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31/07/2019

20 Livros de Barata Cichetto/Luiz Carlos Cichetto, para Leitura e Download Gratuito


20 Livros de Barata Cichetto/Luiz Carlos Cichetto, para Leitura e Download Gratuito

Tudo que escrevi e publiquei - artesanalmente - desde 1997, com algumas coisas de poesia ainda dos anos 1970 e 80, incluindo poemas, crônicas, autobiografia, os textos das três óperas Rock e até o livro infantil, estão disponíveis gratuitamente, para leitura e download em PDF pelo site Archive.Org, que se propõe a compartilhar obras artísticas do mundo inteiro. Uma imensa biblioteca pública.

São 20 livros ao todo, a maioria já publicado pela extinta Editor'A Barata Artesanal, que criei em 2010 e que em quase nove anos, publicou, além dos meus, mais cinquenta títulos de vinte autores.

O objetivo não é altruísta, mas sim tentar tornar meu trabalho conhecido, além de afastar eventuais abutres que podem se achar no direito de usufruir pelo que não produziram, e sequer apoiaram. A publicação está de acordo com os critérios da Creative Commons, embora todos os textos tenham sido registrados no Escritório de Direitos Autorais.

Para acessar todo esse material - mais de três mil páginas - acesse: 


30/07/2019

Solidão é o Tudo

Solidão é o Tudo

Penso agora nas pessoas que sentem solidão. Eu não sinto. E não é por estar só. É bem por não estar, mesmo. O que é estar só? Pergunto ao passarinho. E nem ele me responde. Penso na solidão como algo a ser pensado. A solidão é o medo de estar só. O resto não é solidão. É só medo. Tenho tanto medo da solidão quanto tenho da morte. O medo não é da coisa em si, mas da dor. Na dor a dor que a antecede, na solidão a que a sucede. Penso na solidão como algo inevitável quanto à morte. Quanto à própria existência. A existência é inevitável, a morte é inevitável, mas seria a solidão também?

Penso agora nas pessoas que sentem solidão, e não sei se as invejo ou as temo. Não sei se as procuro ou as deixo em paz. Não tenho pena delas, como ademais de ninguém. Por escolha ou por consequência, a solidão é o destino. Sempre. Não procuro afagos, nem carinhos, sequer um boquete de uma puta. E quando a gente não procura nada disso, é por não sentir solidão. Se falo sobre isso, entretanto, é por sentir solidão? Se não sentisse solidão, eu estaria escrevendo sobre solidão?  Pode ser que sim, pode ser que não. Não se escreve apenas sobre o que se sente falta, embora nossas faltas sempre forneçam bom material para a escrita. Escreve-se também por aquilo que se tem. Como o prazer e a dor. E a solidão, que é o que se tem. Sempre é o que se tem, mesmo quando ela é enganada, ludibriada por alguma ou centenas ou milhares de companhias.

O "um" é o humano. E o humano é o um. E o um é solidão. Sempre foi, sempre será. A solidão é individualismo, embora às vezes seja egoísmo.

Penso agora em que acredita em não estar só. Solidão não é presente, é conquista; solidão não é desejo, é prazer; solidão não é janela, é porta; solidão não é incolor, é arco-íris. Solidão não é escolha nem opção, não é momento, nem situação; solidão não é porém nem talvez, não é mas nem porém; solidão não é erro nem acerto, solidão não é efeito, nem causa, não é bonita, nem feia; solidão não é solução nem problema, não é doença, nem cura; solidão não é verdade nem mentira, não é dor nem prazer; solidão não é macho, nem fêmea, não é alegria nem tristeza solidão não é nada, nem é tudo. Solidão é o nada e é o tudo. É o todo do nada, e o nada do tudo.

Outro dia perguntei à solidão: sabe quem com quem está lidando? E ela respondeu: não o conheço. Então eu lhe disse: deixe-me a sós, então. Incomode a outro.

28/07/2019

25/07/2019

Eu Não Sou Escritor

Eu Não Sou Escritor
Luiz Carlos Cichetto
Brigitte Werner By Pixavay

Não, eu não sou escritor de Facebook, nem de Internet. Somente. Nasci primeiro que essas coisas. Sou escritor. E ponto. Não de uma geração remelenta, politicamente correta, disfarce de estupidez e ignorância, e de submissão a ideologias corruptas.
Não, eu não sou poeta de Facebook, nem de Twitter. Apenas. Sou poeta antes de qualquer coisa. Sou poeta. E ponto. Não da geração das facilidades, dos computadores e celulares, das liberdades, e da rabugice precoce, alimentada de leite com mamão e açúcar.
Não, não sou artista de Facebook, nem de Youtube. Somente apenas. Sou artista das mãos sujas, das roupas rasgadas não por moda, mas por falta de dinheiro. Sou artista. E ponto. Não artista da fome, mas pela fome. Não da geração que tem fome, mas não come, por não saber nem comer, que morre de inanição diante de prato de feijão.
Não, não sou filósofo de Facebook, nem de Instagram. Nem apenas, nem tão somente. Sou filósofo por deformação, não por formação, de um diploma outorgado pela reitoria da faculdade do pensamento livre. Não da geração de cérebros triturados por professores de estória com camiseta vermelha, alimentada por mentiras e tolices sobre a humanidade.

08/12/2018

DOWNLOAD FREE - 10 Livros de Barata Cichetto

DOWNLOAD FREE - 10 Livros de Barata Cichetto

Aos amigos que afirmam gostar dos meus escritos, e que não puderam ou não quiseram comprar meus livros: acabei de colocar 10 deles - anteriormente lançados em papel - no Internet Archive para leitura e/ou download grátis. Os livros são:
- O Poeta Xingou Minha Mãe de Puta e Eu Lhe Dei uma Porrada
- Troco Poesia Por Dinamite
- Syd Barrett Não Mora Mais Aqui!
- O Poeta e Seus Espelhos
- O Cu de Vênus/O Câncer, o Leão e o Escorpião
- Manifesto Sem Eira Nem Beira
- Manual do Adultério Moderno
- Imprinting
- Falo
- Poemas de Pau Duro

O link: https://archive.org/details/@luiz_carlos_cichetto

Não deixem de comentar/favoritar. Enjoy

19/07/2019

As Portas da Liberdade

As Portas da Liberdade
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: Omar González por Pixabay 

O que falam de mim, não é problema meu. Meu problema não é que falem de mim, mal ou bem, meu problema é com quem fala de mim.
Estamos numa terra e num momento de absurdos, de ódios, de ostracismos, de matar de fome e de ódio quem não concorda com o pensamento absolutista de "esquerda". Isso é real. Perigoso e real. Fico me perguntado qual será o fim disso tudo, se é que um da isso terá fim. Toda a cultura e arte está nas mãos de um grupo que se auto-proclama "progressista", mas que não passa de meros ditadores, que são capazes de enforcar o próprio pai, e decerto o entregariam a seus ídolos políticos se fosse pedido.
Sou essencialmente um anarquista. Mas não um anarquista desses que andar por aí, com um pé dentro da esquerda - ou os dois. Meus dois pés estão fora de qualquer círculo político, e os odeio seja qualquer for seu espectro.
Há tempos percebe-se claramente a predominância de artistas ligados à "esquerda" em qualquer atividade. Isso não é novidade para ninguém. Em literatura isso é muito mais claro, pois é nítida a transformação de feiras e concursos literários em verdadeiros palanques. Basta pesquisar a história de todos os escritores que são elevados, que saem vencedores de concursos, aclamados em feiras e têm livros alçados à condição de best-sellers.
Eu, como muitos - poucos em relação ao todo, enquanto isso são tratados com ostracismo, ódio e desprezo. Pouco importa se a pessoa produz muito, se tem enorme talento, quando não alinha suas ideias com pautas socialistas e comunistas.
Mesmo fora do mundo cultural, não estar alinhado com essa ideologia, é sinal que teremos enormes problemas de relacionamento, mesmo dentro das famílias. Suas ideias serão rechaçadas, seu pensamento acusado de fascista, e seu trabalho e tudo o que fizer, jamais será respeitado e reconhecido.
Até mesmo contrariando os conceitos anarquistas, não, eu não quero um mundo sem portas, quero um mundo em que as portas de cada indivíduo sejam respeitadas, e que ele possa passar pelas que abriu, muitas vezes a socos de punho sangrando, mas que são fechadas muitas vezes em nome de liberdade como disfarce para a usurpação. Liberdade não é entrar por qualquer porta, liberdade é abrir suas próprias portas e respeitar qualquer porta, aberta ou fechada.

