Não Quero a (Sua) Dor
Barata Cichetto
Mas eu que sou fingidor, poeta que deveras mente
Falo apenas por mim, de mim e sobre mim somente
Pois a dor alheia não é algo que um poeta comente.
De ontem em diante decidi que não quero sentir outra dor
E não tenho por isso e portanto, nenhuma culpa ou pudor
Em especial as dores tão cheias de desencanto e egoísmo
Pois dor é de um e cada qual que carregue seu heroísmo.
Sou poeta e tal a qualquer um hediondo egoísta
E não tenho uma alma, mas o espírito de artista
Sei apenas falar da minha e da falta de dentista
E não espere de mim qualquer tolo ato altruísta.
Se teu coração é de carne e sangra todo dia, bom proveito
Porque o meu é de impuro metal e nada dele eu aproveito
E enquanto ficas noites inteiras lendo o Diário de Um Mago
Eu, que nem conheço seu rosto leio a Pessoa e a Saramago.
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O que é mesmo a dor? E não falo de dores de amores, de desencantos e pudores. Falo sobre a dor que rasga o corpo, malditos micróbios, germes filhos da puta! A hérnia, a gripe e a cefaleia dores sem cores nem poesia, apenas dores malditas a atormentar minha noite e a fazer de mim apenas um verme que se esgueira pela beirada da vida, em busca de um remédio, que nunca chega. Malditos remédios! Desgraçada dor!
02/02/2013
O seu poema é bom mas, doi no sentido de que é amargo , triste e desencantado com a vida. Está bem dentro da tradição do Baudelaire. Fala da patologia mas esquece o coração.
ResponderExcluir"A dor e o amor
Caminham de mãos dadas
Amador ama a dor
Armador cheio de rancor
Buscando calor...
Sabor!
Amor…" . Barbieri
A dor, não está no coração, mas na mente, querido Barbieri. Tanto quanto o amor. E se é "bom mas dói no sentido de que é amargo", atingi meu objetivo.
ExcluirO amor não pode doer. E o poema me cabe como luva.
ResponderExcluirA dor, minha amiga, Senhora Loirinha, sempre cabe a todos nós como uma luva, bem mais que o amor. Beijos!
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