Barata Cichetto
Em minha cabeça um longa metragem, um filme de terror
Roteiro mal escrito, atores medíocres, um autêntico horror
Cabeças explodindo, mulheres desnudas defloradas em sepulturas
Crânios esfacelados, com cabeças arrancadas por toscas criaturas.
Jorra sangue de gargantas cortadas e de cabeças abertas com serras elétricas
Enquanto um poeta louco compõe cânticos toscos procurando rimas e métricas
Palhaços comem crianças cegas, comunistas jantam sobras do império carcomido
E mendigos saídos dos esgotos comem lesmas do jeito que nunca tinham comido.
Morte aos eunucos, gritam as putas. Morte às putas! Gritam senhoras emolduradas
Padres empunham sangrentos crucifixos, crentes abanam bíblias de capas douradas
Estão todos mortos mas ninguém percebe. "Todos mortos!", grita um personagem
Uma adaga de madeira enterrada em meu coração e o sangue cobrindo a imagem.
Em um cinema mental, um filme de terror sem um começo e nem um final
A felicidade é uma das cenas censuradas e então não a conheceremos afinal.
Em realidade o que conhecemos por existência é um filme de terror proscrito
Com um roteiro porco que nem a mais sórdida das mentes poderia ter escrito.
Morcegos chupam sangue quente, putas pintos moles e religiosos carentes almas
Enquanto a platéia enfia a cabeça entre as pernas, pedindo bis e batendo palmas.
Não existem mais cortinas em salas de cinemas e o pipoqueiro morreu de enfarte
Lanterninhas são apenas lembranças na escuridão do lado oculto do planeta Marte.
Mas não tenhas receio da escuridão das salas de cinema, minha amada linda
Segure a minha mão, abrace o meu braço, que a escuridão, um dia ela finda.
O filme acaba, mas na calçada do cinema um mendigo de bengala urina a sua dor
A ele o filme nunca começa ou acaba, pois é apenas Mendigo não o Grande Ditador.
9/5/2008
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