19/07/2019

16/07/2019

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu
Luiz Carlos Cichetto, AKA Barata

"(...) não há espaço nas calçadas para os personagens de Lou Reed. Festivais de rock hoje tem vibe de shopping center. E ‘Perfect Day’ foi cantada até por Susan Boyle. Lou Reed morreu ontem, mas o mundo que o tornou possível já tinha morrido faz tempo. (...)” - Camilo Rocha, "Lou Reed, o Cronista da Cidade Suja”, 28/11/2013

No mundo de (quase) 2020, não há mais lugar. Não apenas para as personagens de Lou Reed, como para o próprio, e qualquer um que ouse não ser politicamente correto à esquerda do espectro. Não há lugar para se cantar putas, bichas e travestis, sem ser apedrejado, processado, esquecido, ofendido. Nesse mundo de 2019, onde ando perdido e deslocado, não há lugar para artistas como Lou, Buk (a não ser para os que o usam como desculpas para serem bêbados), Henry Miller, e por tabela, não há espaço - nem para respirar - a pessoas como eu e tantos - nem tantos - outros. A sujeira debaixo do tapete sala de estar; a imundice disfarçada no barraco alimentado por bolsas do Estado; a educação jogada no lixo (em todos os sentidos da palavra educação, e em todos os sentidos da palavra lixo). A fome de que nos matam não é por falta de comida, mas de caráter. As putas ganharam o jogo e fazem plantão na porta de presídios pedindo a liberdade dos amantes bandidos, que lhes juraram amor eterno, apenas até gozar e balançar o pau. As putas ganham mal, não gozam, mas defendem seu cafetão, numa história que foi cantada de formas diferentes tanto por Lou quanto por Buk quanto por mim. Lou morreu rico, Buk também. Eu não. Ainda vivo. Pobre e fudido, como um personagem deles. Um personagem que não poderia ser descrito neste mundo de merda de (ainda) 2019. Um personagem feito eu não pode mais ser criado, sem que ele e o autor sejam processados, apedrejados, esquecidos. E eu, personagem de mim mesmo, ainda estou aqui, a despeito de tudo. Existo apenas como personagem de um autor fracassado, que jamais poderá existir enquanto a maldita e rançosa onda violenta do politicamente correto moer os cérebros.Muito obrigado, Marx e Gramsci. Seu genocídio corre muito bem.

16/07/2019

10/07/2019

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

“Feliz aniversário, envelheço na cidade!”.  Feliz aniversário, apodreço na cidade. Claro, podem afirmar preconceituosos e afoitos, o cara tem quase 50 anos... Lugar de velho é de pijama vendo a novela da Grobo... É, pode ser... Mas a realidade é que nunca gostei... E já tive 14, 17, 21, 26, 32 anos... E tive mais e menos que isso. Mas balada para mim sempre cheirou (Epa!) sacanagem... E nem sempre no bom sentido, se é que existem bons sentidos em sacanagem... Armadilhas da língua: sacanagem ser associada a sexo e... Sacanear, ferrar os outros... Mas sempre preferi um pequeno grupo de amigos, bem pequeno de preferência. Nunca curti maconha porque tinha nojo da baba que corre de boca em boca... Bah! Blergh!!!!!!!!! E se nunca gostei de balada, nos momentos em que as curti foi por desespero mesmo... Falta de companhia, vontade de encher a cara e falar com alguém... E quer lugar melhor? Tá todo mundo bêbado e ninguém vai lembrar de você no dia seguinte... Nem com quem você fodeu... No bom e no mau sentido... Ai vem de novo a língua pátria... Filha da puta, a pátria e a língua. Língua é bom, chupando meu pinto. Não gosto de balada nem de baladeiros comedores e baladeiras piranhas. Porque em baladas, todos comem e são comidos... Esse é o código, o segredo das baladas. Quantas promessas são feitas e quebradas em baladas... Quantas crianças nascem de baladas... Inconseqüências e suas conseqüências... Porque em balada se não se come ou é comido não é balada. Simples.... Simples balada. Quem, entre os baladeiros de qualquer espécie, nunca acordou do lado de uma baranga horrorosa ou de um desdentado sem nem lembrar como foi parar ali?  É... Balada. Foda isso! Pessoas têm sentimentos, mas em baladas parecem que são apenas seres em que o que importa é apenas o grau etílico e erótico. O que importa é foder, cheirar, beber... Sensações apenas torpes e que não edificam em porra nenhuma o ser humano. Baladas, baladas, "Sorrisos na Madrugada". É, mas sorrisos falsos, drogas batizadas, pessoas fúteis, músicos inúteis, donos de bares embriagados pelo dinheiro e um bando de moleques idiotas bebendo e se drogando... E enchendo o rabo dos poderosos. Baladas, baladas.... Baladas tristes em forma de tango... Rock Balada é uma piada. Balada, Piada Balada. Eu não gosto de balada e nunca gostei. Bares noturnos são açougues onde a carne humana é exposta a compradores que nem sequer exigem a de primeira. Carne humana, no mercado de consumo é a mais cara... Ou a mais barata. Que importa se é Funk, Rock, Pagode, Axé ou a puta que o pariu. Balada é balada. Onde todos se divertem, se fodem, fodem os outros. Balada é trono do egoísmo. Competição de tamanho de pênis ou de quem é mais piranha. Quem dá mais, quem deu mais, quem come quem... São as disputas no leilão humano das baladas. Balada é balada! A competição é o que dá o tom. Seres noturnos com orgulho de sua cegueira permanente á luz do dia. Pobres crianças com cheiro de mofo e naftalina. Pobre, pobres crianças que não acreditam no dia. Quero estar morto ao amanhecer e não gosto do cheiro de vômito em meu cabelo. Nem o de maconha, que enjoa meu estômago. Ai, garota, gosta do cheiro de esperma em sua boca quando acorda de manhã? Quem dá pra quem, quem come quem nesta balada? Quantos pintos você chupou ontem à noite? Gosto de pinto é igual? Mesmo sem lavar? Lavou tá novo? E ai, cara, quantas bucetas você comeu ontem? Tinha cada bucetinha naquela balada, né? Todas putinhas, né?! Cê não vai querer casar com nenhuma delas, né?! Ai... O Punk da Periferia, da Freguesia do Ó...Ou da puta que o pariu... Em quantos caras deu porrada ontem em sua balada? Uma porrada, né?! Sai piranha que meu pinto está mole! Não quero te foder porque você é cara demais pra mim... E ai... Diz uma coisa pra mim: Você já deu o cu hoje? Não?! Mas ficou com vontade né?! Quando eu quiser foder alguém pago uma puta bem gostosa e dai nem tenho que lembrar ou ser perguntado do nome dela. Puta é tudo igual mesmo...! Seja em balada ou no puteiro! Puta é puta, na esquina ou na balada. De salto ou saltando. Mas o dia ainda nem chegou e minha balada escrita ainda nem chegou ao final... Passe seu melhor perfume, lustre a botinha, coloque uma saia bem curtinha, guarde uma grana pra breja e outra pro motel - acaso o muro atrás da balada machuque sua bunda. E tchau. Mas não me espere em sua balada. Ah, não esquece da porra da camisinha para encher de porra, porque ninguém quer ai mais uma piranha ou pirralho cheio de doença venérea fodendo os outros. Puta sacanagem! Prefiro o “Banquete de Lixo”, porque “O hoje é apenas um furo no futuro por onde o passado começa a jorrar. E eu aqui isolado, onde nada é perdoado, vi o fim chamando o principio, pra poderem se encontrar.” E também sei que agora é Luiz Carlos Cichetto que Barata vai encarar “Nem todo bem que conquistei nem todo mal que eu causei me dão direito de poder lhe ensinar” Meu amigo Kraciunas já me disse depois de umas, que eu não sou nenhum demônio, não sou bom nem mau. E hoje vi o furo do futuro jorrando vinho azedo em minha cabeça, o meu principio e o meu fim se encontrando em meu sepulcro e o Certo e o Errado, de braços e pernas dados transando que nem loucos. Estou cansado de ser um mendigo que apresenta um banquete de lixo cultural. E eu não penso melhor parado, estou desempregado mas sou escritor. Eles não avaliam seu preço se baseando pelo nível mental que eu estou usando. E minha cabeça está de graça hoje. Procure na barraca da feira de amanhã ou procure nos restos daquele restaurante de luxo da esquina da sua casa. Eu morri e sei mesmo qual foi aquele mês, foi Outubro, de um ano que nunca começou. 1977 é um ano que não tinha que existir. Eu morro e morri e nem sei o que fizeste, Metrô Linha Leste Oeste. Pouco importa, porco importa! Pesadelos Mitológicos Número 3, Senhora Dona Persona...  “Todo homem tem direito de pensar o que quiser, todo homem tem direito de morrer quando quiser, direito de viver pela sua própria Lei.”  É, sou mesmo outro canceriano sem lar e sem bar... Estou sentado no chão, tossindo, trancado dentro de mim mesmo e a mobília é parca e gasta. Acabei de tomar minhas três ou quatro doses de Cynar puro e a Clínica Tobias é aqui. E eu nem sei o que acontece e minha enfermeira chega daqui a pouco com sua dose de morfina em forma de palavras religiosas e eu sou apenas um velho internado em um asilo de loucos. Uma lista e baladas que eu não gosto esperam por mim, mas estejas sozinha nessa, cara criança, porque prefiro comemorar seu aniversário metendo uma bala na minha cabeça. Balas, balas, baladas. Revólver e revolver. Volver e voltar. Nunca voltar, porque a vítima nunca volta ao lugar do crime, apenas o criminoso. E eu não matei ninguém. Fui morto e enterrado no fundo de uma cova rasa. Saqueado e sacaneado. Mas não importa, minha gostosa! O que importa é que queria mesmo era foder sua bucetinha melada, mas tudo bem, eu não gosto de baladas nem de mulheres bêbadas cujos clitóris estão no lugar do cérebro. Do mesmo jeito que eu minhas veias não corre esperma, mas sangue. Não gosto de mulheres que têm o útero no lugar do coração e portanto por elas não sinto tesão. Gemidos, minha piranha, são apenas gemidos e unhas rasgam e cortam, por prazer e de tesão ou por vingança. Queria mesmo lhe dar os parabéns, mas lhe dou minhas condolências, queria lhe dar prazer, mas tenho nojo daquilo que senti quando comi sua bucetinha sem dono. Dá pra mim, só hoje vai! Eu vou pra balada contigo, te como depois caio no mundo. Ta, eu não gosto de balada, mas gosto de foder sua buceta. Gosto do melado que escorre dela.  Quase 30 e não és mais uma criança. O Punk, ele não é mais uma criança, não tenha a pretensão de ser uma criança rebelde, porque o  rebelde sou eu. Escorpião come barata e as vezes uma barata astuta come um escorpião...Pelo rabo! Dá o cu pra mim que eu não conto pra ninguém! Estou com fome, acho que preciso comer alguém! Tem balada hoje? Me chama, que depois que a balada acabar eu te como no fundo do salão. Convide suas amigas e então sua festa estará completa. Não minta, apenas sinta. A gente pode colocar uma trilha sonora bem legal, dança coladinho, isto é eu colando meu pau bem junto com sua bucetinha inçada, que acha? “So Very Hard To Go” é o caralho, eu nunca parti porque eu nunca cheguei. Fui apenas uma balada prolongada por mais noites que eram necessárias.  E o hoje não é apenas um furo no futuro, amigo. O hoje é apenas a buceta do passado, por onde o melado continua a jorrar.  Que resta? Nem balada nem buceta melada, o que resta são fantasmas de um dia que nunca começa, de uma noite que nunca acaba e de um tempo que insiste em não apagar. Não quero saber que música tocará em meu velório, nem que médico lhe enfia um supositório.  “Porque é noite de balada, sorrisos na madrugada... Desculpe só estou de passagem... Desculpe se canto em sua homenagem... Dinheiro não compra a verdade... Quem sabe a felicidade...Feliz noite... Embriagada...” Meus olhos agora pouco enxergam, meus dentes pouco mordem. “Seus olhos pequenos da cor da terra, me fazem lembrar a guerra” Pois é, o problema é que usas lentes de contato cor de mel, igual uma tigresa de unhas negras e eu, entre a serpente e a raposa, fiquei com a solidão. E não tenho uma faca, nem o mapa, estou perdido e não posso cortar mais os pulsos como antes. “Um grande amor do passado se transforma em aversão e os dois lado a lado corroem o coração” Mas hoje é noite de balada e eu não gosto de balada e quero esquecer que agora ainda hoje. Quero descer da solidão e da tristeza, mas os devaneios tolos ainda me torturam.  Chega mais, vem cá! Deixa eu enfiar minha língua na sua orelha... No cu? É... Talvez.. foi muito bom quando eu enfiei a língua no seu cu. Mas agora minha língua está mole.  “Tente passar pelo que eu estou passando”  Hoje eu acordei sem uma gota de sangue no corpo. Sem uma gota de alma no sangue. Afinal, esquecestes que eu lhe dei minha alma e a trocastes por um par de calcinhas? E por um par de algemas? Portanto o prisioneiro não sou eu, porque fiz as chaves das minhas próprias vísceras. Agora estou terminando, desculpe eu morrer, desculpe eu estar morto e não poder ir até ai lhe apertar a mão... Nem os peitos. Desculpe eu estar morto e não poder ir até ai enfiar o dedo na sua buceta nem comer do seu bolo nem comer seu cu. Apenas não gosto de baladas nem de putas baratas.

