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28/10/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - 28


Eric Clapton e The Who e Arthur Brown - Eyesight to the Blind
Pearl Jam - Do The Evolution
The Runaways - Dead End Justice.mp3

Rick Wakeman - Arthur
The Allan Parson's Project - A Dream Within a Dream
PFM -  Celebration (Including The World Became The World)

The Velvet Underground - The Gift
Ataraxia -  Rashan
Therion - Poupée de Cire, Poupée The Son

Omnia - Wytches Brew
Omnia - Richard Parkers Fancy
Omnia - The Raven

Tom_Waits - Heartattack And Vine (Live at Theatre le_Palace - 1979)
Quarta Brisa - Blues da Espera
Billy Bond Y La Pesada Del Rock - Blues Para Mis Amigos

Rojefferson Moraes + Salário Mínimo - Fatos Reais

23/10/2015

Sofrimento e Tédio

Sofrimento e Tédio
Barata Cichetto


“Temos de continuamente parir nossos pensamentos em meio a nossa dor, dando-lhes maternalmente todo sangue, coração, fogo, prazer, paixão , tormento, consciência, destino e fatalidade que há em nós” (Nietzsche, A Gaia Ciência).

Sou, desde que poeta e filósofo, igual a uma mãe pervertida, que gera filhos às pencas. Que transa com imundos na imundice das ruas, para depois parir em estrebarias e bares das periferias, a filhos prematuros, imaturos, inseguros, que alcançarão o mundo e sobre ele avançarão transformando-o numa pocilga nojenta. Como pai, filósofo e poeta, dou aos filhos a chave da desgraça, sabendo que tarde ou antes, a transformarão em maldição. Não contra mim, mas contra toda essa humanidade pervertida à beira de um abismo inevitável. Sem que percebam, farão o que quero de suas mentes, o que desejo de seus corpos. E na perversão do mundo, a ira os consumirá, o tempo os devorará. E a destruição será total. Sem retorno, sem trégua. Sou Chronos, Baco e Sade no mesmo corpo, na mesma mente. Blake em tarde de tempestade. Rimbaud, o mercenário  não o poeta. E enquanto poeta e filósofo, criança amaldiçoada no ventre e quase morto berrando contra o tempo, quebrando a segurança, o protocolo e o paradigma. Não há mais retorno. Lancei os dados, joguei sua sorte. Agora fiquem com aquilo que plantaram em mim. Fiquem com minha vingança, minha revanche e meu asco. Dentro de algum tempo todos estarão mortos, de qualquer forma. Não tenho moral, mas também a imoralidade me enoja. Estou morto, mas sou imortal. Transpiro sangue, tenho dores de cabeça horrorosas. Odeio cheiro de rosas, deixem que apodreçam com sua beleza, em algum jardim bucólico do outro lado da rua. A mim interessam putas magrelas e fedidas que choram de saudades pela buceta em orgasmos secos e surdos. A mim interessam as adulteras que sangram em cada traição, que choram por contradição. A mim interessam livros, um naco de pão e um café quente. De fato, nada mais espero de mim, de si, de per si. Nada além da única moral que sobreviverá a mim: o fim. Ninguém conhece o sentido do fim. Nada existe no fim, portanto, nada é o fim. A mão que segura o pêndulo é a minha, que treme.  Não há destino, não há remédio, apenas sofrimento. E tédio.

22/10/2015

20/10/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - 27


Barata Sem Eira Nem Beira, a bordo da Stay Rock Brazil. Barata falando, diretamente do subúrbio de São Paulo, chegando firme e forte a toda nação do Rock, a todo o mundo do Rock. Tocando poesia e recitando Rock, batendo cabeça e quebrando tabus. Sendo escutado, seguido em imitado em todas as partes do mundo. De Londres a Santos, do Paraná ao Pará, de Cochabamba ao Pari. Do quinto dos infernos a puta que pariu. Sem medo de cara feia em fotografia bonita. Sem medo de censura, sem frescura.  O original na rádio original.  O resto é cópia infiel e gente de papel. Então, vamos em frente, respeitando diferenças, mas chutando pedras e paus mandados.

Reverenciando meus mestres do rádio: Darcio Arruda, Antonio Celso, Hélio Ribeiro, José Paulo de Andrade, Jacques Kaleidoscópio. E rádios como Difusora, Excelsior, Bandeirantes, 97 FM e Brasil 2000.

