Luiz Carlos Cichetto
"Não entre, não leia minha mente. Com minha imaginação, eu lhe possuo..." A frase acima, retirada de uma das suas próprias crônicas, define o perfil (palavra tão desgastada nos dias correntes) desse escritor que aos trinta e cinco anos coleciona e conta historias de uma forma extremamente sincera e portanto inquietante, crua e rude.
Anjos e toda sorte de demônios, putas e toda sorte de criaturas cruéis e doces, além de toda sorte de seres sem sorte ou sem morte, fazem da literatura do Sr. Arcano, algo por demais excitante intelectualmente e, porquê não, sacana.
Por vezes, nessas crônicas, o leitor que é sempre lembrado de seu papel e tratado com respeito e atenção, poderá perder a paciência com o autor por causa de sua extrema sinceridade e crueldade. Por não ser tratado apenas por um idiota mal letrado que busca na literatura o remédio para a insônia ou para a falta (ou excesso de sexo), E também por ter a todo momento a visão abominável das suas (as dele próprio e as do escritor) vísceras expostas.
Normalmente um escritor de crônicas é por demais egocêntrico, como de resto todo escritor de qualquer estilo o é. Mas o nosso Sr. Arcano, ao retratar de forma intensa, por vezes poética e sempre com excelente talento literário, todo o sentimento solitário da mente humana, converge ao solidário. Pois é na solidão do ato de falar sobre si mesmo, que o escritor cria ao seu redor o real sentido de solidariedade.
Luiz Carlos Barata Cichetto
25/02/2015
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