26/10/2006

Que Venham as Putas!

Que Venham as Putas!
Luiz Carlos Cichetto

Quero acordar de manhã tossindo e peidando. Fumar quatro maços de cigarros por dia, beber todas as cervejas que existem e depois bater cabeça ao som do bom e velho (ou novo) Rock'n'Roll. A liberdade é minha e eu a conquistei. Sou Barata e não barata, sou anjo, rebelde e torto, solto principalmente. Minhas asas não carregam ao céu nem ao inferno, porque como disse, estou livre. Não prendam minhas asas, não amarrem meus pulsos. Deixem minhas pernas caminharem até onde eu quero. O destino é meu e de nenhuma bruxa. Não quero dizer eu amo, porque não retrata meu ser. Quero peidar sem censura e andar sem frescura. Acordar e tomar café na padaria, andar as cinco da manhã falando com os mendigos do centro da cidade. Quero beber até cair, cair até beber. Beber com as putas, beber, beber... E dai, que alguém tem com isso? Depois de cinquenta anos minha vida é minha e não quero mais tomar conta de ninguém. Cada um que tome conta da sua própria existência. Não sou professor nem padre. Deixem rolar as pedras, Keep The Rolling Stones, Meet The Beatles e Purple haze into my brain. Não caio em buracos porque aprendi a andar pelas calçadas, minhas pernas estão soltas e minhas botas gastaram os saltos de tanto eu pisar em pedras. Mas as putas ainda gozam e bebem comigo. Acreditam em putas que gozam? Eu também! Apenas não acredito é em anjos, porque anjos não gozam... Nem fingem. Quero putas e desejos alados, pés bonitos e olhares lânguidos. Cansei de olhares cansados e que imploram por dinheiro e misericórdia. Freiras e putas estão perdidas. E daí? Quero transar com todas! Ontem bebi até cair e quase não acho o caminho de volta... Mas nem sempre quero voltar. Voltar para onde, se eu nunca sai? Deixa de frescura, que eu não gosto de beijo na boca. Gosto mesmo é de chupar bucetas de putas. Eu não posso recolher seus cacos porque ainda nem acabei de recolher os meus. Não quero mais caminhar carregando pedras. Desliguei o telefone, aliás arranquei o fio. Rasga meu número, esquece o endereço. Eu não moro em lugar nenhum nem com ninguém. Não quero magoar ninguém então prefiro estar só. Moro dentro de mim e entro dentro de você apenas para ver seu coração e o sangue que corre em suas artérias. O mundo é uma buceta quente e melada e eu quero me enfiar nele. Até o pescoço, quero chupar feito manga até o caroço. Oh, minha querida, apaga as luzes que estou de ressaca e a lua incomoda. Desliga o botão e apaga o sol. Quero dormir até mais tarde hoje. À noite todos os gatos são pardos e todas as gatas estão no cio. As cadelas gemem de tesão e eu quero mesmo dançar Rock'n'Roll. Let it bleed. Eu não sangro mais porque não quero. Dor nem sei mais o que é, do mesmo jeito que saudade. Saudade, falam, existe apenas na língua portuguesa. Então inglesas não sentem saudade? Austríacas não sentem saudades? Que estranho! Nem eu, que sou o mundo sinto saudades. Saudades? Apenas do cigarro que acabei de apagar no cinzeiro. E da garrafa de Cynar que acabei de tomar. Daquela putinha que fodi ontem naquele puteiro cheirando a mijo e incenso barato também. Meus cabelos estão longos e minha paciência curta. Não tenho idade para ter paciência. Paciência é coisa de velhos, por mais paradoxal que isso possa parecer. Acorda, que eu tive um pesadelo anteontem, uma noite em que eu não consegui dormir, porque a lua não deixou. Abriram um buraco no meu peito por onde quiseram entrar, mas eu eu tapei rapidinho, com o asfalto que sobrou. Minha barriga ronca mas eu não quero comer agora. Não gosto de comer sozinho e então prefiro não comer. Tomo outro gole de café gelado porque estou com preguiça de esquentar. Porque chegastes chegando e ai foi falando em paixão? Eu não quero! Por um momento acreditei que poderia querer outra paixão, mas tenho que continuar afirmando: amor? Nem de mãe. Porque eu sei que apenas a dor carrega à sabedoria e quero apenas saber com quantos paus se faz uma canoa. Quero construir minha canoa e atravessar o rio até a outra margem, onde putinhas de dezoito anos esperam para chupar meu pau. E o rio é feito de Cynar. Até lá, quero estar em qualquer lugar e acordar onde quiser. Tem uma puta que gosta que eu a chupe, então... Um monte de livros ainda precisam ser lidos e eu nem sei por onde começar. Parece que foi ontem e a semana que vem ainda nem começou. Fui dormir cedo porque enchi a lata, até a tampa... Então não ligue que estou pelado e bêbado. Até qualquer hora onde a estrada poderá carregar. "Bêbados não marcham" e eu nem quero marchar. Soldados são tristes e as putas são alegres. Então que venham as putas!

