Caixa de Fósforos
Luiz Carlos Barata Cichetto
Ontem peguei outro pedaço de esperança e, junto com os últimos cacos de alegria, guardei dentro de uma antiga caixa de fósforos.
Havia apenas palitos usados dentro dela, fósforos que um dia foram usados para produzir fogo e calor. Não sei por que guardei aquele objeto por tanto tempo. Inútil guardar uma caixa de fósforos com palitos usados, principalmente porque não mais produziriam fogo nem calor.
Sempre pensava nisso quando a pegava na gaveta e a olhava com certo carinho e com desprezo ao mesmo tempo. Várias vezes pensei em jogá-la fora, mas por algum motivo não tinha coragem. Poderia servir para alguma coisa, pensava. Do mesmo jeito que sempre pensamos que algo velho, inútil e quebrado, não deve ser jogado no lixo, pois um dia podemos precisar. É sempre o que pensamos a respeito do que um dia nos foi útil. Seria esse apego à inutilidade o que nos faz sentir úteis?
Mas finalmente ontem à noite, peguei os últimos nacos de esperança e alegria que eu tinha e guardei dentro daquela velha caixa de fósforos. Depois joguei tudo no lixo. Afinal, não há porque guardar coisas inúteis.
É preciso pensar duas vezes antes de jogar fora as tralhas de nossas vidas. De repente, algo de nós pode ir junto. Depois, resta o arrependimento, essa tralha impossível de descartar.
ResponderExcluirHá certas "tralhas", meu amigo Genecy, como as que coloquei nessa caixa de fósforos, que não me arrependo de ter jogado fora... Infelizmente!
ResponderExcluirÉ isso aí, Barata. Um bota-fora de tralhas é necessário, principalmente, se o entulho é feito de pessoas. Nesse sentido, já fiz alguns. Enchi várias caixas de fósforos. Só comemorei. :D
ResponderExcluirDe entulhos humanos, acho que daria para encher um caminhão, meu amigo Genecy!
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