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30/11/2019

Capacho

Capacho
Barata Cichetto



Então, vadia, quer apanhar na bunda,
Que eu te chame de porca vagabunda,
Ou quem sabe te bater na cara de vaca,
E riscar teu rosto inteiro com uma faca?

Posso te comer na rua encostada no muro,
E enterrar nas tuas pregas meu pau duro,
Morder tua jugular feito vampiro de cinema,
E depois te jogar na sarjeta cheia de edema?

E então, piranha, que tal acha de eu te esfolar,
Amarrar teus pulsos e te fazer ainda esmolar,
Gostaria de ser amordaçada e depois chupada,
Até sentir ser pelo seu flagelo a única culpada?

Eu posso dar o que quer desde que queiras,
Mas depois não saia por ai falando asneiras,
Peça e dou, implore e te como feito macho,
Só não seja infiel e não me faça de capacho.

24/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

28/11/2019

Foi Uma Puta Que Me Disse

Foi Uma Puta Que Me Disse
Barata Cichetto


Tem muita coisa que eu sei, e que não aprendi em uma Faculdade. Aliás, o mais próximo que cheguei de uma foi cerca de cem metros, num puteiro que tinha próximo ao Largo de São Francisco, onde tem a gloriosa Faculdade de Direito, que formou presidentes, políticos famosos e até estandartes da Literatura. Ali, não na Faculdade, mas no Puteiro, foi que dei meus primeiros passos em direção à Filosofia e a Poesia, o que é praticamente a mesma coisa. E também à Putaria, outra ciência insofismável.
Tem muita coisa que aprendi, mas não nos bancos limpos da Academia, nas camas sujas da Casa da Tia. Troquei professores letrados, trajados de terno ou camiseta rasgada, onde toda a verborragia gelada da humanidade e citações quilométricas de outros acadêmicos são encaradas com bocejos, cervejas e maconha na calçada, por putas desregradas, trajadas de minissaias e botas de cano alto, que desfilavam toda a sabedoria que mantinham quente no meio das pernas, e que são encaradas com desejo, cachaça e cigarro, bem ali mesmo.
Tem muita coisa que sei por que aprendi, mas nunca nos guetos ideológicos dos centros acadêmicos dessas faculdades de ciência nenhuma, doutrina marxista pura e filosofia pragmatizada. Aprendi nos guetos fisiológicos dos quartos de quatro metros quadrados, anti-higiênicos, endêmicos, desses puteiros, onde toda a ciência do universo e toda descoberta está na nudez e na embriaguez de perdidos sem glória, que fazem da própria história, sua formação, e onde o diploma chega junto com a capacidade de sobrevivência.
Tem muita coisa que aprendi, e que uso, feito uma cueca, diariamente como um escudo contra a estupidez e a arrogância acadêmica, que prega a Liberdade sem saber sequer onde fica a favela mais próxima; que prega revolução sem sequer saber amarrar os próprios sapatos. 
Aprendi e agora sei o que é Filosofia, e a pratico fora da lei, mas dentro da Lei, para desespero dos adoradores de canudos, de Canudos e de Zumbis. Sou e pratico a Filosofia, de acordo com sua mais literal e crua definição. E isso é o que me basta. Nunca fui a uma Faculdade, foi dito, e não por falta de poder, mas por ausência de querer. Quase todas as coisas do mundo são opcionais, exceto é claro as impostas por força de armas e violência física, então fiz a minha.
E se agora sei, porque não aprendi na Faculdade, mas no Puteiro, que o Comunismo é contra a essência humana, que o Capitalismo é desumano, e que qualquer Sistema é injusto e cruel, e especialmente, que qualquer Individuo, consciente de sua própria individualidade, é um perigo maior que um exército.
Ah, sei por que aprendi nos livros, que no final das contas são meras putas. E isso foi uma puta que me disse.

27/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

26/11/2019

Solidão Bucólica

Solidão Bucólica
Barata Cichetto




Quero saber do teu decote e da tua imaginação inescrupulosa,
De teus olhos melancólicos, e da tua boca tremida cor de rosa.
Onde passam teus cabelos jogados no rosto ao sabor da brisa,
E saber por quem tremem suas narinas, e tua mente indecisa.

Quero saber dos teus pés ligeiros, dos teus cheiros e sabores,
Entender o que pensa, saber onde te dói, cheirar teus odores.
Dizer-te que te quero, às seis da manhã, e às quatro da tarde,
E te possuir por trás, pela frente e soprar a ferida que te arde.

Quero querer, te amar ou te foder, usar palavras com poder,
E se não for te pedir demais, não deixar jamais de te comer.
Na solidão bucólica de teus desejos espero feito um monge,
Paciente e derretendo minhas asas de plástico ao sol longe,

Quero saber, apenas por saudades multicoloridas maiores,
Sobre teus desejos íntimos, detalhes ínfimos e pormenores.
Quero ser teu amigo constante, e amante por antigo prazer,
Mas apenas posso dar em troca aquilo que possa me trazer.

25/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

25/11/2019

Ah, Sim, Eu Tenho Uma Carreira

Ah, Sim, Eu Tenho Uma Carreira
Luiz Carlos Cichetto


Em Novembro de 2019, completo quarenta e cinco anos de carreira literária, pois considero a data da minha primeira publicação, ainda num daqueles veículos underground impressos em mimeógrafo. Antes disso, meus poemas e contos não saiam da caixa de sapatos ou do caderno. Novembro de 1974. Eu tinha 16 anos, e um monte de coisas escritas, mas eram apenas coisas de adolescente.

De qualquer forma, chamar de "carreira literária" é quase uma zombaria comigo mesmo, já que fora as auto-publicações artesanais, jamais consegui ser publicado por uma editora "de verdade", e quase nenhum dinheiro recebi com meus escritos.