11/5/2007

Coçar a Cicatriz, Xingar a Meretriz e Sonhar Com a Imperatriz

Coçar a Cicatriz, Xingar a Meretriz e Sonhar Com a Imperatriz
Luiz Carlos Cichetto

Au Salon de la rue des Moulins - Henri de Toulouse-Lautrec

Queria mesmo deixar de falar sobre a ferida que teima em doer, da falta do remédio e da falta de destino, mas o que consigo apenas coçar a cicatriz, xingar a meretriz e sonhar com a imperatriz. É difícil pensar sem sentir dor, difícil chorar sem lágrimas, difícil é perceber que não existe um caminho. Quebrei meus óculos e agora não consigo enxergar um palmo adiante de meu nariz. Que importância tem isso pra quem da vida ainda é aprendiz? Onde minha verdade me levará? Bem mais longe que suas mentiras! Deixei uma porção de sonhos enrolados em papel de seda, dentro de uma caixa de madeira que eu mesmo construí, além de um colchão e de um fogão. Pouco importa onde deitar e que camas que esquentar, porque estou congelando no Inferno. Mas porque então tenho uma tristeza infinita, o coração apertado que não sei quando é saudade e quando é ódio? O ócio causa o ódio e eu nem sei até que esquina eu chego sem tropeçar. Há bêbados e putas demais nas ruas e as estrelas não tem graça nenhuma. Preciso de uma eternidade, quero a humanidade, sei que estou perdido e o caminho é comprido até o fim. Pedras esparramadas, hematitas, navalhas e relógios. Então, conto um conto e não aumento um ponto. A que ponto chegamos? A que ponto chegamos! Ao ponto final, de exclamação, de interrogação eterna. Pontos, reticências, acentos. Sem aspas nem caspas, apenas cabelos pintados da cor do Inferno. Andar é caminhar e não sei ficar parado. E eu, que  nunca entrei num motel. Foder é bom, transar melhor, mas o ideal é fazer amor. Tem mulheres que gostam de dar e se acham liberadas, mas elas gostam apenas de dar então são apenas putas. Não gostam mesmo de sexo, nem de homem, gostam de dar. Mulheres de verdade gostam de dar... E de receber... De doar, não apenas dar. Boca suja, cala a boca e abre as pernas, sua piranha! Putas não gostam de sexo, gostam de dinheiro. Então onde estão as mulheres de verdade? Trepar, transar, meter, foder... Tudo isso tem que ser uma troca de desejos, de líquidos, sólidos e gasosos. Não apenas de dar... E receber... Dinheiro ou coisas de volta. Onde é que está meu Rock'n'Roll??? Existem as putas, as fêmeas e as mulheres. As putas gostam de dar e tem orgulho disso, apenas dar a buceta e receber sempre algo em troca, de favores a dinheiro, de suporte de carência a remédios; de documentos de posse a posses de documentos, incluindo ai certidão de casamento. As fêmeas também gostam de dar não apenas dar a buceta, mas dar carinho, paixão; mas termina no sexo a relação; apenas satisfazem uma necessidade fisiológica. E sabem suportar melhor a dor... Dos outros... Mas existem por fim as mulheres... Uma espécie animal em extinção, pois gosta de dar a buceta, mas também de chupar, de ser chupada, de gozar e fazer gozar, mas também está pronta para a dor em comum e que consegue gritar tanto de prazer quando de espanto, que segura tão bem uma espada quanto segura um pinto; que segura tão bem a barra de ser companheira e guerreira. Onde andam as mulheres? Não sei! As putas e as fêmeas eu conheço bem. Onde andam as mulheres? As mulheres podem ou não ter tatuagem, possa ou não usar piercings, saias curtas, botas e estereótipos de putas e fêmeas, mas precisam ser mulheres, não apenas putas ou fêmeas. Precisam sim gostar de sexo e de dinheiro, mas não podem ser escravas do desejo e da cobiça. Rainhas não existem ou são caras, putas são caras, fêmeas são caras, mas mulheres de verdade são baratas. Peco por falar, pecados do calar, emudeço quando tenho sede, morri na beira de um poço, mas ah, seu moço, deixa eu morrer em paz que ainda tenho um caminho comprido a percorrer. Tenho dois livros a ler e outros tantos que não consigo entender. Nunca entendi os poetas nem as mulheres, são todos fingidos e mentirosos. Quando eu acordei ontem tinha uma dor nas pernas e nem conseguia andar. Não existe remédio que faça um morto caminhar. Acordo? Nem quero, é melhor dormir e ter pesadelos. Quero uma navalha, cortar minha jugular, deixar meu sangue escorrer, porque sem sangue não sinto dor, não sinto nada, não sinto saudades daquilo que não posso sentir. Saudades da dor, pobre poeta idiota! Acreditastes que ao falar era com sua alma, não com sua buceta! Acreditastes nas outras vidas quando é nesta que tens que acreditar, seu inútil! Papagaios e cadeiras de balanço... Bobagem! Abandonastes sua arte em troco de uma buceta??? Burro! A arte lhe dará tantas bucetas quantas puderes foder! Ou não! Mas de qualquer forma sua arte é uma grande buceta cabeluda, gostosa e cheirosa... Buceta de puta... Gratuita que não lhe faz pagar por um prazer que é só dela. Acorda, portanto e segure seu pinto, bem duro e bem tesudo. Anjos tem asas, mas galinhas também tem! Nunca confire em paixão de putas, putas mentem, e quem mente também rouba, esta era a filosofia da mãe de Ray, Charles. Real filosofia. Deixa eu escutar Miles Davis, chorar até secar e depois espetar um palito de churrasco na jugular. Segunda-feira é dia de trabalho, seu imbecil, deixa de lamento e pega uma picareta. Arte não é trabalho, arte é vagabundagem, lembra o que a professora lhe falou. Chutaram seu rabo, não é, Poeta Idiota! Então deixe de ser idiota, ou deixe de ser poeta, o que é a mesma coisa. Putas são frias, geladas e usurárias, não acredite em seus gritos de paixão. Ninguém reconhece um artista, nem um pedreiro, mas pedreiros constroem casas e casas dão prazer. Então um pedreiro constrói o prazer? A luta é dura e meu pau agora amoleceu. Não como mais nenhuma puta sem dinheiro. O preço das honestas é muito maior. Caras putas, caríssimas honestas. Deixa estar que um dia eu lhe compro um par de brincos de ouro, um anel solitário e outra navalha. Atende o telefone, que é seu cafetão. Atende o celular que é alguém querendo lhe alugar. Desabafa então comigo sobre o que é ser puta e eu lhe desabafo sobre o que é morrer. Ambos estamos mortos, a diferença é que sei do que se trata morrer. Sei o preço das coisas. Deixe então de ficar procurando o gozo das putas e encontre o seu, Poeta dos Infernos! As putas te seguirão, Poeta das Perdidas! Encontre seu caminho, e faça com que ele seja apenas seu! O que é seu lhe pertence, por direito e de fato. Crie seus próprios vaticínios, crie seu próprio destino. É seu e de ninguém mais. Para ser forte não é preciso carregar ninguém nas costas. Fui!!!

10/5/2009

09/07/2019

Carta de Um Velho Safado a Uma Barata de Bar

Carta de Um Velho Safado a Uma Barata de Bar
(Um Tributo a Charles Bukowski)
Luiz Carlos Cichetto


Olá, querida barata:

Estou lhe mandando a presente afim de lhe contar o quanto foi importante o nosso encontro de ontem á noite, quando eu tinha bebido demais, fumado de mais e amado de menos.
Sabes, querida barata, que aquele bar onde nos encontramos carrega por aquelas imundas e gordurentas mesas e balcão, histórias que apenas as baratas e a sarjeta da rua em frente conhecem.
Minha cabeça dói, amiga barata e acaso a sua também doa ao mexer suas antenas, não ligue, em poucas horas ou depois de outro porre, passa.
Hoje, escondida pelas frestas ao lado da pia imunda da cozinha do bar, certamente não lembrarás mais de mim e sei que outros bêbados solitários encontrarão em suas antenas, os ombros que precisam.
Têm horas que penso que sou igual a uma barata, mais porque nós humanos lhes achamos imundas e doentias, menos porque respeitamos sua capacidade de sobrevivência; mais porque as tememos, menos porque as respeitamos por sua capacidade de alimentar de absolutamente qualquer coisa, enquanto precisamos comer em bares e plantar e esperar.
Querida amiga, a solidão humana é coisa que apenas as baratas compreendem e sei que quando escutastes sobre minha solidão gargalhaste de um jeito a querer dizer "Estou certa disto!".
Sabes, amiga barata de balcão de bar, sou apenas um velho safado, nem carteiro nem poeta, apenas arremedo de escritor. Mas como escritor escrevo e como o carteiro entregava cartas ao poeta, lhe entrego esta, certo de que com o mesmo respeito que o poeta tratava o carteiro e suas cartas, tratarás a mim e minha carta.
E, amiga barata, sou apenas um velho safado, carteiro da ilusão, da angústia e da solidão. Sabes, querida amiga que encontrei naquele balcão fedorento e gordurento, queria lhe agradecer por escutar minhas queixas e minhas mágoas, por ficares ali, parada, quieta, escutando cada palavra que a embriagues me impunha, me trazia á boca e eram pronunciadas com dificuldade.
Obrigado por ficar ali, apenas mexendo suas antenas, sem censura nem pudor. Queria lhe agradecer por bebericar minha bebida em goles tão pequenos, por andar de um lado ao outro do balcão tomando conta de mim, quanto a bebida me fazia dormir; por andar nas bordas do meu copo tomando conta dele, porque afinal quem beberia num copo em que uma barata andara?
Queria lhe agradecer porque quando finalmente minhas pernas responderam aos impulsos do cérebro embriagado e responderam mesmo que trôpegas aos passos, também correstes de volta a sua fresta junto a pia da cozinha do bar, de um jeito a me dizer "Bom dia!".
Queria saber, querida barata de bar cujo nome - igual a de tantas putas com as quais dormi - desconheço, sobre o que achastes daquele livro que eu portava e que passeastes pelas páginas abertas, um pouco invejosa porque não falava de ti, mas de moscas de bar. Grande injustiça aquela, realmente! É é por isso que decidi lhe mandar esta carta e espero que a leia antes que o dono do bar descubra teu esconderijo, logo ao lado da pia da cozinha, onde ontem á noite não me deste um beijo de bom dia!
Sei que por sua coloração - e eu andei estudando sua espécie do mesmo que jeito que estudas a minha - também és uma veja velha barata safada. Aliás, porque me refiro a você no feminino, se nem sei seu sexo? Mas realmente não importa que sexo um amigo tenha ou se é uma barata ou outro ser, mesmo que humano. O que sei é que pensas, porque mexes as antenas o mesmo jeito que eu quando penso, balanço os braços. E sei mais ainda, que fantástica amiga serias por ter três pares de braços (ou seriam três pares de pernas?).
Não ligues, não, ás queixas deste que lhe manda esta carta, sou apenas um bêbado, um velho safado em busca de uma paixão perdida. E uma paixão eterna e etérea, a paixão pela vida, perdida - a paixão ou a vida - em um tempo em que eu não era nem velho nem safado, nem bêbado sequer era. Aliás o que eu era era um não ser, mesmo que um ser humano, enquanto sempre fostes e serás uma barata de bar.
Não mostres, minha cara, esta carta a outras baratas e principalmente a outros seres humanos porque, principalmente estes, hão de dizer que além de um velho safado, sou um velho louco, conversando com baratas. Certamente irão dizer que a bebida e a solidão embotaram minha mente a ponto de ter delírios e, embora digam que não, irão incluir minha carta em um fabulário geral do delírio cotidiano. Guardes segredo, amiga. Mas não o segredo dos padres, mas o segredo das adúlteras.
Quando quiseres, abandonas a fresta próxima a pia nojenta e gordurenta do bar onde a conheci e chegues a minha morada. Ali terás o abrigo em uma fresta próxima de minha cama, onde meus pesadelos acompanham as noites em que não durmo embriagado. Terás ali papel e bebida, que é tudo o que precisam um escritor e uma barata. Serás então minha confidente de todas as noites, sem que eu precise beber debruçado num imundo balcão de bar afim de poder me escutar.

