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26/04/2018

Prefácio a Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll

Todos queremos existir, mas existir me parece uma grande ficção
Viegas Fernandes da Costa
Prefácio ao Livro: "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll"

Todos queremos existir, mas existir me parece uma grande ficção, ocorreu-me pensar certo dia. 
Penso que corria o ano de 2002 quando, pela primeira vez, Barata eu nos demos por conhecer. Não pela carne, mas pelo verbo. Escrevia um mailingzine chamado “Comentário da Semana”, que distribuía através de uma conexão discada de internet. Os tempos eram primitivos na cibernética tupiniquim! Luiz Carlos Cichetto fez o convite, acaso não gostaria eu de publicar meus comentários no site que ele editava? Topei, desde que pudesse transformar o “comentário” em “Crônica da semana”. E assim se fez, por mais de dois anos, toda semana, na labuta de cronicar para A Barata, o site em questão. Melhor, portal, porque site ficava muito pequeno para o universo que aquele espaço reunia. 
No início do século XXI o território virtual brasileiro era ainda bastante amador, isto para evitarmos o adjetivo “tosco”, repleto de gifs animados e corres berrantes. A Barata não! Espaço imenso, miríade de textos e autores, imagens, debates e, claro, rock’n’roll. Underground nas cores e na proposta! Havia um diferencial de qualidade em todo aquele trabalho construído pelo Luiz Carlos Cichetto, que incansavelmente editava e diagramava todo o conteúdo que ia ao ar, bem como estabelecia contatos, criava vinhetas, realizava entrevistas, escrevia seus textos e ainda gerenciava dezenas de colunistas que periodicamente encaminhavam seus materiais para publicação. Era tanta coisa, que ficava difícil acreditar que uma única pessoa estava responsável por manter tudo aquilo. Barata era quase uma lenda, pensava-no muitos, tentacular e alter-ego de uma comunidade de nerds. Nada, era sempre uno, o mesmo barbudo e magro que aparecia nas fotos das festas que organizava e que me respondia os e-mails. Surpreendente!
Sempre que me deparo com algum texto ou biografia de Antonin Artaud, entendo que a arte é urgência e emergência, em todos os sentidos que estas duas palavras podem carregar, e não vejo despropósito algum quando, ao ler esta autobiografia não autorizada do Barata, de reportar-me a estas urgência e emergência artaudianas. Luiz Carlos Barata Cichetto é urgência e emergência que transforma sua vida na matéria do seu fazer artístico-intelectual e se choca com um mundo higienizado, asséptico, ao qual incomoda com o desplante da sua existência. 
Todos queremos existir, mas existir me parece uma grande ficção, ocorreu-me pensar certo dia, e faço questão de reiterar.
Depois da experiência em A Barata, muitos foram os passos. Por vezes abandonavam-me as notícias de Luiz, como tão comum às amizades que se constroem na internet. Mas o cara é mesmo Fênix, e quando eu menos esperava, estava lá uma mensagem sua em minha caixa-postal, para um novo projeto, uma revitalização do site, uma revista que estava pensando publicar, uma rádio para a qual me convidava enviar material. Barata é barata, não há dúvida! E agora estas linhas para sua autobiografia, não autorizada. E, se não autorizada, permite-me então crer no exercício livre da memória empreendido por Luiz e percebido na leitura que fiz do livro. Vale lembrar, antes, que memória e lembranças são coisas diferentes, mas que aqui aparecem misturadas. Porque a memória é sempre a lembrança domesticada, ainda que livre. No caso deste livro, temos lembrança, mas temos também memória, porque permeada por uma escrita. Temos o exercício catártico de dizer para existir, escrita febril, torrente de verbo, mas temos também a presença de um narrador que organiza suas experiências e as revela ao público pelo filtro da memória. Assim, banal e extraordinário convivem lado a lado, tal qual na vida real, e nos é possível reconhecer um pouco desta personagem complexa em que se transformou Luiz Carlos Barata Cichetto. Reconhecer, como reconhecemos um nome na imagem, uma identidade na sombra, porque toda esta trama autobiográfica não autorizada é também ficção, como o é toda vida que experimentamos.
Para além, “Barata: sexo, poesia e rock’n’roll” contribui para compreendermos os deslocamentos nas margens paulistanas, no underground cultural. Luiz nos leva a passear pelos cinemas pornográficos, convida-nos a uma transa em um puteiro, a bebermos o desespero e a mágoa e a dançarmos enlouquecidamente ao som de uma banda de rock jamais alçada ao mainstream. Seu texto muitas vezes equilibra-se entre um Bukowski embriagado (êita pleonasmo maldito!) e um Bataille revelando-se na “História do Olho”.  É desabafo e monumento de um homem ciente do tempo, este lugar miserável que nos traga em sua superfície porosa e movediça. É testemunho de entrega a uma causa que sabe perdida, mas nem por isso menos necessária.
Todos queremos existir, mas existir me parece uma grande ficção, ocorreu-me pensar agora que escrevo sobre esta autobiografia não autorizada de Luiz Carlos Barata Cichetto. É isto, personagem e protagonista, Barata nos apresenta sua fábula e sua verdade, desnuda-se vestindo memória, e nos entrega um monumento, relato de um tempo e um homem. 
E, claro, existe!