Comemorar? Não, talvez apenas relembrar uma data, olhando para as pilhas de folhas impressas que empoeiram no meu armário, e que um dia, quem sabe num futuro em que eu não possa estar, seja a panaceia de alguém, que hoje ignora tanto meu trabalho quanto minha pessoa.

Nunca pleiteei nada que não fosse meu por direito, e isso inclui reconhecimento a um trabalho intenso, grande e vasto.

Meu sentimento é de que, findo este ano de 2019, tudo isso cesse, que eu não fique mais esperando o resultado de um email enviado a uma editora, de um concurso literário ou de qualquer migalha de uma curtida em rede social. Escrever sempre foi minha vida, e só há um meio de acabar com isso.

20/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto​ - Direitos Autorais Reservados

Sol_Angel

Sol_Angel
Luiz Carlos Cichetto



Na ponta dos pés o homem entrou na cozinha, que era simples e com poucos utensílios. A mulher, trajada também simplesmente não percebeu sua chegada, entretida nos seus afazeres. Ela estava descalça e cantarolava alegremente, enquanto mexia nas louças da pia. Uma blusa cor-de-rosa de alça, com um grande decote deixava à mostra o colo dos seus seios, pequenos, mas de bicos pontiagudos.  
Ele se se encostou às nádegas da mulher e seus braços, magros e longos envolveram sua cintura. Ela fez que não percebesse, mas apertou a bunda de encontro ao pau dele, que a essa altura também estava duro.
Com delicadeza, mas firmemente ele abriu o zíper da calça comprida dela e desceu até o meio das coxas, magras, mas firmes. Ela soltou um gemido, que parecia um ronronado de gato, e jogou o pescoço para trás.
As mãos do homem, de dedos longos e finos percorreram o meio das pernas tateando a calcinha, que era um pouco gasta. Em segundos a calça jazia entre os pés da mulher e sobre ela a lingerie branca. Sua boca lhe percorreu o pescoço, depois a orelha. A língua desenhava círculos na pele dela, que se arrepiava a cada movimento.
Sem dizer nada, a mulher apoiou as mãos, que ainda estavam molhadas, na pia e ergueu os quadris. Toda sua pele tremia de desejo, suas pernas bambeavam e a vagina estava tão molhada que ela percebia uma gosma quente a lhe escorrer.
Em silêncio, o homem abriu o cinto de sua calça com rapidez e a desceu juntamente com a cueca, chutando-as para longe. Abraçou-a, apertando delicadamente os seios, ergueu-lhe os cabelos e mordiscou-lhe a nuca.  Sua respiração estava ofegante, descompassada e um vermelhidão tomava conta de seu rosto.
A mulher abriu as pernas num convite, e ele a segurou pela cintura e penetrou, calma e mansamente. Seu pênis ereto entrava e saía em movimentos que pareciam de um bailado, cuidadosamente ensaiado, acompanhando o mover das ancas dela, para frente e para trás.
A vagina dela estava quente e úmida, pois há muito esperava por aquele homem misterioso por quem ela sempre tivera desejo, e que agora aparecia ali, na sua cozinha, e a possuía como ninguém a tinha possuído até então. Era firme, seguro, forte, mas sem violência, e a possuía no sentido mais claro, tirando dela todo o prazer que jamais imaginara ser capaz.
Sua língua a percorria por onde era possível alcançar, seus dedos se enroscavam nos pelos da vagina dela. Seus gemidos agora eram tão altos que temeu acordar a vizinhança. Há quanto tempo ela esperara por aquilo, nem sabia dizer.
Depois de cerca de uma dúzia de minutos, o êxtase. Primeiro ela sentiu um choque elétrico, um orgasmo como nunca tinha sentido antes, percebeu que seu corpo inteiro tremia com aquele prazer. No mesmo momento, sentiu um jato quente lhe penetrar, como se fosse lava de um vulcão. O homem soltou um urro e a abraçou mais forte, quase esmagando-a contra a pia.
Delicadamente ela a virou de encontro a ele, olhou-me bem nos olhos e ameaçou dizer alguma coisa, mas se calou e beijou-lhe as pálpebras e o rosto, deu alguns passos e apanhou a calça e cueca num canto, vestiu-se e saiu, deixando a porta aberta.
Atrás de si, a mulher ficou parada, certa de que aquilo era apenas um sonho. Ou não...?

31/10/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Segredos

Segredos
Barata Cichetto



Pergunta se um segredo nos torna maiores,
E te respondo que jamais seremos menores:
Segredos nos fazem cúmplices das verdades,
De acordo com as nossas próprias vontades.

25/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

24/11/2019

Bastião do Paraíso

Bastião do Paraíso 
Barata Cichetto
(Bastião: Obra avançada de uma fortificação, com dois flancos e duas faces; lugar completamente seguro; pessoa que luta por uma causa; defensor.)


Sua respiração acelerada é o desejo pulsante,
Minhas palavras te desejam, delícia delirante,
E se tuas pernas tremem e tua pele enrubesce,
É o desejo libertador que na tua alma floresce.

Pense em mim no chuveiro e use seus dedos,
Enquanto espero escondido de teus segredos.
Caminhe pela praça deserta do Paraíso, nua,
Que te espero armado no outro canto da rua.

Acorde de manhã, sentindo o pulsar do coração,
E sinta no meio das pernas um ligeiro comichão,
Depois se entregue ao desejo puro de quem vive,
E não ao desespero parco daquele que sobrevive.

Teus lábios tremulam, tuas narinas se distendem,
Há tolos que se contraem, outros que te prendem,
Enquanto eu, do prazer soldado ferido sem glória,
Luto por seu desejo, na maior batalha da história.

24/11/2019