5/11/2001

Tudo Certo. Tudo Politicamente Correto

Tudo Certo. Tudo Politicamente Correto

Um homem idoso dá uma cantada sexual numa garota de vinte e poucos. Ele diz que ela é gostosa, que quer transar com ela e um monte de coisas. Ela responde que não vai transar com um velho babão e xinga o velhote de machista, diz que ele não se enxerga e um monte de coisas. Ela o processa por assédio. Ele a processa por preconceito contra idoso. Estão presos. Ninguém trepou com ninguém. Nenhum dos dois gozou. Ela virou lésbica na cadeia, afinal homens são todos uns porcos. O velho morreu na cadeia, afinal lá se dá ou se morre protegendo o cu. Os advogados processaram os dois por falta de pagamento. A União recolheu as custas do processo. Os políticos fizeram as leis para proteger a sociedade. O presidente foi pego roubando. Ninguém sabe. Ninguém viu. A garota foi pra Marcha para Jesus. O velho para o cemitério.

A vida segue. Está tudo certo. Está tudo politicamente correto.

21/10/2017

05/07/2019

Like The Hurricane

Like The Hurricane
Barata Cichetto
Antagônico, busco uma dor que enfraquece meu corpo, mas fortalece a minha alma; irônico, dou tiros no escuro tentando abrir buracos na escuridão; crônico, sonho com minhas doces amantes e tenho pesadelos amargos comigo mesmo.
Sou feito o furacão, like the hurricane, forte, inquieto e destruidor, mas apenas uma força natural; consumo a mim mesmo, depois parto deixando uma lembrança de mim que nenhuma outra tormenta apaga; lembro de mim mesmo com ódio e com ternura daquilo que destruí; tenho saudades do parto e saudades antes do partir, mas depois parto ao meio meus sentimentos e dou a metade que sobrou à mendiga que, enlouquecida e entorpecida pela fome, brada que a insanidade é inerente á humanidade. 
Poeta profundo, do tipo perdido, que apenas encontra salvação na arte, num tipo de arte dolorida e inglória; mas não tentem salvar minha alma, que ela foi perdida quando eu nasci; não tentem salvar a mim de mim mesmo; ninguém é perfeito, mas eu não sou um mal sujeito, nem bom bem mal, apenas Poeta.
Estou à solta, sem crime nem castigo, sem perdão nem oração; categórico, instalo bandeiras no alto do meu precipício, depois salto de cabeça do alto do edifício; mas não busquem meus pedaços na calçada, peguem as folhas soltas das poesias que lancei ao ar no momento da minha queda.
Eu morro, mas não solto, padeço, mas não largo mão, apodreço, mas não... Não, não morro enquanto viver em mim a dor. Pobres amantes, não entendem de dor, nem da dor causada por elas mesmas! Não sou rocha, sou tocha humana queimando de minha própria combustão; não sou cristalino em minha dor, guardo as maiores a mim mesmo; e não acredito em anjos nem em deusas, sou um demônio que foi jogado á Terra em busca de pedras perdidas, asas partidas e putas arrependidas.
Reflito agora sobre a liberdade e as guerras santas, internas, contra mim e contra o que eu achara ser amor. Não posso amar, não sei mesmo o que é o amor que proclamam nas histórias, nos poemas e nos filmes. Porque meu amor é mais intenso e quente que qualquer história. Nem àquelas por quem abandonei minha alma, também conhecida por "Poesia", souberam compreender.
A arte, apenas ela, compreende e procura aqueles que a alimentam e suprem. Arte é autofágica, vampira e santa ao mesmo tempo. Arte é feito cachorro: é ele quem escolhe seu dono e não adianta outro alimentar que ela irá lhe morder a mão.
Agora, preciso sair e fumar, cigarro pode matar. Pode! Mas a vida mata ao certo, viver é fatal; é proibido pensar em áreas públicas, de uso comum; é proibido ser poeta, que arte é cancerígena; ambientes enfumaçados deixam o cabelo das belas fedido. Então, amadas, lavem o cabelo e deixem eu morrer tossindo.
Sonhei com minha própria morte - “Era um sujeito de sorte aquele homem!”, declarou sobre meu caixão uma puta, trajada de preto e com um cigarro na mão; amadas riam bebendo refrigerantes baratos, padres gargalhavam e o único choro que podia ser escutado era da Poesia, prostrada e um canto, desenhada em uma folha de papel.

09/12/2009

04/07/2019

O Dia Em Que Eu Morri

O Dia Em Que Eu Morri
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: Jonny Lindner por Pixabay

O dia em que eu morri foi igual ao dia antes e ao dia depois de eu morrer. Para muita gente foi diferente, mas não para mim. Naquele dia, assim como nos anteriores e nos posteriores, eu não sabia que tinha morrido. Todos são dias de morto para mim.
No dia em que eu morri, como em todos os outros dias, eu não fui lembrado, a não ser por três ou quatro amigos. Alguns até lembraram mandaram uma mensagem à viúva afirmando minha bondade e outras inverdades que se falam quando alguém morre, ou quando se deseja bajular. Estranha essa mania de as pessoas bajularem os mortos, como se eles tivessem ouvidos, como que se pudessem ser ouvidos. Ou como se quisessem.
Aquele dia eu não acordei, como não acordo nenhum outro dia. Não inspirei em aspirei o ar como nunca faço. A diferença foi que não acendi um cigarro, nem preparei café. Apenas fiquei deitado, morto, como faço todos os dias antes de morrer.
No dia em que morri, como em todos os outros em que estive morto, meus filhos não falaram comigo, ocupados com suas lutas, meus pais continuavam preocupados, como em todos os outros dias em que me abortaram, em guardar dinheiro para quando morrerem; e todos eles tiveram desculpas para não me verem morrer: as mesmas desculpas que usaram para não me verem viver.
O dia em que morri não aconteceu nada além da mesmice de todos os outros dias: políticos continuaram roubando e as pessoas brigando por eles; os donos do mundo continuaram a mandar, e os mandados continuaram a andar pelo mesmo caminho. Tudo era muito igual, e nenhuma pena caiu do céu em minha homenagem. Nenhum pássaro cantou diferente. Os ponteiros do relógio, mesmo daqueles que não tem ponteiros, continuaram a marcar as horas, até completarem as vinte e quatro do dia em que morri; e depois continuaram sua marcha marcando o dia seguinte ao da minha morte, sem se importar com quem ficou para trás, atrasado, perdido ou morto no tempo. 
Eu não sei a que horas foi que morri, que não uso relógio de pulso.
No dia em que morri não aconteceu nada que algum jornal pudesse dar notícia, a não ser as mesmas que dão desde que existe jornal, apenas mudando as palavras, as pessoas e os lugares. 
Enfim, no dia em que morri, apenas foi um dia qualquer em um lugar qualquer, como qualquer dia em que eu não tenha morrido.

