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13/03/2020

Novecentos e Noventa e Nove

Novecentos e Noventa e Nove
Barata Cichetto



Ontem calculei o final da minha saga, feito um conquistador,
Que nada além de desertos e de desgraças foi o despertador.
Termino aos sessenta o que comecei aos quinze sem piedade,
Concluindo que em mim existe algo muito além da maldade.

Carreguei quase mil, nas costas magras de um quase aborto,
E foram tantos poemas que pelo peso me sinto quase morto.
Novecentos e noventa e nove é um bom número para se parar,
E em dois mil e dezenove, nada mais da poesia tenho a esperar.

Aos meus filhos, que esperam de mim que eu seja esquecido,
Digo apenas que fui sem ser, e também fui sem nunca ter ido,
E também às megeras que dela se fartaram sem matar sua fome,
Apenas falo, porque falo é meu pinto e nunca foi o meu nome.

Sem eira nem beira pode um homem, mesmo um poeta, viver,
Mas sem esperança, neste mundo, nada pode ousar sobreviver.
E não espero que leiam o que foi escrito, ou que vivam por mim
Pois eu vivi outras vidas e agora todas elas chegaram ao seu fim.

28/04/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

11/03/2020

Filosofia de Pés Sujos


"Filosofia de Pés Sujos" não é um livro de filosofia, é de poesia. "Filosofia de Pés Sujos" não é um livro de poesia, é de filosofia. É poesia filosófica, filosofia poética e o que mais pensar que é. São dísticos (poemas rimados de duas estrófes e um único verso, que tratam basicamente da filosofia que engendrei, não nos bancos de faculdades, mas andando e me fodendo pelas ruas, e nos livros comprados basicamente em sebos. É uma filosofia pura e puta, totalmente livre de dogmas e ideologias. Ali, meu pensamento não tem fronteiras nem censura. É para poucos, como bem escreveu o meu amigo Eduardo Amaro, que escreveu a apresentação do livro, que estará a venda a partir de 1 de Abril pela plataforma UICLAP.
Barata Cichetto, Universidade da Vida, onde o diploma é a certidão de óbito,
Fotos: C. Tarakonas


















08/03/2020

Destarte

Destarte 
(Pelo aniversário de Elisabete Tim, a artista plástica Nua Estrela, no Dia Internacional da Mulher)
Barata Cichetto




Um dia uma bela estrela quis ficar nua,
E no céu pintou a imagem que era sua.
Criou asas, desenhou a imaginação:
A liberdade é a arte da composição.

Quis um dia a nua ser a pintura,
E da tela saiu uma bela criatura,
Metade estrela, outra mulher, toda arte:
Era Elisabete, a Nua Estrela, destarte.

08/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

07/03/2020

Cospe ou Engole?

Cospe ou Engole?
Barata Cichetto



Eu engulo no cálice da tua inconstância
Um liquido amargo da oval redundância.
Trago comigo um cigarro de gosto amargo,
E bebo até cair, antes de causar um estrago.

Acendo no meio das tuas pernas o paieiro,
Um paiol de pólvora teu desejo derradeiro.
Fecho os olhos e vejo teus lábios enrugados,
E quando beijo é por desejos não explicados.

São teus medos que me causam furor, bela,
Ou os segredos que não mostras na janela?
Descobri o fogo numa jornada atemporal,
E agora sou o relâmpago do seu temporal.

Ainda espero na cama tua impávida nudez,
E derreto na chama da tua inválida viuvez.
Mostro meu pênis inflado por pura safadeza,
Depois engulo seco o desejo junto à tristeza.

07/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

04/03/2020

O Que Aprendi Com Ex-Mulheres

O Que Aprendi Com Ex-Mulheres
Barata Cichetto



Com as minhas ex mulheres
Aprendi a ser bom homem:
Enquanto eu lavo talheres,
As infelizes ainda dormem.

E com uma que era santa,
Aprendi a ser homem fiel:
Enquanto eu fazia a janta,
A criatura comia no motel.

Com a outra, a autêntica carola,
Aprendi a ser um homem elegante:
Enquanto eu carregava a sacola,
A pura se esfregava com o amante.

E com outra, professora de adultos,
Aprendi a ser homem de religião:
Enquanto eu trabalhava nos cultos,
Na cama ela ensinava uma legião.

