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23/07/2015

Livros Vivos

Livros Vivos
(A Miriam Daher, Vitima de Uma Rebelião de Livros)
Barata Cichetto

Livros são seres vivos! Livros são seres vivos! Livros são seres vivos! Repito o mantra e a rima falsa "vivos" e "livros". Rima pobre, decerto. Mas rima.. E penso nisso enquanto lembro, recordo e rio, da amiga poeta que foi atacada por livros rebeldes em sua estante. Um instante! Eram autores rebelados? Escritores descabelados? Papel de segunda? Capas moles, decerto pobres, se rebelando contra a ditadura das capas duras? Nobres e chiques capas duras. A ditadura da capa dura? E aquelas encadernadas em couro e gravadas em ouro, então? Malditas capitalistas! Capas moles contra capas duras e a batalha dos livros, cada um com sua defesa. indefesa, minha amiga poeta Miriam e seu gato sofrem de fato, a consequência desse ato revolucionário de livros em guerra. Maldita ditadura desses livros, e que importa a encadernação, que nos domina por completo. Almas de escritores aprisionados, desalmados até, mas prisioneiros naquelas páginas que antes brancas amarelam e mofam. O papel não é mais o mesmo. A esmo falam de tecnologias novas para o livro. É digital, virtual e o escambau. Merda! Livros são livros, porra! E garanto que minha amiga poeta, da terra da baratas gigantes, soltou enfim  um palavrão. Desculpe, querida poeta, mas só sei falar assim. Ai, de mim se me cortam o palavrão! Aliás, por falar em baixo calão, garanto que tinha muitos naqueles livros rebelados que caíram sobre sua cabeça. Mas pouco importa o palavrão, o que importa é a palavra, que não é diminutivo, mas absoluta. Palavrão é só uma palavra. E delas estão cheias, quase em superpopulação nos livros que pedem por ar, pulam da estante, rebeldes inconsoláveis. Decerto que os motivos, mesmo que não vivos, escritores se rebelaram com lugar destinado. E se acaso um dos meus parcos volumes, construído à força de meus braços, foi colocado ao lado desses que fizeram da poesia coisa de vagabundo, consta toda a razão do mundo, para tal rebelião. E não castigue as crianças, querida poeta. E falo dos livros e não da vaidade dos autores, pois são aqueles crianças sensíveis, carentes de atenção e carinho. Seja com capas moles ou duras, não alimentam ditaduras. São apenas livros. Vivos!
23/07/2015

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