04/07/2019

27/06/2019

Sebos & Puteiros

Sebos & Puteiros
Luiz Carlos Cichetto

Sempre gostei de freqüentar sebos e puteiros. Mas o que têm em comum os livros e as putas? Tudo! Ou ao menos tudo o que oferece prazer, descoberta e diversão. O enorme prazer em abrir um livro e as pernas de uma puta... A descoberta eminente de uma nova história ou pensamento escondidos debaixo da capa de um livro; rugas, defeitos,  perfeições e perversões debaixo das mini-saias das putas. Quantas novas experiências e vivências conquistamos ao ler um novo livro ou ao trepar com uma nova puta? Quantos novos prazeres existem em cada página de um livro e em cada dobra do corpo de uma putinha? Quantos novos prazeres descobrimos em livros e em putas?  Todos!
Deveria existir estantes de livros, de preferência usados para combinar com as putas, dentro de puteiros. E deveriam existir putas atendendo em sebos. Putas lendo livros antigos, usados, à beira de estantes de sebos. Putas sendo comidas em cima de pilhas de livros, putas lendo histórias em salas de espera de puteiros. Putas cultas e livros putos. Putas que escrevem livros e escritores que fazem programa em puteiros... O mundo ideal: apenas putas e livros! O som das folhas de um livro sendo viradas, e dos gritos de tesão de uma puta. Os gritos de tesão das putas podem ser falsos tanto quanto um mau escritor... (Um bom escritor nunca é falso, tanto quanto uma boa puta nunca solta gritos falsos de tesão).
Passei minha adolescência inteira dividida entre os puteiros e os sebos, entre os livros e as putas. Uma vida dividida entre dois prazeres. Sempre gostei de putas, porque elas são mais honestas... As putas são até mais honestas que os livros, a não ser quando nos livros, os personagens ou autores são putas. Livros são livros, putas são putas! Óbvio! Alcoviteiro das letras, prostituístes as letras e as palavras dos livros e eu nem sei quando termino de escrever um livro que comecei dentro de um puteiro há uns três anos atrás. 
Ontem fui a um sebo que fica ao lado de um puteiro. Comprei um livro de Bukowski, capa suja e amassada, páginas amarelas, gasto, cheio de marcas. Depois, com o livro debaixo do braço, subi as escadas do puteiro, feliz com minha compra. O segurança sorriu irônico, pois não é comum alguém entrar num puteiro com um livro debaixo do braço. E as putas então, surpresas e curiosas, porque tão pouco é comum alguém lendo um livro sentado no sofá da sala de espera de um puteiro. Mesmo que seja de Buk.
Num dos contos, ele narra uma transa, que eu fiz questão de repetir, cena por cena, com a puta com quem me tranquei no quarto por quarenta minutos. Quarenta minutos... Quantas páginas de um livro eu teria lido em quarenta minutos... Mas por outro lado é um tempo razoável para transar com uma puta. As putas têm pressa! Os livros e as fodas para elas têm que acabar logo, bem ou mal. Mandei puta chupar meu pau enquanto eu lia para ela algumas passagens do livro. A boca dela deslizando no meu pau e meus dedos hora em suas costas e pescoço, hora virando as páginas do livro.
- Buk, você é um velho safado! – Eu gritei quando gozei na cara daquela putinha. Ela tentou virar o rosto, mas não deu tempo e seus olhos e boca se encheram de esperma. Arranquei uma das páginas do livro, uma que eu já tinha lido e dei para que ela se limpasse. Ela arrancou o livro da minha mão e atirou pela janela. Dei-lhe uma sonora bofetada e ela caiu sobre a cama, pelada e sangrando, mas antes que começasse a gritar por socorro joguei meu corpo sobre ela e enfiei meu pau em sua bucetinha lisa. E como todos sabem que putas não beijam, não procurei por seus lábios, apenas a fodi, com o mesmo tesão com que Buk descrevia suas fodas. Quando acabei, joguei trinta pratas sobre os peitos dela, coloquei a roupa e desci correndo as escadas atrás do meu livro, que solitário jazia na calçada com o velho desgraçado do Buk sorrindo com aquela cara de puta bêbada sem-vergonha na capa.
- Buk, você era mesmo um velho filho de uma puta! – Ainda murmurei, enfiando o livro debaixo do braço e descendo a rua em direção ao próximo sebo... Ou puteiro.

21/09/2007

20/06/2019

Uma Análise Empírica da Política Brasileira nos Últimos Sessenta Anos

Uma Análise Empírica da Política Brasileira nos Últimos Sessenta Anos 
Luiz Carlos Cichetto

Falando apenas sobre os últimos sessenta anos aproxidamente, sobre tendências políticas na América Latina. As datas estão citadas, mas a análise é puramente baseada em fatores empíricos.

Em 1959, a ditadura cubana, sangrenta para a maior parte, mas altamente compensadora para seus líderes, se instala, sob a proteção da então URSS, numa queda de braço com os EUA, em mais uma "batalha" da Guerra Fria.

No Brasil, o presidente era Juscelino Kubitschek, que pouco a pouco entregava o país à interesses escusos, tendo como vice o "esquerdista" João Goulart, que pouco tempo depois seria vice novamente de Janio Quadros em 1961. Lembrando que na época o vice era eleito separadamente, ou seja, se votava no Presidente e se votava também no vice. 

Entre 1961 e 1964, a renuncia misteriosa de Janio e tudo que dela decorreu, foi o ensejo para o Regime Militar, que entre o Golpe inicial, contragolpes e contracontragolpes, durou até 1985. Durante esse período, quase que toda a América Latina estava dominada por regimes ditatoriais militares, que simplesmente fizeram uma transição mais ou menos tranquila. No Brasil especialmente, o penúltimo governo, o de Geisel foi onde ocorreu a Abertura política e João Figueiredo tomou posse com a decisão de ser o ultimo, como foi. Nesse mesmo período quase todas as outras ditaduras militares se desfizeram sem maiores resistências.

Passamos então a um período de, digamos, acomodação, sendo que o final do século, em quase todas essas nações começou uma preparação para o intuito de se estabelecer a hegemonia da esquerda. No Brasil, o responsável seria FHC, desde 1995, depois de um milagroso plano econômico que resolveu o problema do grande vilão brasileiro, a inflação alta. 

Daí por diante, o Brasil e a America Latina quase inteira, por cerca de outros vinte anos, praticamente o mesmo tempo que durou o período de regimes militares, foi dominada por ditaduras de esquerda, mais ou menos violentas, sendo o que violência não pode ser traduzida apenas com prisões arbitrárias e torturas físicas.

Por fim, chegamos ao fim da segunda década do século, com uma reação "à direita", por conta dos desmandos de uma esquerda que enganou milhões de pessoas com suas promessas falsas de igualdade, e especialmente a destruição de todos os valores, financeiros e morais, de onde foram instaladas. Os crimes foram muitos, e decerto não menos que qualquer das ditaduras militares tão combatidas. As desigualdades cresceram, sob a égide de negócios que favoreciam especialmente os bancos, que no fim espoliavam bens e propriedades, sem contar o óbvio conluio com o crime organizado, e especialmente o marxismo cultural, dilapidando mentes e corrompendo jovens e meios de comunicação, seguindo a cartilha do gramscismo. A reação tinha que acontecer. E aconteceu.

Então, penso eu, sem a pretensão, a não ser o de trazer uma análise pessoal sobre esse período, que a historia é feita de ciclos que acontecem independentemente de vontades pessoais de ditadores de qualquer naipe. Na antiguidade, impérios e sistemas de governo duravam séculos, mas sempre caiam, na atualidade, esses impérios duram bem menos. Felizmente.

25/01/2019

10/06/2019

O Sexto Sentido

O Sexto Sentido
Luiz Carlos Cichetto

"Quando a gente tem um pesadelo em que está sendo assassinado, e desperta exatamente no momento em que dá o ultimo suspiro, estamos de fato acordados ou mortos? "
Foi a pergunta que me fiz esta manhã, depois de uma situação dessas, e é claro, com o mau humor encalacrado. Tentei escrever um poema, ler um livro e até ver um filme, mas tudo me parecia desinteressante.
Sai pelas ruas tentando ver pessoas, interagir, mas ninguém com quem puxei conversa pareceu notar minha presença, e nem mesmo as minhas mais brutas sensações, como olhar as coxinhas de fora das meninas de shortinho curto pareceu ter qualquer efeito. Lembrei de "O Sexto Sentido", de M. Night Shyamalan, filme que assisti ainda em 1999, e que até hoje me perturba. 
A morte de André Matos há dois dias, aos quarenta e sete anos me perturbou, como sempre me perturba a morte de artistas que admiro, especialmente quando são mais jovens que eu, a ponto de eu questionar por que cheguei tão longe, quando gente que poderia dar ainda muito em prol da humanidade, se vai.
Depois recebo um email de uma assessoria de imprensa, falando de um fenômeno literário, a quem a jornalista chama de "escritor raiz", e que aos dezenove anos já publicou cinco livros e vendeu vinte e cinco mil. Tudo muito simples assim. Fui fazer minha comida e deixei queimar o arroz. Fui almoçar arroz queimado e claro que a comida não desceu. Tentei dormir, mas fiquei com medo.

10/06/2019

01/06/2019

Palhaços de Guerra

Palhaços de Guerra
Luiz Carlos Cichetto

Um homem que deixasse crescer um bigodinho fino e estreito, poderia ser aplaudido por sua semelhança e evocação à figura de Charles Chaplin, mas decerto esse homem seria apedrejado por nas mentes imundas por ser semelhança e evocação de Adolf Hitler. O problema não é a aparência, mas a percepção, que mostra apenas o que cada um deseja perceber. A personificação do mal e do bem, em deuses de manto e demônios de rabos pontudos.  Aquela ridícula figura de um semideus pregado numa cruz, sangrenta e sofredora, mostra que nem sempre o mal tem cara. Há naquilo uma demonstração criminosa de uma Igreja que busca o poder absoluto. Não há figuras que não mostrem uma intenção. Sua fotografia mostra sua intenção. Seu retrato três por quatro mostra sua intenção. Não existe amizade senão por alguma espécie de interesse.  Eu tenho um coração, que é do tamanho de um retrato três por quatro. À sua imagem e semelhança. Ou por mera lembrança. Acaso um homem pintasse seu rosto com tinta colorida e colocasse um nariz postiço de plástico vermelho, se esperaria dele a alegria e a felicidade, mesmo que se soubesse que é um assassino. A crença na aparência, e a aparência da crença. Acaso eu apanhasse um arma de fogo e disparasse contra minha cabeça, não tomariam isso por alegria, mas por maldade. E eu seria feliz em não estar mais aqui, existindo em um mundo que acredita que a maquiagem dita o caráter. Não quero nem que minha poeira reste para ser cheirada por essa gente que respira maldade e vomita bondade. Nessa sociedade imunda com mania de limpeza, nessa sociedade que fede carniça e reclama do cheiro do meu suor. 