Klaus Nomi - Total Eclipse + Poesia - Nivea Martins
Deep Purple - Third Movement
Electric Moon - Mental Record
Poesia - Barata - Manifesto Anartista
Miles Davis - Great Expectations
Passport - Cross-Collateral
Poesia Barata - Limites
Patti Smith - Radio Ethiopia
Renaissance - Ashes are Burning
Poesia Barata - Retrato de Uma Estrela Nua
Eric Clapton e Carlos Santana - 24 Minutes Live Jam

Dores, Odores e Fedores

Dores, Odores e Fedores
Barata Cichetto

Direitos Autorais Reservados

Ainda sinto em minhas narinas o cheiro da luxuria. Tudo cheira a sujeira, imundice, promiscuidade. As meninas de calcinhas rotas, com marcas de bosta nos fundilhos, sutiãs descosturados e peitos com marcas de mordidas. Meninas puxando pelo braço machos apressados pelas escadas fedendo urina, esperma e suor. Escadas mal lavadas de prédios encardidos encrustados pelas ruas mal varridas do centro imundo da cidade. A luxuria do dinheiro fácil. O prazer do dinheiro ganho. O gozo do dinheiro farto. Tudo ali fedia a dinheiro, não a prazer. Fedia a cobiça, não a desejo. Fedia a carniça. Cheiro de falsidade, ansiedade e esquizofrenia. Doentes. Aqueles corpos eram mortos, bebendo cerveja barata e imaginando sentir desejo. O gozo em dois minutos. Calças abaixadas, calcinhas jogadas aos pés da cama sem lençol, com um colchão fedendo a mofo e a mijo. A tabela de preços na parede. Cada prazer com seu valor. Prazer? O que havia de prazer naquilo? Naquele lugar, em que pessoas subiam por escadas que descem e desciam pelas que sobem. Machos segurando pelas mãos meninas de bucetas peludas e axilas mal raspadas. Que prazer havia naqueles machos de paus sujos, que queriam foder entre o intervalo do almoço e o retorno ao trabalho, pagando o preço de um almoço num boteco por uma trepada? Meninas dando a buceta enquanto mastigam ma maça comprada do ambulante da esquina. Moleques ainda imberbes gastando o dinheiro da merenda. Chato, gonorréia, sífilis. Escriturários, operários, balconistas de lojas, atendentes de hospital, ambulantes, todos ali, mecanicamente pagando por algo que teriam de graça, não fossem tão timidos em seu egoísmo, pagando por algo que não deveriam, acaso não fossem tão mesquinhos. Machos casados, cujas esposas ficaram em casa limpando a bunda de bebês chorosos e barulhentos. Machos de paus moles com camisinha colorida. Meninas que chamam a todos de "bem". E pegam uma nota de cem. "Não tenho troco. Aceita em punheta?". Barulhos ensurdecedores de portas abrindo e fechando, descargas de banheiro, molas, tapas, gritos, gemidos, choro, palavras a esmo, palavrões, socos... Tiros. Na noite. O cheiro de morte e horror no ar. Nada mais a falar.

19/10/2015
Publicado Também em: https://www.facebook.com/notes/luiz-carlos-barata-cichetto/dores-odores-e-fedores/1275001422516825

12/10/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - 26

Tenho os melhores piores amigos do mundo. Ou talvez tenha os piores melhores amigos, também. Mas não tenho inimigos. São eles quem tem! (Barata Cichetto)


Amyr Cantuso Jr - 01 - Overture
Poesia - Barata - Cowboy Playboy
Aeroblus - Tema Solisimo
Crucis - Los Delirios Del Mariscal
Rata Blanca - La Leyenda Del Hada y El Mago

Poesia: Liz Franco - Vagabunda Essencial (Barata Cichetto)
Ginger Bakers Airforce - Don't Care
Coven - Coven In Charing Cross
Sisters Of Mercy - Body And Soul

Poesia - Barata - Esse Objeto de Desejo Nada Obscuro
Apoteosi - Embrion
Pink Floyd - Astronomy Domine (BBC TV)
Cybotron - Colossus

Poesia - À Morte do Poeta - Emnuel R Marques
Sopor Aeternus & the Ensemble of Shadows - A Dream Within A Dream
Rufus Zuphall - Spanferkel (Live 1972)
Sungrazer - Wild Goose

Poesia - Barata - Prateleiras
Bad Company - Simple Man
The Beatles - Helter Skelter
UFO - Lights Out


Manifesto Anartista

Manifesto Anartista
Luiz Carlos Barata Cichetto
Foto: Marli Abduch

Não, não sou famoso. Não tenho peças encenadas no Inferno. Nem no Paraíso. E não tenho carro, nem dinheiro. Não frequento cemitérios. Não passo a madrugada bebendo em botecos do centro da cidade. Não frequento a periferia descolada. Não tenho retina deslocada. Não durmo bêbado todo dia, nem jogo bilhar no bar com um garçom engraçado e duas putas desgraçadas. Não dirijo. Nem carro nem cinema. Não tenho direção Sou apenas um escritor, medíocre e amargurado pela falta de oportunidades. Meu underground é minha oficina, onde apenas minhas gatas me fazem companhia. Fumo nicotina e não suporto cheiro de maconha. Pago impostos, mas não peço nota fiscal. Ando de ônibus e a pé. Adoro sandálias de couro e uso calças rasgadas por falta de outras. Não frequento festas, não olho por frestas. Nunca tomei tiros. Nem dei. De nenhuma espécie. Não sou convidado de gala em lugar nenhum. Apenas escrevo, escrevo, escrevo. Feito cagar e mijar. Sem frescura. Adoro transar. Por prazer. Não por vício ou vaidade. Por necessidade. E vontade. Adoro chupar uma buceta, comer um cu. Chupar e ser chupado. Mas não conto a ninguém. Conto apenas agora. Em segredo. Acordo com medo. Durmo cedo. Sou artista. Anartista. Sou honesto. Mas detesto. Não presto. Busco a razão da minha emoção. Odeio esportes. Nunca ganhei nada. Tenho um metro e oitenta e sete. Sessenta e nove quilos. E quase cem quilos de poemas encadernados com espiral de plástico. Não sou convidado a vernissages.  Ou sou. Não vou. Ninguém sente falta. Também não sinto. Nada. Foda-se o underground glamourizado da Rua Augusta, Frei Caneca e Praça Roosevelt. Foda-se o underground da pastelaria. Do pastel de bacalhau do Mercado Municipal. A vodka batizada do Bar do Bin Laden. Foda-se. Não vou ao teatro. Não tenho tempo. Nem dinheiro. Nem desejo. Meu teatro assisto da minha janela. Putinhas de minissaia. Senhoras mal comidas falando mal dos maridos a amigas que são comidas por eles. Gostosinhas de shortinho enfiado no rabo. Bichas velhas de unhas do pé pintadas de vermelho. E vestido de alcinha. Esse é meu teatro. Escrevo a madrugada inteira. Durmo de manhã. É cedo ainda. Morrer é frio. Esse é meu Manifesto Anartista. E em nome de todos aqueles que falam por mim é que falo.

10/10/2015

Publicado Originalmente no Facebook, em 10/10/2015
https://www.facebook.com/notes/luiz-carlos-barata-cichetto/manifesto-anartista/1268991423117825

05/10/2015

2107 - Uma Reflexão Sobre Representação da Realidade

2107 - Uma Reflexão Sobre Representação da Realidade
Luiz Carlos Barata Cichetto
Reprodução Proibida. Direitos Autorais Registrados.
Foto Original: http://wallpaperdome.com/data/media/1/smoking_kills_wallpaper.jpg