Blumenau, 30 de maio de 2012.

* Viegas Fernandes da Costa é escritor e historiador.

Edit de 30/04/2018: Mensagem de Viegas Fernandes da Costa:
Luiz, sou filiado ao PT. Como tu mesmo escreveste, não sou bem vindo na tua página. Por isso, peço-te que não me marques mais em postagens tuas e te sugiro apagar o prefácio que um dia escrevi sobre teu livro,  por uma questão de coerência.

Resposta:
Ah, me desculpe. Eu não sabia. Vou desfazer amizade. O prefacio esta impresso no livro e os exemplares estão espalhados pelo mundo. Quanto a publicação no Facebook, vou remover. Sinto muito. Por você

28/08/2012

Fanzinada na HQ Mix

FANZINADA

Dia 15 de Setembro de 2012, Sábado, a partir das 15:00 horas, estarei presente no "Fanzinada" na HQ Mix Livraria, organizado pela Thina Curtis,  com meu livro: "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll" - Uma Autobiografia Não Autorizada". E também com a Revista Independente "Versus" e os livros de poesias. Compareçam! Tragam publicações independentes!!!
Sobre o Livro: http://www.abarata.com.br/livros.asp?secao=L&registro=6

ATRAÇÕES DO EVENTO:
UGRA PRESS: Anuário de Zines
OFICINAS DE DESENHO E GRAFITE: Dedot e Marcio Ficko
AUTOBIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA: Lançamento do livro de Luiz Carlos “Barata” Cichetto, "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll"
EXPOSIÇÕES:
Stêncil e Lambe-lambe (Simone Sapienza Siss)
Pop Sculpture e Toy Arts (Rafael Lucena)
Fotografias de Luana Cajado
Art Paper (André Gomes)
Obscurarte - Ravens House Brasil
Fábrica de Devaneios (Cledson Bauhaus)
Tempo Seco (Goo Ma)
DEBATES:
Publicações Independentes com Cristiano Onofre
Dia Nacional do Fanzine com Gazy Andraus

Rua Tinhorão, 124,  Higienópolis, São Paulo/SP - Em frente à FAAP, próximo do estádio do Pacaembu.
Localização: https://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&safe=off&q=Rua+Tinhor%C3%A3o,+124,&ie=UTF-8&hq=&hnear=0x94ce5824c7dcfe7d:0x68d2172ee40bad70,R.+Tinhor%C3%A3o,+124+-+Consola%C3%A7%C3%A3o,+S%C3%A3o+Paulo,+01241-030&gl=br&ei=jq48UL7jN9Hq0QHevoCoBQ&sqi=2&ved=0CCIQ8gEwAA

17/07/2012

Programa "Momento Rocktime # 49"


Programa Rocktime, do amigo Jackson Rocktime, falando entre outras coisas, sobre meu livro "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll". Assistam, comentem e compartilhem. O programa Rocktime vai ao ar também pela TV em Ponta Grossa e divulga sempre, alem de noticias do Rock Mundial, bandas e artistas independentes. Vale a pena acompanha o programa inteiro!!!