10/12/2017

Um Texto de Qualidade Duvidosa

Um Texto de Qualidade Duvidosa
Luiz Carlos Cichetto

Meus textos podem ser considerados de qualidade duvidosa, a dúvida idosa, mãe de todas as putas, avó de todos os poetas, e prima-irmã de todos os suicidas. Meus textos podem ser considerados inconvenientes, inconsequentes, indecentes, doentes, adolescentes, por quaisquer entes, queridos ou não. Meus textos podem ser considerados dispensáveis e desnecessários, como qualquer puta, como qualquer mãe e qualquer avó, mesmo das avó das mães das putas. Meus textos podem ser considerados cruéis e sujos, cruelmente sujos como coronéis, padres e políticos, que lavam as mãos antes de comer cérebros humanos. Meus textos podem ser considerados anti-literários, pseudo literatura e coisa de analfabeto metido a besta. E não tenham dúvidas que são tudo isso e muito mais. Meus textos, enfim, são meus. E sobre isso não restam dúvidas, nem idosas, nem recém nascidas. E algum dúvida restar, que comece a ler novamente do primeiro parágrafo.

26/09/2018

Publicado no Facebook em 27 de Setembro de 2018 - 10:39

26/05/2019

Relações Perigosas

Relações Perigosas
Barata Cichetto
Foto: Vitor Antunes - Mão no Bolso.
https://olhares.sapo.pt/mao-no-bolso-foto1254965.html

Aos dezoito anos, todos os homens da minha época tinham o coração dentro do bolso das calças, junto com carteira, o pente, o lenço, e outras necessidades urgentes. Aos dezoito anos, os caras da minha idade traziam consigo apenas coisas que pudessem ser de utilidade: não traziam celulares, drops ultra fortes para sexo oral, cartelas de camisinhas perfumadas e outras quinquilharias. Acredito que éramos mais práticos, ou ao menos tínhamos outros interesses, digamos menos interesseiros.

Na época dos meus dezoito anos, muitos de nós trazíamos livros nas mãos e discos debaixo do braço, que líamos e ouvíamos e discutíamos, acreditando em verdades escritas e cantadas por pessoas em quem acreditávamos. E muitos de nós, também e incluindo a mim mesmo, tinham cadernos e canetas, e escreviam poesia, que acreditávamos serem nossas verdades, mas que eram de fato as daqueles que acreditávamos serem donos da verdade. Éramos todos deslumbrados com nossas maioridades legais, e nossas possibilidades futuras, que nem sabíamos que elas terminariam tão depressa que nem teríamos tempo de tirar as coisas que tínhamos dentro dos bolsos, incluindo o coração.

E não foi tanto tempo depois desses meus dezoito anos que a conheci. Não lembro se era bonita, nem se era alta ou baixa, gorda ou magra, branca ou negra, apenas lembro que casei com ela e daí, logo depois, tinha um par de filhos. Disso eu lembro. E lembro também que ela nunca aceitou beijo na boca e nunca me fez sexo oral. Lembro-me do rabo dela e que ela me deixou fazer anal uma única vez. Da buceta? Ah, acho que era legal. Só sei que tivemos dois filhos, que nem sei onde estão, e ela também, não sei se morreu, virou puta ou pastora evangélica, ou todas essas coisas. Não me interesso por nada disso.

Aos quarenta anos, todos os homens da minha idade tinham se separado de suas primeiras esposas e tinham saído em busca de bucetas mais jovens, mas eu ainda esperei chegar aos cinquenta. E não tinha mais o coração, nem pente, nem carteira e muito menos lenço, no bolso das calças. Eram coisas que tinham caído de moda, e agora eu também tinha um celular e drops de hortelã, além das camisinhas. Quem sabe uma hora eu precisaria dessas coisas. Nunca precisei. As mulheres queriam foder por cima e eu era muito frágil para aguentar aquelas bundas malhadas em academias esmagando minhas bolas. 

Quando chegam aos cinquenta, todos os homens da minha época se tornam gordos e carecas, com trabalhos bem remunerados ou empresas particulares, mas não eu, eu não, mesmo. Eu ainda era magro e fraco, mas ainda tinha cabelos. Sempre gostei de quebrar regras. E todos aqueles caras tinham amantes caras enquanto eu tinha apenas a minha mão. Era interessante, pois com ela não eram precisos os drops e os celulares, nem mesmo a carteira e o coração. Só os dedos, mesmo. E eu durante anos a conheci tão intimamente que quase a chamei de esposa. Aprendemos tanto um com o outro que podíamos saber nossos desejos sem precisar falar.

Aos sessenta, todos os homens da minha época ainda usam calças com bolsos, mas não carregam mais carteiras, nem pentes, nem lenços, apenas enfiam nele sua mão e dali podem, discretamente, acariciar seus paus sem que ninguém perceba essa perigosa relação.

26/05/2019

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01/02/2019

Senhor Brasil: Uma Fábula Foda Em Verde e Amarelo

Senhor Brasil: Uma Fábula Foda Em Verde e Amarelo
Luiz Carlos Cichetto, Aka Barata Cichetto


