou Reed era Jesus e também não morreu pelos meus pecados
E Patti e eu ficamos no mundo para morrer sem ser crucificados.

06/12/2013

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Plástico Bolha

Plástico Bolha
Luiz Carlos Cichetto




Ontem, minha fanpage no Facebook atingiu a marca de 800 seguidores, o que é pouco diante de escritores midiáticos e "influencers" em geral, mas esse número foi formado pelo apoio dos amigos, sem que eu tenha gasto qualquer dinheiro para "impulsionar". São, deduzo, pessoas que de alguma forma acompanham e gostam do meu trabalho, pelo menos enquanto não precisam pagar nada, e é só um clique, muitas vezes por impulso. Quase nenhum comprou um dos meus livros, e uma boa parte, sei, nem lê um texto inteiro. Nada a comemorar, portanto, mas bastante a agradecer a essas 800 pessoas, que afinal alimentam meu ego, e movimentam essa fábrica de malucos.

O que fiquei triste, foi que ao ser informado pelo Facebook desse número, abri o Messenger para agradecer uma pessoa, uma amiga, que nos últimos tempos era assídua em curtir e comentar meus textos, e com quem eu sempre tinha papos interessantes, muitas vezes na madrugada, e descobri que ela simplesmente tinha encerrado a conta. A conversa estava lá, as fotos que trocamos e tudo, mas eu não tinha como contatar.

Fiquei pensando no que poderia ter ocorrido, se fora algo de grave, ou apenas uma crise de encheção de saco, como eu também já tive. Enfim, possivelmente jamais tornarei a falar com essa pessoa, com que eu havia tido conversas sobre problemas familiares e até algumas intimidades. São coisas desse mundo plástico, inóspito e frívolo, onde qualquer relação pode ser rompida num clique, para nunca mais, e sem nenhum motivo aparente ou explicação. Espero mesmo que minha amiga esteja bem, e que tenha apenas se enchido desse mundo de faz-de-conta. Enfim, um mundo de plástico-bolha, com seu barulho irritante e cheio de nada.

23/10/2019

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

22/10/2019

Mar de Ratos

Mar de Ratos
Barata Cichetto


E corpos foram lançados ao mar. Seriam piratas sujos,
Ou apenas cadáveres de pobres desesperados marujos,
Que foram expulsos pelos ratos imundos que abordaram,
Aquela embarcação quando a tripulação a abandonaram?

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

21/10/2019

Circo dos Horrores

Circo dos Horrores
Luiz Carlos Cichetto

Arte: Mariano Villalba - Argentina

- Hoje tem espetáculo?
- Tem não senhor! O palhaço morreu de rir e o leão ficou sem dentes. A mulher barbada agora é feminista e mostra os peitos em passeatas de protestos de esquerda na Rebouças. O domador tirou a casaca, colocou um terno e gravata e agora é deputado federal pelo partido socialista da casa do caralho. O anão cresceu tomando esteroides e agora é astro pornô, o malabarista ganha um dinheiro engolindo fogo e chupando rolas nos semáforos da esquina da São João com a Ipiranga cantando "Sampa" em ritmo de "Funk". Hoje não tem espetáculo, que a corda foi roída e a trapezista despencou sobre o picadeiro, ficou tetraplégica e agora tem um canal no Youtube falando de superação. O mestre de cerimônias agora é MC, comprou colares de ouro falso e depois de abrir as jaulas e soltar todas as feras, que dançam e transam aos domingos em praça publica ao som de metralhadoras de traficantes, ficou milionário aos dezoito anos e tem doze filhos de trinta mães diferentes. Hoje não tem espetáculo, que a plateia não veio, quem chegou pagou meia, e o resto é estudante. O bilheteiro agora é sindicalizado, e não trabalha aos domingos, o pipoqueiro coloca cocaína no fundo do pacote de pipocas e todos gritam no picadeiro que se solte o bandido e prendam o policial. Hoje não tem espetáculo, que o terreno do circo foi arrendado, e agora é a sede nacional do partido dos desgraçados. Hoje não tem espetáculo, que o circo foi queimado pelos integrantes do partido de Nero. Não tem espetáculo, não tem missa, não tem sarau, mas tudo é circo, tudo é picadeiro, e tudo é morte. Como circo dos horrores, no circo real. Do Brasil.

21/10/2019
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

18/10/2019

Renegado

Renegado
Barata Cichetto



Queimaram minha língua por eu falar o que não podia,
E não era mentira, nem era verdade, apenas era poesia.

Depois acharam que eu era um morto que não fedia
E não era a mentira, nem era a verdade, era a poesia.

Então pensaram que era falsa a dor que eu sentia,
Mas não era mentira, nem verdade, apenas poesia.

Por fim esqueceram quem eu era, quem fora e quem seria,
E isso não era mentira, nem verdade, muito menos poesia.

© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados
18/10/2019



16/10/2019

Facebook Não É Lugar de Poesia, Seu Idiota!

Facebook Não É Lugar de Poesia, Seu Idiota!
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto  - Direitos Autorais Reservados


- Ah, Idiota, Facebook não é lugar de poesia,
O Facebook é lugar da politica e da putaria.

- E, então, qual é o lugar que é de se poetar,
Já que sarau também não, e nem até no bar?

- Ah, seu ingênuo, o da poesia é lugar nenhum,
Pois não há no mundo mais sentimento algum.

- Então precisamos inventar uma poética bruta,
Sem sentimentos, e que falem dos filhos da puta.

- Ah, Barata, seu inocente e de modéstia honesta,
Acaso não percebe o que é tua poética indigesta?

- Percebo apenas que troquei o tesão pela maldição,
E que fui escorraçado até por quem dei a educação.

- Ah, caro amigo, nunca espere reconhecimento vil,
Por parte de lobos que uivam sem erguer seu covil.

- Espero apenas que me deixem em paz na mortalha,
E que recebam de mim, ossos calcinados na fornalha.

14/10/2019

Com Respeito Aos Professores

Com Respeito Aos Professores
Luiz Carlos Cichetto
© Direitos Autorais Reservados


Não, não é verdade que no Japão as únicas pessoas que não precisam se curvar ao Imperador sejam os professores. E isso não é demérito nenhum a essa classe, já que por respeito à tradição japonesa, milenar, absolutamente todas as pessoas devem se curvar perante ele. Uma questão difícil para certos "professores" brasileiros, que se curvam e ostentam camisetas com imagens de assassinos, reverenciam ditadores e subvertem com ideologias mentirosas as cabeças dos estudantes. Professores merecem respeito, não apenas no dia 15 de Outubro, mas em todos os dias do ano, mas é preciso que antes aprendam a respeitar. Professores devem todos se curvar diante da responsabilidade que têm, para que recuperem o respeito que nós sempre tivemos por eles.

15/10/2019