Acordar em plena segunda-feira, com Internet cortada, sem um cigarro para fumar, nem um pedaço de nada para comer. A semana anterior foi de muito trabalho. Uma média de dezesseis horas por dia cortando papel, dobrando, costurando, colando... Arrastando um carrinho pesado que quebra a roda no meio do caminho até a gráfica. Terminar uma obra, mais uma Ópera Rock. Sobre uma morta-viva. Escrever uns dez poemas, montar programa de rádio... Tudo isso com o ciático fudido e dores de cabeça diárias por enxaqueca nervosa. Quatro encomendas de livro prontas, ou quase prontas. A Ópera escrita por mim, composta por Amyr, em parte cantada pela Liz. E nada, nenhum dinheiro. Ah, sim, tomei no cu com um filho da puta que me sacaneou. Mais um! Li um livro do Bukowski também. Nada ver comigo o Buk. O sujeito conseguiu ser valorizado em vida, ganhou uma grana. Ah, e ainda lembrei: comecei a imprimir outro livro, o meu tal Manual. Está na bancada. Um dia sai. A gente escolhe os caminhos, é sempre assim. Eu escolhi. Todos escolhem. Ninguém é escolhido, por nada nem por ninguém. Queria fazer como alguns que conheço e ficar falando do meu ultimo porre, de ontem a noite, da minha ultima estreia. Da minha ultima festa. De que comprei ingresso para assistir um astro do Rock. Mas a minha realidade é outra. Não sou astro pop do underground, nem do overground, nem de ground nenhum. A noite tive dor de dentes... Nos que ainda restam.. Ah, então, preciso parar de me lamentar. Afinal, Rede Social nem é tão rede e nem tão social assim. Dois mil cento e sete amigos. Puxa, que legal! Escrevo isso enquanto penso sobre o que pensam esses dois mil cento e sete. O que pensam ao menos uns sete desses. "O inferno são os outros"? As gatas berrando. Querem ração. Não tem. E eu? Quero fumar! E escrevo para me lembrar que ainda tenho muito o que pagar. À prestação. À prazo. À vista. Cheio de imitadores de Bukowski achando que são os batutas. Mas são mesmo é filhos da puta. Ah, tá, Buk era um filho da puta. Eu sou também. Quem não é?  A literatura  é representação da realidade. Assim disseram. Para mim não é. É a própria. Faço isso agora. Não escrevendo sobre minha realidade, que isso seria uma mera representação, de fato, meu amigo Eduardo já disse. Mas criando minha realidade a partir da minha literatura. Há teorias comprovadas sobre isso? Que péssimo! Teorias comprovadas deixam de ser teorias. Teorias irrefutáveis? Idem. De fato não existe comprovação de nada, tudo é teoria que não se comprova. A própria vida é uma teoria. Aquilo que chamam de viver é apenas ilusão que tenta comprovar uma teoria que não pode ser comprovada. Meras ilusões. No início disso, eu representei uma série de realidades? São representações? Quantos amigos ainda poderia contar se acabassem as Redes? Tudo é falso? Tudo é ilusão? Tudo é mera coincidência, rara convergência, divergência, parda eminência? Experiência? Que comece a audiência no tribunal. Ou no fundo do quintal. (Quero fumar, porra! Mas é proibido em qualquer lugar. Ah, é proibido: não tenho dinheiro) O estomago roncando. As gatas ronronando. E eu feito um idiota, escrevo um monte de merda e coloco na Internet.. Ah, coloco quando pagar a conta. Pago a conta da Internet ou compro cigarro, comida para as gatas ou meia dúzia de pães? A cruel duvida dos seres humanos do século XXI. Consegui um cigarro emprestado: vou fumar depois devolvo. O filtro. Fumar é bom, tira a sensação de fome. Ainda tem um resto de café na garrafa térmica. De ontem. Mas é café, porra! Ah, mas eu não devia me expor assim, ficar peladão na Internet... Tá todo mundo olhando, né? E tem gente me achando um idiota por estar falando tudo isso. Falando não, escrevendo. Ah, mais isso quem chegou até esse ponto, que reconheço que um texto desse, poucos, pouquíssimos mesmo dos dois mil cento e sete irão ler. Aumenta a inflação, contas de energia e de água. Ah, sim, minha mãe ainda acha que preciso cortar a barba e o cabelo e arrumar um emprego fixo, numa empresa de telemarketing ganhando um salário mínimo de duzentos dólares atendendo uma série de cretinos consumidores vorazes de celular. "Bom dia, senhora. Meu nome é Barata, no que posso ajudar?" Nada contra trabalho algum. Minha mulher adora trabalhar em "atendimento ao cliente". E fica feliz com seus duzentos dólares. Mas esqueci que tenho deficiência de audição de tanto escutar Rock e de de tanto tapa na orelha que tomei. "Tem cigarro aí?" "Tenho, mas vá fumar de outro lado, por que dois caras fumando juntos pode ser muito arriscado" . Não, eu não quero parar de fumar. Gosto de fumar. Tenho direito de gostar. Ainda bem que o estômago parou de roncar. Só não passa a maldita (?) vontade de fumar. Ah, minha querida poeta, sinto saudades das rimas que deixamos de fazer. Por lazer. Ou pura safadeza mesmo. O desejo nem sempre é tesão. Sexo nem sempre é bom. Claro! Gozar nem sempre é gostar. Foda-se, que tenho quase sessenta e daqui a pouco estarei igual meu pai, de andador, insuportável e quase morto, mas mantendo a arrogância. Quero morrer antes disso. Hoje tenho dois mil cento e sete amigos, mas tive menos e tive mais. Muitos morreram. Paulo, Percy, Helcio, Humberto. Muitos morreram com menos idade.  