Existiu num tempo um senhor a quem chamaremos de Brasil. O Senhor Brasil era um homem muito rico, mas bondoso e receptivo a todas as pessoas. Era rico, mas não tinha sequer a noção do tamanho de sua riqueza. Era enorme de porte, e suas dimensões, em todos os sentidos, eram intimidadoras. Intimidadoras a uns, mas muito atraentes a outros.
Dizem que o Sr. Brasil, quando de seu nascimento, era mais rico ainda, mas que seus pais percebendo sua riqueza passaram a roubá-lo. Não que os pais do Sr. Brasil tenham ficado ricos, pois logo tudo o que lhe foi roubado acabou sendo perdido em jogatinas. Mesmo assim ele ainda era muito rico e seus filhos, desde os naturais, até os que, ainda jovem ele adotou, eram muito felizes. 
Acontece que o Sr. Brasil, por conta de sua enorme hospitalidade com todos, e por sua enorme pureza, cresceu meio abobalhado, e sempre foi feito de tolo por todas as suas esposas. Todas elas, sem exceção, lhe roubaram, deram sua riqueza a amantes de todas as partes do mundo. E todas elas, também sem exceção o traíram, na maioria das vezes em seu próprio leito.
Era triste o Sr. Brasil, mas como qualquer triste era efusivo e brincalhão, sempre demonstrando bom humor. Uma fachada que escondia o que era na realidade: amargurado e rancoroso, que não perdia o oportunidade de se vingar.
O Sr. Brasil foi casado muitas vezes, algumas com esposas muito cruéis que maltrataram seus filhos, o que o deixava muito triste. Mas como ele tinha que cuidar de sua riqueza, de seus bens, não tinha tempo para pensar nisso. Uma delas preferiu cometer suicídio a reconhecer sua traição, outra pediu divórcio logo após o casamento, esperando que ele implorasse por seu retorno. Essa deixou o leito pronto, quente, para uma irmã, que queria entregar toda a fortuna do Sr. Brasil a um russo, mas os filhos dele, amparados por uma matrona gorda e violenta o impediram, permanecendo no comando da casa durante quase vinte anos, tratando muitos de seus filhos com violência.
Quando finalmente elas deixaram de mandar na casa, o Sr. Brasil acreditou que poderia casar-se novamente, de uma forma mais livre, mas foi apenas um casamento arranjado, de conveniência, já que a indicada para o casamento morreu na noite anterior, deixando em seu lugar uma irmã que, sedenta de poder, e consciente da riqueza do milionário tratou de tentar fazê-lo acreditar que resolveria seus problemas, colocando seus filhos uns contra os outros, fiscalizando. Todos fiscalizavam todos, portanto ninguém fiscalizava ninguém. E assim, foi-se outro casamento fracassado, e o Sr. Brasil começou a ficar cada dia mais pobre.
Depois desse casamento, seus filhos acharam que deveriam ser eles mesmos a escolher a futura noiva. Assim foi feito, e entre duas, uma era Alagoana, metida a esportista, dona de jornal e que dizia ter os grandes lábios roxos, e a outra Pernambucana, uma daquelas bem grosseiras e ignorantes, que tinha perdido um dos dedos para se aposentar precocemente, e foi acusada de ter enganado outras pessoas e deixado de reconhecer uma filha. Ganhou a primeira, e muitos contam que alguns dos filhos mais ricos sabotaram a escolha, outros contam que de fato Alagoana de fato conquistou o Sr. Brasil, que nela via seu próprio retrato.
O fato é que tão logo terminou o casamento, e adentrou a sala de estar da mansão do Sr. Brasil, ela tomou todo o dinheiro que seus filhos tinham guardado, sendo que alguns até morreram do coração por causa disso. Entretanto, Alagoana não era tão poderosa assim, e logo os parceiros criminosos que a tinham ajudado na escolha perceberam que, se deixassem, ela os trairia, e então deram um jeito de ela sair de fininho, pela porta dos fundos da mansão, deixando em seu lugar uma Mineira sonsa, sua irmã bastarda, que só pensava em ter um Fusca e namorar no banco traseiro.
A Mineira sonsa, entretanto, tinha uma amiga, muito culta e estudada, uma Carioca que tinha até mesmo lecionado na Europa, e que a convenceu a ajudá-la na organização das finanças do Sr. Brasil, que estavam uma bagunça danada. E como ela sabia como mexer com números, de forma que eles dessem o resultado que ele queria, o Sr. Brasil e seus filhos viram suas riquezas aumentarem. Ao menos era o que os números diziam. E todos ficaram felizes.
Acontece que as regras que os filhos tinham escolhido, se é que tinham sido mesmo eles, diziam que uma nova escolha deveria acontecer. E, claro, quem seria escolhida, senão a Carioca inteligente, de fala bonita, fluente em outros idiomas, e que tinha ainda resolvido o problema das finanças do Sr. Brasil? A Pernambucana ainda tentou, mas não era páreo. Os filhos estavam encantados com ela.
E a Carioca esperta consertou mesmo a casa do Sr. Brasil. Não que tenha realmente consertado tudo, já que a coisa que ela sabia melhor, era como esconder o pobreza dos filhos, para parecer que estavam maravilhosos. Ela sabia como deixar tudo brilhando sem de fato estar limpo, ela sabia gastar com os cartões de crédito sem que parecesse que foi ela, e coisas assim.Mas o fato é que a economia na casa do Sr. Brasil estava equilibrada, as contas eram pagas no vencimento, não havia credores na porta, as compras eram feitas com certo rigor e os filhos podiam andar de cabeça erguida, orgulhosos daquela nova madrasta. 
Tinham orgulho de vê-la, altiva, falando em nome do Sr. Brasil em todas as partes do mundo, tinham orgulho em vê-la na televisão falando com eles todos, tinham orgulho da sua fala, da sua voz. E mesmo que ainda tivesse problemas,o Sr. Brasil se sentia bem, e estava, de certa forma, feliz, embora soubesse que sua esposa era também o traía e roubava.
Durante os oito anos em que a Carioca foi a esposa do Sr. Brasil, a Pernambucana sempre trabalhou nos bastidores e na vizinhança para mostrar que a outra não prestava, que era falsa e arrogante, embora diante dela se mostrasse gentil e atenciosa. A muitos dos filhos do Sr. Brasil ela mentia, dava presentes, dizia que eles não precisavam trabalhar, pois afinal o pai era rico e poderia prover seu sustento. Ninguém sabe de onde ela tirava dinheiro para essas coisas, e alguns até comentam que ela se prostituía a um russo. 
Assim, a Pernambucana de nove dedos foi conquistando muitos dos filhos, especialmente aqueles mais pobres, e mais especialmente ainda os mais pobres preguiçosos. Dessa forma ela  conseguiu ser escolhida a preferida do Sr. Brasil, e finalmente pode desfrutar de todos os luxos de sua principal mansão. A Carioca tinha deixado a casa toda arrumada, uma boa parte dos filhos limpos e indo para a escola, as finanças do Sr. Brasil estavam em ordem, e o milionário, que antes da chegada dela, era tido como um caloteiro, um pé de chinelo, tinha finalmente recuperado o prestigio com os vizinhos, até mesmo os de longe. 
Uma das primeiras coisas que ela fez foi dar esmolas a todos os filhos pobres, dizendo a eles que não, eles não precisavam trabalhar, afinal eram pobres e tinham que continuar pobres, vivendo da esmola que ela lhes dava. Depois se tratou de se aboletar nos sofás mais finos, de seda e veludo da mansão, e ser paparicada por um cem numero de filhos interesseiros, que a adoravam.
Num segundo momento, pegou muitos dos filhos que eram pobres e disse a eles que não, que eles não eram pobres, e que, sim, eles poderiam ir a Disney e comprar carros em duzentas e cinquenta prestações. É claro que a molecada adorou. Enfim, alguém tinha dito a eles que eles não eram pobres, e eles acreditaram. E lá se foram, viajando de avião, comprando carros, fazendo prestações. Estavam felizes, aquela sim era a esposa ideal para o Sr. Brasil.
Outra das coisas que ela fez, e que agradou tanto ao Sr. Brasil, e a maior parte dos seus filhos, é que ela sabia que o esposo adorava futebol. Então tratou de trazer uma Copa do Mundo para o quintal dele. Os filhos pagariam a conta, claro, dane-se, o importante é que ela os agradaria, e assim poderia ser a eterna esposa do Sr. Brasil, que apesar de tudo, não achava agora que sua esposa anterior, a Carioca, fosse tão boa assim. 
Seus filhos estavam mais alegres, podiam enfim fazer o que quisessem, que ela não ralhava. Que moral, por exemplo, o Sr. Brasil tinha para brigar com os filhos que fossem bêbados, já que ela, sua esposa, vivia às voltas com um copo de cachaça? Que moral ele poderia ter com alguém que fraudasse algo, já que ela era aposentada fajuta. E especial e principalmente, que moral ele tinha para instigar e até obrigar os filhos a estudarem, quando a própria esposa, rainha do lar do Sr. Brasil era semi-analfabeta?
Durante os primeiros anos tudo correu da forma como Pernambucana esperava: ela dava um monte de porcarias inúteis aos filhos do Sr. Brasil e eles ficavam felizes, enquanto ela mais ainda, pois ali, naquela mansão, cercada de todos os luxos, ela fazia o mais gostava de fazer: nada. Nada a não ser tomar cachaça e fuxicar com as colegas do prédio grande próximo. Era tudo o que Pernambucana queria, e ela não queria nunca mais sair dali.
Acontece que a danada da Pernambucana tinha muitos amantes e precisou pedir favores e dinheiro emprestado a muitos deles. Eram os filhos mais espertos do Sr. Brasil, aqueles que ela sabia serem os mais influentes da hora de decidir se ela continuaria ou não.  E então, sem pestanejar um só segundo, ela transou com todos eles. E foi uma louca completa, uma devassa, uma autêntica Messalina. Fez anal, oral, transou em tudo quanto foi lugar. E a todos ela dizia a mesma coisa: que era a ele que ela amava, não aos outros, que queria mesmo era que o Sr. Brasil morresse para que ela ficasse com a herança. Aliás, dizem as más línguas que ela diariamente dava um pouco de veneno a ele, esperando que um dia finalmente ele estivesse moribundo, e, no leito de morte implorasse por ela, por seus cuidados, por seus carinhos, e principalmente que cuidasse como um pai, de seus filhos.
Um dia as coisas começaram a ficar complicadas para Pernambucana, e os credores começaram a cobrar o Sr. Brasil, de contas que ele sequer tinha conhecimento. E o que ela fez foi colocar a culpa em alguns poucos amantes, dizendo que tinha confiado neles, mas que eles realmente não eram de confiança. O Sr. Brasil acreditou nisso, e ela continuou gastando o que não tinha, dando presentes caros a seus amantes e mais e mais esmolas a alguns de seus filhos, que passaram, cada dia mais, gostar mais da madrasta do que do pai.
Por oito anos Pernambucana foi a rainha do lar do Sr. Brasil, e agora era hora dela deixar a mansão, pois era a regra. Seus planos, no entanto, eram de voltar muito breve a morar na mansão do Sr. Brasil. E então, depois de colocar em prática seu plano maléfico de indicar uma prima, que ela sabia ser burra feito uma porta, fazendo os filhos acreditarem que ela seria exatamente igual a ela própria, e que era de sua inteira confiança, Pernambucana se foi, levando tudo de valor que havia, inclusive presentes que tinham sido dados ao Sr. Brasil, e não a ela.
Durante algum tempo os filhos, especialmente aqueles que tinham sido cooptados pelos favores, esmolas e mimos dados pela Pernambucana acharam que ainda eram felizes, e toleravam todos os deslizes da atual esposa do pai, mas aos poucos, ela começou a pensar, que apesar do trato que tinha com a prima, que ficaria ali apenas o tempo suficiente para a volta da outra, ela também estava gostando de morar na mansão. Tratou então de buscar os mesmos amantes da prima, com a diferença que na hora de fazer oral e anal, ela nomeava outra, muito parecida com a prima, para que ninguém percebesse a diferença.
Acontece que um dia os amantes perceberam que estavam sendo enganados, e, para piorar, também Pernambucana percebeu. Alguém tinha que fazer alguma coisa para parar aquela mulher, e então montaram uma armadilha, colocando alguns talheres de prata, que na verdade eram falsos, na bolsa dela. Um dos mordomos, que era da confiança da outra foi o encarregado de dar o berro de ladra. E assim, ele próprio pode assumir a governança provisória da casa, até que outra esposa possa ser escolhida pelo Sr. Brasil.
E o pobre Sr. Brasil esse momento se encontra extremamente triste, cabisbaixo e preocupado, muito amedrontado, mesmo, pois não sabe se a próxima esposa que os filhos lhe escolherão será alguma amiga intima da antiga esposa, que foi presa, depois que alguns dos amantes contaram ao Sr. Brasil sobre algumas das coisas que ela tinha feito. Ou se será alguma outra, mandona e autoritária, ou ainda uma frouxa e ladra.
Até lá, o Sr. Brasil terá que conviver com o trauma psicológico de ter percebido que, no final das contas, todas as esposas, traidoras, ladras e perversas com que ele se casou, e que o traíram e roubaram, eram na verdade suas filhas. 
Por que diabos nunca tinham lhe contado isso?

Araraquara, 05/09/2018