09/07/2012

Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll: O Dia Seguinte



Apesar do frio intenso e da típica garoa paulistana de um domingo de inverno, no domingo, dia 8 de Julho de 2012, muita gente compareceu ao lançamento do livro "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll", no CIAM, no bairro do Tatuapé. Pessoas para quem nem mesmo uma baixa temperatura afasta o desejo de compartilhar sonhos e histórias. Porque somos sim, história, como escreveu Ignácio de Loyola Gomes Bueno. E nesse dia mais um capítulo não apenas da minha, mas de todas as pessoas que compareceram foi escrito. Falar sobre os livros, sobre como foram escritos, feitos e editados não tem dinheiro que pague, nem frio que afaste. Escutei frases de pessoas alí que me deixaram encantado, vivo e até de certa forma, orgulhoso. Mas não um orgulho vaidoso, um orgulho em saber que o sucesso não é medido pelo retorno financeiro ou a glória etérea. Mas o orgulho de ter feito e escrito coisas que dão certezas ou dúvidas, não importa, sobre o que elas pensam e sentem.

Escutar a voz de Ciro Carvalho e Renato Pop interpretando musicas construídas a partir de minhas poesias, receber a presença da banda Baratas Organolóides que fez questão de aparecer e tocar; apreciar a arte genial desse garoto chamado Gabriel Fox, são coisas que fizeram com que eu me sentisse uma criança brindada com o melhor dos presentes. E ainda mais pela presença firme de meus pais, que apesar de todas as dificuldades de locomoção compareceram.

Poderia ter feito um evento num lugar afamado, ter convidado uma série de famosos e ter vendido milhares de livros e decerto não teria a sensação de sucesso que tive. Acima de tudo pelo sentimento de amizade e parceria oferecidos pelo Dimas Farias, guardião do CIAM. Compartilhamento é isso, não apenas um clique num ícone numa rede social. As revoluções são feitas assim: com pessoas e idéias. Apenas assim são válidas e permanentes.

Obrigado a todos.

Luiz Carlos "Barata" Cichetto
09/07/2012

02/07/2012

Criador de Baratas


Criador de Baratas
(Trecho Inédito do Livro "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll")

Um fato interessante com relação ao website A Barata, foi quando uma mulher, representando o SESC me ligou convidando para uma exposição que lá aconteceria. Ela falava, falava, e eu não entendia nada, achando que o interesse seria por meu projeto cultural. Até que ela disse que precisava saber do espaço que eu precisaria. "Espaço?", " Sim, para mostrar suas criações...",  "Criações? Senhora, minhas criações são poesias, contos, crônicas... E estão todas no site" , "Mas, o senhor não é criador de Baratas?". Em resumo, ela achou o nome "A Barata", e caiu na pagina onde eu me definia como "Criador d'A Barata" e achou que eu criava os insetos. Quer dizer não viu nada, não entendeu nada. E a tal exposição era mesmo de pessoas que criam animais estranhos.

(Parte do Apêndice...)


19/06/2012

Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Release



"Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada", é o nome do livro que o poeta, escritor, webdesigner, artesão, webdesigner e agitador cultural, Luiz Carlos Barata Cichetto está lançando. Em 140 páginas, o autor discorre de forma simples e direta os últimos quarenta e dois anos, iniciando sua narrativa no ano de 1970, quando começou a escutar Rock, até o ano de 2012. Curiosidades e detalhes sobre shows internacionais, detalhes de suas aventuras amorosas e como criou e mantem até hoje um site que no inicio do século foi uma referencia no cenário brasileiro de Rock e Internet.

Escrito de um fôlego só, em menos de uma semana, o livro foi também integralmente composto fisicamente pelo autor, que é o responsável pela diagramação, impressão e encadernação, por intermédio de um projeto chamado Editor'A Barata Artesanal. Sem qualquer tipo de revisão ou copidescagem e sem também qualquer pesquisa mais apurada, o livro foi escrito propositalmente baseado em lembranças e memórias do autor, sem uma preocupação histórica. Evidentemente que por tal estratégia, "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll" poderá até conter erros de informação histórica, mas o que não invalida a intenção de Barata que é a de criar um painel cultural das ultimas quatro décadas, apimentando esse painel com cenas eróticas e com fatos que até então apenas poucos amigos dentro do seu Universo, o da Musica e da Poesia conheciam.

Luiz Carlos Barata Cichetto tem mais de 1.000 poemas e cerca de 2.000 crônicas e contos, a maior parte publicado em seu projeto A Barata. Entre 2002 e 2006, organizou inúmeros eventos culturais denominados Fest'A Barata, que reuniam além de bandas de Rock, outras expressões artísticas. Foi manager da banda Patrulha do Espaço, onde entre outras coisas criou o nome e o conceito do CD ".ComPacto". Criou também sites para várias bandas do cenário, tendo sido pioneiro em oferecer espaços gratuitos para sites de artistas.

Em 2010 escreveu Vitória ou A Filha de Adão e Eva, uma Opera Rock, tendo a parte musical a cargo de um dos maiores expoentes do Rock Progressivo no Brasil, Amyr Cantusio Jr. Nesse ano também criou a Editor'A Barata Artesanal com o objetivo de publicar de forma artesanal seus próprios livros mas que acabou também por publicar outros autores.  Além de inúmeras edições de revistas virtuais, também criou e produziu, sempre com recursos próprios, as revistas Revist'A Barata (2000 a 2004) e atualmente a Revista "Versus". Neste ano de 2012, a parceria com o cantor e compositor Ciro Carvalho trouxe nova faceta, a de letrista, que rendeu de imediato a composição de 50 musicas que serão ainda neste ano apresentadas em um show que está sendo montado e num CD ainda em fase de gravação.

"Para além, 'Barata: Sexo, Poesia e Rock’n’Roll' contribui para compreendermos os deslocamentos nas margens paulistanas, no underground cultural. Luiz nos leva a passear pelos cinemas pornográficos, convida-nos a uma transa em um puteiro, a bebermos o desespero e a mágoa e a dançarmos enlouquecidamente ao som de uma banda de rock jamais alçada ao mainstream. Seu texto muitas vezes equilibra-se entre um Bukowski embriagado (êita pleonasmo maldito!) e um Bataille revelando-se na “História do Olho”.  É desabafo e monumento de um homem ciente do tempo, este lugar miserável que nos traga em sua superfície porosa e movediça. É testemunho de entrega a uma causa que sabe perdida, mas nem por isso menos necessária." (Trecho do Prefácio do Escritor e Historiador Viegas Fernandes da Costa)

"Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada",
Luiz Carlos Barata Cichetto
Editor’A Barata Artesanal
2012 - 140 Páginas
Lançamento Oficial: 08/Julho/2012, Domingo, das 11:00 as 19:00
CIAM – Centro de Incentivo a Arte e a Música
Rua Xiririca, 237 – Tatuapé – São Paulo - SP
Preço de Venda Internet: R$ 30,00 (Despesas de Correio inclusas)
Pedidos: http://www.abarata.com.br/livros.asp?secao=L&registro=1
Contato Com Autor: (11) 6358-9727
E-Mail: barata.cichetto@gmail.com

05/06/2012

Mediunidade


Mediunidade
(Trecho de "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada"

O processo de criação literária é algo muito interessante. Acredito que todos que escrevem com paixão, especialmente poesia, já se depararam com o fato de algum tempo depois ler suas próprias criações, não lembrar de as ter escrito. Estar certo que escreveu, mas não lembrar como, de que forma ou quando o fez. Plínio Marcos dizia que todo escritor é um tanto médio. E como Plínio era um esotérico, acredito que se referia mesmo a mediunidade espírita. Eu concordo em parte, mas acredito que a coisa funciona um pouco diferente. Um texto, um poema, uma obra qualquer de um artista é um pedaço de sua alma. Não essa alma apregoada nos escritos religiosos, mas a alma que todo artista coloca em sua criação. Quando lemos um livro de um determinado escritor, por exemplo, pegamos ali um pedaço da alma dele.  O mesmo acontece quando falamos, escutamos - pessoalmente ou não -, fazemos sexo ou tocamos outras pessoas: carregamos conosco um pedaço das almas delas.  Algumas tribos indígenas acreditam que a fotografia aprisiona a alma do fotografado. Até certo ponto estão certos. Mas um livro de um escritor tem decerto um grande pedaço de sua alma aprisionada. E quando lemos seu livro, libertamo-la e ficamos com parte dela integrando a nossa. Depois quando alguma pequena lamparina de inspiração acende e começamos a escrever, todos esses pedaços de almas "baixam" em nós e com eles todos juntos, construímos nossa própria obra.  Nossa própria alma.


03/06/2012

Direito de Herança


Direito de Herança
(Trecho do Livro: "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll")
Editor'A Barata Artesanal - 2012 - 140 Páginas
Lançamento Oficial: 8/7/2012

Acho o Direito de Herança uma das coisas mais sórdidas e injustas que o sistema capitalista criou. Filhos, esposas e etc, recebendo dinheiro por algo no qual nem sempre (aliás na maioria das vezes) participou. Esse tal direito tornou milionários muitos preguiçosos. Seres que, enquanto o pai ou marido se arrebentava de trabalhar tinham vidas totalmente dedicadas à vagabundagem. E depois da morte do sujeito, passaram a mão em quantias vultuosas em bens e dinheiro. E quando tratamos de arte, então, a coisa piora em quinhentos por cento. A maioria dos artistas, principalmente escritores e poetas, foram humilhados e rechaçados em suas próprias famílias. Foram tachados de preguiçosos, folgados e vagabundos. Mas aí, quando mortos, essa mesma família recebe por frutos que, se dependesse inteiramente dela, nunca teriam amadurecido. São casos clássicos de direitos de herança na literatura, particularmente. Franz Kafka por exemplo, nunca ganhou porra nenhuma com seus escritos e mandou, à beira da morte, que seu melhor amigo queimasse seus livros. Max Brod, o tal amigo, não cumpriu o chamado ultimo desejo de um moribundo, e o mundo então conheceu a obra magnífica de Kafka. Mas, não sei se ele ou quem mais ganhou, mas o fato é que muita gente lucrou e lucra com aquelas obras. Raul Seixas morreu sozinho, implorando pelo retorno de uma companheira que atualmente ganha um monte de dinheiro em cima do nome daquele a quem ela desprezou. E como essas, um monte de outras referências a isso. E mesmo comigo. Meus pais sempre me rotularam de esquisito e preguiçoso... “Esse aí, ah, ele é poeta..” Num tom descaso e como querendo dizer: “Ah, esse aí,  Ah, esse é um bandido!”.

Minha primeira mulher me “obrigou” a jogar fora uma mala cheia de poesias e, depois de 15 anos, quando retornei a escrever, passou a afirmar que odiava o personagem principal de “O Feijão e o Sonho”, tachando a ele, e por tabela a mim, de “irresponsável”. Um detalhe: trabalho desde os 12 anos, quando comecei a ajudar meu avô empurrando um carrinho de vasos pesado pelas ruas. E nunca, com exceção de algumas épocas em que fiquei desempregado por poucos meses, deixei de trabalhar e manter família. Mas é certo que, acaso minha poesia, minha literatura rendesse um bom dinheiro, as coisas seriam diferentes. Filhos? Ah, filhos querem pais bem sucedidos, gordos, carecas e ricos para que possam confrontar, confortar e no fim... Serem idênticos... Enfim, é justo que após a morte, essas pessoas obtenham lucro com algo do qual, além de não terem participação alguma, sempre execraram? Sou da seguinte opinião: o “lucro” de um trabalho artístico deve ser dado apenas e tão somente ao artista enquanto pagamento por seu trabalho. Morto o artista, o lucro advindo da venda de seu trabalho deveria ser administrado por um fundo destinado ao financiamento de outras obras artísticas, assim mantendo-se, alimentando-se a arte da própria arte.. Isso é um assunto complexo e extenso, reconheço, mas de minha parte, é meu desejo que, acaso um dia, minhas obras tenham algum rendimento pecuniário, que seja ele destinado ao financiamento de outras. Nada mais! Se meus filhos desejam obter algum rendimento sobre arte, que façam suas próprias, usando a herança maior que poderia lhes dar: a genética e o incentivo às artes, à leitura e ao pensamento livre.



31/05/2012

Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'nRoll, por Viegas Fernandes da Costa


Trecho  do prefácio, por Viegas Fernandes da Costa

"Barata: Sexo, Poesia e Rock’n’Roll” contribui para compreendermos os deslocamentos nas margens paulistanas, no underground cultural. Luiz nos leva a passear pelos cinemas pornográficos, convida-nos a uma transa em um puteiro, a bebermos o desespero e a mágoa e a dançarmos enlouquecidamente ao som de uma banda de Rock jamais alçada ao mainstream. Seu texto muitas vezes equilibra-se entre um Bukowski embriagado (êita pleonasmo maldito!) e um Bataille revelando-se na “História do Olho”. É desabafo e monumento de um homem ciente do tempo, este lugar miserável que nos traga em sua superfície porosa e movediça. É testemunho de entrega a uma causa que sabe perdida, mas nem por isso menos necessária." - Viegas Fernandes da Costa, Escritor e Historiador, Blumenau, SC

18/05/2012

Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Trecho Inédito


§33
"O Rock nasceu de uma necessidade psicológica original: eliminar as garras da sombra". Essa frase, de autoria do filósofo Luiz Carlos Maciel, publicada em "A Morte Organizada", 1976, sempre me foi verdadeira. O Rock dentro de mim era simplesmente isso, eliminar as garras da sombra, jogar luz dentro de minha mente escura, sombria, lotada de fantasmas. E mais do que em qualquer momento, naquele 2007, um dos anos mais gelados de toda minha lembrança, eu precisava de muito Rock. Morando em um canto na fábrica de etiquetas onde também passei a trabalhar. Um pequeno retângulo de cerca de 5 metros quadros era o suficiente, pois qualquer coisa maior aumentaria ainda mais o meu sentido de solidão extrema. Quando as sombras da solidão nos esperam, precisamos estar num espaço pequeno, pois quanto maior é o tamanho do nosso quarto, maiores são as sombras na parede. E era por isso que eu coloquei duas coisas essenciais naquele cubículo da Penha: um pôster em preto e branco (o preto e branco é maravilhoso e se confunde com as sombras) de Janis Joplin nua e um peixe beta. A parte boa da solidão, além de podermos cagar de porta aberta, é que ela nos faz sentir importantes a nós mesmos, quando olhamos por uma ótica intima.

Entre rolos de etiquetas e impressoras de código de barras, o dia corria. Mas a noite, era entre litros de Rum com Fanta e muita putaria que ela acontecia. Ia todas as noites jantar numa Casa do Norte próxima ao Cemitério da Penha e acabei jantando (e almoçando) duas das garçonetes. Uma delas que era muito magra e branca, as 4 e meia da manhã no muro do Cemitério. A outra, uma negra que lembraria um pouco "Sweet Jane", foi devorada num motel. "Foi" devorada é maneira de falar, por na verdade ela foi quem me devorou. Numa quebrada, em meio a um monte de lixo e entulho atrás da Led Slay, uma garota de nome Cristina, se não me engano. Eu, completamente bêbado e ela muito chapada achando que eu era Raul Seixas. Foi muito engraçado porque a garota era fanática e ficava o tempo todo, enquanto eu a comia, cantando músicas como "Maluco Beleza", "A Maçã"... E outras. Um outro dia, na Galeria do Rock encontro uma gótica... Ela conhecia A Barata e disse estar contente por estar ali comigo, que conhecia e admirava minhas poesias e tarari, tarará.... Mas era ruim de cama pra cacete, do tipo de mulher que parece que irá lhe arrancar o saco de tanto lhe chupar, lhe dar até o buraco das orelhas... Mas na hora agá, deita, abre as pernas e... Mais nada...

Num puteiro das proximidades, conheci a Puta Caridosa. Ela fazia programas e depois saia na calada da madrugada com parte do dinheiro arrecadado comprando comida e distribuindo aos mendigos da rua. Sai umas duas ou três vezes com ela fazendo esse roteiro, depois de fechado o puteiro. Ela parecia a Madre de Calcutá enquanto distribuía pão, mortadela e refrigerante aos mendigos. Mas uma Madre Tereza de um par de peitos e uma bunda enormes, além de uma buceta muito suculenta e sempre querendo ser penetrada. 

De sexta a domingo era Dia de Rock. Led Slay, Fofinho, Café Piu-Piu. Nas duas primeiras, desde a época em que realizara meus eventos, eu tinha passagem livre e principalmente na Led, ainda certo prestigio, herdado da época em que fazia o website. E foi então que percebi que, ao contrário do que pensava, não era tão desinteressante às mulheres. Algumas, sabendo que agora eu não tinha amarras nem algemas, confessaram que tinham interesse por mim há bastante tempo. Então, ao que interessa... Dayana era um desses casos. Mas foi em outro bar que a conheci, trabalhando. Ela era garota de um conhecido da Led Slay e tinha um filho pequeno com ele. Confessou interesse em minha pessoa há bastante tempo. Fui ficando, bebendo e percebendo que aquele olhos claros não desgrudavam de mim. Fechado o lugar ela disse que precisava recolher as garrafas e copos dentro do salão. Prontifiquei-me matreiramente a ajudá-la. O salão às escuras e eu trepei com ela em cima de uma das mesas de plástico, em meio a copos de cerveja e guardanapos de papel lambuzados de molho de cachorro quente. E depois foi que percebi que o DJ ainda no fundo do salão enrolava seus cabos. Acho que ele nem percebeu...


06/05/2012

Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada

"A Led Slay era uma criança habitando um antigo empório... E minha morada e namorada de fim de semana.. E no auge dos meus 15 para 16 anos um presente, o maior dos presentes que os deuses do Rock, a quem eu começara a cultuar me dariam: "Alice Cooper no Brasil". O real primeiro show de uma banda de Rock por estes lados.. Janeiro de 1974, depois de dormir a porta do Anhembi, ser quase massacrado e ficar a cerca de uns 500 metros do palco e não conseguir ver absolutamente um milímetro da ponta da cauda de Kachina fui pra casa feliz e orgulhoso... E no dia seguinte sentia-me tão bem, que depois do trabalho como continuo do Banco Commercio e Indústria de São Paulo, de paletó e gravata, fui parar num puteiro da Avenida São João... " Trecho da minha autobiografia 'Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada'", que sai em junho pela Editor'A Barata.


Capa Final

20/04/2012

Manual de Consulta Sobre Mim Mesmo


Manual de Consulta Sobre Mim Mesmo
(Texto de Introdução a "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll - Uma Autobiografia Não Autorizada")
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

Queria tanto falar sobre os livros que li, durante a maior parte do tempo, em um tempo que passou por cima de minhas costas feito um elefante de ferro. Foram milhares, estou certo. Mas deles pouco recordo, apenas títulos e autores. E não deveria ser assim, dos livros deveríamos lembrar tudo e esquecer os autores. É a prova de que estão errados aqueles que pregam que o que importa é a obra e não o autor. A vaidade humana é maior que tudo e nos restam apenas os nomes, sejam eles sob a forma de títulos ou autores de livros, discos, casamentos, transas... Ficam nomes, somem histórias e idéias. As pessoas morrem, as idéias não? Ficam frases soltas, foguetes lançados ao espaço, nomes de filmes... Nomes, nomes, nomes... Nomes são títulos e títulos são chagas.

Enfileirados nas estantes, os livros mostram apenas os títulos e os nomes, mas sua alma permanece escondida. As estantes mostram nomes, apenas e nos contentamos em olhar os títulos dos livros que lemos um dia... Ou que nunca leremos. Livros perfilados numa estante, pessoas perfiladas nas ruas. Os livros na estante exibem nomes nas lombadas, mas as pessoas não exibem seus nomes nos rostos. São anônimos, sem nomes nem títulos. Dentro delas, escondidas, guardas, fechadas como em um livro guardado na estante, as histórias e as idéias. 
Porra, não somos nomes nem títulos, somos histórias e idéias, somos livros, somos discos. Mas, espremidos feito livros em uma velha estante de madeira, com a lombada rota onde não se podem ler nem nomes nem títulos, ficamos parados, inertes e sem utilidade. 

Acaso, como nos personagens do livro Farenheit 451 de Ray Bradbury, somos todos Homens-Livro, cada um lembrando um pedaço de um livro? Sim, guardamos dentro de nossas páginas histórias alheias, e por horas, do mesmo jeito que um livro tem gravado em si histórias dos outros e não conhece sua própria história, nos esquecemos de nós, de nossas histórias e contamos aquelas que nos contaram, que escreveram em nossas páginas. Somos sim, Homens-Livro, guardando pedaços de histórias alheias. E portanto urge, que cada ser humano escreva seu próprio livro, contando sua história e suas idéias, para que ela não conste apenas nos outros livros de histórias alheias. Escritas da forma que quiserem. 

E é esta a razão principal de eu ter escrito minhas memórias, que eu chamei de "Autobiografia Não Autorizada".  Porque minha própria história e minhas idéias, dentro da minha mente que envelhece, cansada, começa a ser apagada, como um velho livro em que as letras começam a sumir. E não admito que outros contem minha história em suas páginas, porque a cada ser humano é sua própria história e suas próprias idéias. Nem bem, nem mal, apenas... Histórias e Idéias.

E quem sabe, num futuro próximo, quando eu não lembrar mais de mim, de minhas histórias e de minhas idéias, possa a esse livro recorrer, como um manual de consulta sobre mim mesmo.

20/04/2012