Dias atrás, um de meus filhos me disse que minha geração era de mimados. Ora bolas, nunca escutei tamanha asneira. Minha geração, nascida cerca de - apenas - dez, quinze anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial,  juntamente com o Rock criado justamente por pessoas que nasceram durante ela, viu todos os seus sonhos demolidos no nascer. Uma geração de natimortos, que foi criança, adolescente e adulto, vivendo em uma nação comandada por um Regime Militar. Uma geração que teve que cedo trabalhar, que sofria violência institucionalizada nas escolas e mesmo dentro de casa. Uma geração que não tinha acesso a informação se não comprasse um jornal, que não tinha acesso à cultural se não andasse quilômetros a pé até uma biblioteca. Uma geração que nada podia, que nada tinha, mas que tudo sonhava. Uma geração que tinha sonhos e ideologias, que acreditava, sim, no socialismo como saida humana, ou humanizada, de governo. Que acreditou nisso, sim, e que depois viu sua crença, seus sonhos, se desfazerem na ganância pelo poder. É essa a geração mimada? Sim, sou a geração dos culpados, sim. Dos culpados por justamente dar a esses que mais defendem essa ditadura do pensamento, do politicamente correto, a base tão sonhada pelos construtores do pensamento "esquerdista". Sim, somos culpados disso. Na ânsia justamente de dar uma educação liberal a nossos filhos, o que fizemos foi justamente dar a faca e o queijo a esses ideólogos para levá-los às suas hordas. As escolas fizeram isso. E nós permitimos. Fomos cúmplices e agora somos culpados. Não fujamos disso, dessa responsabilidade. Sempre escutei de parentes mais velhos que eu era liberal demais na educação de meus filhos. Pouco tempo depois, passei a escutar deles que era um ditador... Ora, ora, ora. Somos, portanto heautontimorumenos, ou seja, verdugos de nós mesmos. Geração mimada? De que geração falamos? Não seria esta, nascida nos anos oitenta, que já cresceu com videogames modernos, computadores, Internet e todas as liberdades de expressão? Qual é a geração mimada senão essa e as posteriores, que aprendeu nas escolas e nas oficinas do poder a saber e exigir seus direitos, nem sempre apenas seus, mas esquecer de exercer o contraponto justo e necessário do dever? Que geração é a mimada a ponto de não ter respeito - propositalmente confundido com autoridade - por nada nem por ninguém, a não ser pelos próprios desejos? Que geração foi mimada a ponto de não assumir seus próprios erros e difundir na marra ideias coletivos em detrimento do individuo? A minha geração foi maldita, sim. E é! Uma geração que fica no limbo entre os que nasceram durante a Guerra e criaram as maravilhosas obras culturais, especialmente na musica Rock, que todos admiram, e a essa, que nós próprios construímos, e que nos socam a boca e nos acusam de mimados. A geração Internet, "geração Coca-Cola" de fato triunfou. A imbecilidade está organizada, é uma facção criminosa organizada. A Internet é a socialização da mediocridade, da voz aos que nada tem de importante a falar. A ditadura da mediocridade. A ditadura da estupidez. A mentira repetida e aceita, o pensamento pueril tido como genial, a troça, a violência contra aqueles que não pensam igual. O preconceito contra o preconceito. Tudo é aceito. Refeito, desfeito e ninguém sabe nada além do que querem que saiba. Meras coincidências, bobos da corte pensando que podem comer a rainha num baile funk. E podem. Escrevo sem parágrafos para que o leitor não tenha tempo de respirar. Nem pensar. No meio de tudo, entre as palavras existem espaços suficientes para isso. Escrevo isso na Internet e publico assim que pagar a conta. Mas antes preciso comprar cigarros. Fumar. Nicotina e café. Sim, são minhas drogas. Preciso disso para me considerar humano. Demasiadamente humano. Mas perigosamente desumano. Quero fumar. Só isso! Andamos em círculos, existimos em ciclos. Não há outras figuras geométricas. Não existem quadrados, nem retângulos, ou triângulos. Tudo são círculos. Quadrados, triângulos e retângulos são circulos de cantos retos. Mas, a improbabilidade da existência de círculos perfeitos, torna a existência humana uma elipse. Ah, e não vou avisar que esse texto é longo. (Fazem isso com textos de quatrocentos caracteres). Ele tem apenas duas páginas. Garanto que dá para ler no tempo de fumar um cigarro.

05/10/2015