Barata Cichetto
Um a um a seu tempo, de doença ou tiro no peito
Morreremos, um a um, sem barcos e nem portos
Sem lei e sem norma, a morte de fato e de direito.
A mim, negaram a dignidade, pisaram, cuspiram
E a nós, renegaram antes do galo cantar outra vez
Sem saber do crime, nos acusaram, condenaram
E não a primeira, mas a segunda morte num mês.
Dentro de pouco tempo, estarão todos eles pobres
E enquanto brigam por flores ou por uma sepultura
Escrevo poemas sujos e dou de comer aos nobres
Pois a morte não aceita perdão nem quer escultura.
Quero morrer por mim, ato letal e sem sentido algum
Apenas por mim, num ato sincero em tom narcisista
E não é por coragem, nem por covardia, ato comum
Que enfio a arma na boca, meu ultimo ato hedonista.
Mas antes de engatilhar a arma e seu gatilho apertar
Ou enfiar o pescoço na corda, atando o nó da morte
Deixo um poema sobre a mesa de cabeceira a alertar
Sobre sangue antes da dor, sobre existência sem sorte.
Deixo de mim muito pouco e não deixo nada por mim
Mas para mim deixo muito, tudo o que fui por herança
E não sendo por ninguém que morro, chego ao meu fim
Sabendo que fui de mim mesmo minha única esperança.
21/01/2013
Caraca!!! Ecos de "Morte e Vida Severina" me vieram à memória: as mortes sem sentido e sem razão, depois de uma vida quase sempre sem sentido e sem razão. Ainda bem (será?) que a minha existência (que eu não chamo essa porra de "vida") está perto de acabar...
ResponderExcluirMuito bom o poema. Compartilhá-lo-ei.
Celso: Tenho também o costume de chamar de existência, porque vida é outra coisa, que acho que não conheço. Para mim, vida tem um sentido neutro, como amor, dinheiro, suicídio... Existência não, ela é real. Não é e não pode ser neutra, mas positiva ou negativa.
ResponderExcluirObrigado, Nathalia! Vou ver seu blogue!
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