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Esqueci o Nome do Poema
Luiz Carlos Barata Cichetto
Ah, eu queria tanto é pegar em tintas e pintar telas e a parede
Cuidar dos gatos, jogar dominó, deitar as minhas costas na rede
Ah, estou mesmo um tanto cansado e outro tanto um tanto tonto
Cuidar de netos, beijar desafetos, mas a tanto não estou pronto.
Querem-me de pijama listado coçando o saco, sentado na praça
Caçando sol, contando dinheiro e dias que faltam até a desgraça
A mim querem quase morto e aposentado, a gorda conta no banco
Com o orgulho de ter estudado aos filhos, agora trajados de branco.
Mas eu não quero a companhia de outros abandonados á esmo
Contando histórias, falando dos netos, dos filhos ou de si mesmo
O consolo da tranquilidade, olhos pregados num passado sem volta
Longe das lides que apenas aos moços é reservada, a pura revolta.
Mas ainda quero jogar merda em sua parede e bosta no ventilador
Ficar longe das salas dos médicos, dos remédios e do desfibrilador
E não espere de mim o conformismo que a modernidade lhe oferece
Pois eu morro esperneando, porque nada é aquilo que se lhe parece.
30/06/2012
N.do A. - "Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"
Confúcio
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