E teve outra com muito dinheiro,
Que de homem aprendi ser poeta:
Enquanto eu limpava o banheiro,
A ricaça se sujava com um atleta.

E não pensem que foi só desgraça,
Que fui homem de puta também:
Enquanto me dava o rabo de graça,
A buceta não cobrava de ninguém.

Aprendi muito com todas elas,
A ser um homem não machista:
Sei perfeitamente lavar panelas,
Enquanto elas lambem o fascista.

E a elas afirmo que sou muito grato,
Aprendi a ser homem de alto valor,
A colocar comida no próprio prato,
E nunca reclamar quando faz calor.

07/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

02/03/2020

Qual é a Diferença?

Qual é a Diferença?
Barata Cichetto



Sou homem da rua, matemático, somo e subtraio,
Conto até cem e divido por dois, mas nunca traio.
Ando descalço, tenho pés sujos, e multiplico a dor,
Dois e dois são quatro, duplicando o multiplicador.

Diferença não faço, diferente só aquilo que restou,
E se a conta não bate é que sua caneta não prestou.
O primus interpares é um numero primo indigente,
Então qual a diferença entre o igual e o diferente?

Radical e radicando, duas vezes quatro igual a oito,
E a raiz quadrada de um é o resultado do seu coito.
Sou o impar, número bastardo elevado ao extremo,
E se existe um deus, é apenas um número supremo.

Tenho em mim uma diferença feita apenas de fatos,
Então calcule o tamanho dos pés, nunca dos sapatos.
Conclua o valor do meu pau em relação à sua vagina,
O resultado da conta nem sempre é o que se imagina.

Meça a distância, calcule a rota, compre a passagem,
E deixe o motorista carregar o peso da sua bagagem.
Calcule o quadrado dos catetos, some à hipotenusa,
Num teorema sem nexo nem sexo, que ninguém usa.

Tire a prova dos nove, faça a prova real, fique sentada,
Enquanto a matemática do tempo lhe dá uma dentada.
Não faça a conta, apenas faça de conta que quer sofrer,
E esqueça o caderno em cima da cama antes de morrer.

02/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

01/03/2020

Toda a Poesia Que Eu Pude Carregar

Toda a Poesia Que Eu Pude Carregar
Barata Cichetto



Pensando agora, rememorando minha poética escrita
Chego a precisa conclusão que poesia é coisa restrita
Pois embora tenha escrito seiscentos e sessenta e sete
Poemas ao longo de uma carreira sem gloria e confete
Sinto que pouco do que existi resultou em um poema
E isso me deixa com sensação de que é um problema.

Calculo dias, semanas e meses, quantos poemas por ano
E chego à conclusão que a poesia deste poeta mundano
É apenas um pequeno pedaço que imaginei ser enorme
Mas sabendo que é por causa dela que o tal não dorme
Concluo que ela é apenas a sacana que tem me ferrado
Mas de qualquer forma eu também posso estar errado.

E agora fico parado olhando montes de papel empilhado
Centenas de folhas impressas e um nome nela encilhado
"Poemas de Barata Cichetto" é da forma que eu a chamo
É a poesia que pude carregar no meu lombo de jumento
Mas agora cansado quero apenas descanso e o aumento.

Olho agora a essas folhas cheias de palavras e sentidos
Num arremedo de sentimentos tolos, falsos e mentidos
E penso que vida maldita essa que retratei sem piedade
Que existência foi essa trouxe a mim tanta infelicidade?
Mas não menos importante, por fim penso comigo agora
Que poesia não ama seu amado e a que ama não adora.

Tanta coisa que era poesia não virou poema e o oposto
E ao contrário do que pensam, os poetas não tem gosto
Gostar é saber e não gostamos daquilo que não conhecemos
E portanto é a poesia o único ser maldito que reconhecemos
Um ser amado que nos aleija e nos coloca uma arma na testa
Ou ser bruto que transforma em bom tudo o que não presta?

Eu não quero morrer na solidão de um hotel, espumando ódio
Por apenas entrar na história e depois de morto subir ao pódio
Quero que a poesia me carregue, não a carrego mais nos braços
Pois o que desejo agora é o prazer mundano dos beijos e abraços
E se um dia nos encontrarmos, querida Poesia de horas incertas
Sei que a encontrarei feito as putas e a morte, de pernas abertas.

27/04/2013
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados