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29/10/2019

O Importante São os Pés, Não o Lugar Onde Se Pisa

O Importante São os Pés, Não o Lugar Onde Se Pisa
Barata Cichetto

Arte: Del Wendell


Um dia Bob Dylan perguntou, numa canção bonita,
Quantos caminhos andar até aquilo que se acredita,
E eu entendia que era sobre terras e não de gente,
Até perceber que são pés, não o chão que se sente.
Deixei então as malas, mochilas e sapatos a esmo,
E fui caminhando nu para dentro de mim mesmo.

Encontrei a mim em uma das muitas esquinas perdido,
E perguntei sobre um endereço que eu tinha esquecido.
Tinha meus pés em bolhas, e doíam-me ossos e dentes,
Mas precisava chegar antes de mim a lugares diferentes:
O importante são os pés, e não o lugar em que se pisa,
Importa é ser vento, um furacão ou apenas uma brisa.

Dylan ganhou Nobel, e eu apenas honrosa menção,
Em um concurso literário, o rodapé de uma citação.
Um dia ele falou que a perda não é diferente do ganho,
Então eu disse, "ora, pois vá se foder, falso poeta fanho!"
Peguei meus discos de Lou Reed e fui escutar no puteiro,
Recitando a minha poesia às putas em troca de dinheiro.

Meus pés ainda ardiam, mas eu tinha agora um ensejo,
Em ser poeta e ator, e fugir da ação do vento do despejo.
Pensei enfim que pés eram mais importantes que o lugar,
Mas era preciso ter grana para pagar um quarto de alugar.
E de mudança em mudança, fui ser o puto de uma vadia,
Que lambe meus pés e o meu chão por medo ou covardia.

©Luiz Carlos Cichetto, Direitos Autorais Reservados


28/10/2019

Gôndolas

Gôndolas
Luiz Carlos Cichetto



Neste supermercado insano, os gênios são pintados com as mesmas cores dos medíocres, embalados e rotulados da mesma forma, e colocados lado a lado, na mesma gôndola, e depois vendidos pelo mesmo preço, como se fossem todos gênios. Portanto, é quase impossível que se perceba a diferença, e o "consumidor" paga o preço. Sempre paga pelo que lhe é oferecido. Essa é a tática comercial dos que alimentam o supermercado da ideologia coletivista.

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


27/10/2019

Lou Reed e Eu Sem Eira Nem Beira

Lou Reed e Eu Sem Eira Nem Beira
Barata Cichetto



And the colored girls say: doo doo doo, lou, lou, lulu, lulu...!

Um dia eu sonhei que era um Lou Reed doce e pervertido
Cruzando a Ipiranga com a São João em sentido invertido
E as putas na frente do prédio incendiado da Julio Mesquita
Eram Rachel e Jane, mas também era Ângela a hermafrodita
E Dalva a estrela negra da manhã que tinha a buceta quente
Mas eu era um Lou Reed sem New York e doía o meu dente.

Um dia ainda sonhando descobri a poesia da sarjeta imunda
E penetrei pelas suas entranhas de forma inocente e profunda
Eu era aquilo que não podia ter, e era poeta e não queria ser
Lembrava de coisas que não existiam e sonhava com perecer
O Anjo Negro da Morte não queria e fomos juntos ao Inferno
E éramos três agora, além de mim e Lou Reed vestindo terno.

E se um dia sonhei que era Lou cuspindo o rosto da hipocrisia
Agora sou apenas um tosco poeta que ainda cospe na poesia
Sem eira nem beira, apenas perdido num mundo que não quer
Giro as balas no tambor do revolver brincando de mal-me-quer
Ainda sonho ser Lou Reed, mas a Avenida não tem mais beleza
Foram-se as putas, Lou está morto e o que me resta é a tristeza.

06/09/2014
©Luiz Carlos Cichetto  - Direitos Autorais Reservados

Balada Barata Blues

Balada Barata Blues
Barata Cichetto



Um dia acordei Barata, e não era literatura
Mas fruto de uma sessão interna de tortura
E se acordei Barata, então Gregor Samsa ainda vive
Dentro da cabeça do monstro que em mim sobrevive.

Ser Barata não é pouco, louco daquele que não sente
Pois poeta é ser doente, que nunca a si mesmo mente
E nessa balada, ao sabor de uma tempestade mental
Grito de dor, e nada mais pode ser feito com o Metal.

Um dia morri sozinho num buraco lotado de bichas
E era pior que morrer num lugar cheio de lagartixas
Que louca balada era aquela, onde pegaram meu pau
O Inferno das lésbicas, que era não bom nem era mau.

Tinha uma puta anciã, além de uma lésbica quase anã
Mas eu tinha que chegar ao fim num culto ao deus Onã
E então a enrugada e a pequena grudaram suas bocas
Com as mãos enfiadas no meio de suas pernas loucas.

Uma das piranhas gritou: "Hey, Barata, quer casar comigo?"
E eu lhe disse, "Quieta, Rachel, que Lou Reed é meu amigo!"
Então cantaram as putas, as bichas e a lésbica sem jeito:
"Doo-doo-doo-doo-doo!"  E juntas pularam em meu peito.

Naquele Inferno só tinha uísque custando muito dinheiro
Misturado com urina de travesti e desinfetante de banheiro
E se fiquei muito bêbado e sem grana foi culpa do destino
Mas não conseguia sair da privada com cólica de intestino.

De manhã, ainda com gosto de ferrugem suja na língua
Acordei deitado ao lado de uma diarista morta à míngua
E ao pensar que eu tinha comido aquela buceta imunda
Vomitei sem antes enfiar meu pau inteiro naquela bunda.

E se eu era agora um porco, fodendo empregadas nojentas
Que tal ser mais imundo e deixar de viver a bater punhetas?
Então naquela manhã, transformado num inseto monstruoso
Barata ficou sendo o meu nobre apelido de poeta mentiroso.

27/06/2017

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

26/10/2019

Não Me Peça Almoço de Graça, Estou Vendendo o Jantar de Amanhã

Não Me Peça Almoço de Graça, Estou Vendendo o Jantar de Amanhã
Barata Cichetto



Morta há 50 anos, a verdadeira diva e dama do Teatro Brasileiro, numa época em que lacração política não era a atividade principal de artistas, Cacilda Becker disse com propriedade: "Não me peça para dar de graça a única coisa que tenho para vender". Então, fico aqui pensando com aqueles botões que não tenho na minha roupa, o quanto ela tinha razão, e o quanto artistas de hoje são perfeitos idiotas. Em busca de um minuto (nem quinze mais) damos de graça a única coisa que temos para vender: nosso talento, nosso trabalho, nossa arte. Damos tudo isso de graça, juntamente com outras coisas, que todos - independente de ser artistas ou não - temos de maior valor, que é nosso tempo. Damos tudo isso de graça, enchemos páginas e páginas de conteúdo de sites como o Facebook, cujos donos enriquecem, enquanto permanecemos do lado de fora, mendigando cliques de curtidas e compartilhamentos totalmente inócuos. Damos de graça aquilo que temos para vender. É uma troca? Não, não é. Seria uma troca se recebêssemos pelo que postamos, seria uma troca se recebêssemos um quinquilhão do dinheiro ganho pelos donos bilionários dessas redes. Ademais, damos de graças nossa arte: publicamos poemas que antes deveriam ser impressos em livros e comprados por interessados realmente em poesia. Damos de graça pinturas, imagens, músicas, dramaturgias, e achamos que curtidas e compartilhamentos valem o mesmo que aplausos e dinheiro. Damos pérolas a porcos sequer se dão ao trabalho de ler um texto até o final, que não se detém um minuto para prestar atenção numa arte visual. Então além de darmos de graça o que poderíamos estar vendendo, ainda recebemos o total desprezo. Um poema pode demorar horas ou meses para ser escrito, o mesmo de uma pintura, mas nessas redes não são saboreados por mais de poucos minutos. Somos otários egoístas, enganados por cliques em um ícone maldito de um sinal de "positivo". É isso, apenas isso o que paga pelo seu trabalho? É só isso que custa sua arte? Ah, sim, isso quando ainda não pagamos para "impulsionar", pagando a essas redes milionárias para usufruir de nosso trabalho, na mesma ânsia vaidosa por nos sentirmos amados e queridos por pessoas que sequer se importam com nossas existências. A propósito, o assunto aqui não é Cacilda Becker.

26/10/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


Depressão é Opressão

Depressão é Opressão
Barata Cichetto



Afagaram minha tristeza como a de um decrépito,
E eu não queria nada, nem a vista, nem a crédito.
Afogaram minha angústia como a de um crente,
E eu queria só tratar a dor que sentia no dente.
Acharam minha depressão ser o desejo de brilho,
E eu queria apenas o abraço e o beijo de um filho.

26/10/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

25/10/2019

Cargas do Presente, Trilhos do Passado, Futuro Sem Rumo

Cargas do Presente, Trilhos do Passado, Futuro Sem Rumo
Luiz Carlos Cichetto



Há mais de um ano morando em Araraquara, na Vila Xavier, perto do centro da cidade, e esperando o momento certo: filmar a passagem do trem da Rumo (ex ALL), em sua chegada. Já tirei inúmeras fotos, mas nunca consegui estar no momento exato em que se aproxima. Ontem, por "acaso", consegui. Quando percebi a composição chegando, me posicionei bem ao lado dos trilhos, saquei o celular e apontei. Estar a menos de um metro da composição, sentindo a trepidação do chão me deu um pouco de medo no início, mas valeu. As trepidações da câmera são pela vibração da passagem, e o vídeo está em tempo real, com os pouco mais de cinco minutos que durou. Quem tem interesse e admiração por trens como eu, decerto irá gostar sentir o que eu senti e entender a emoção. Só lamento que todo o sistema ferroviário do país, que nasceu e cresceu pelo trabalho de pessoas como o Barão de Mauá, tenha sido sucateado, e hoje quase não reste mais nada, a não ser essas linhas de carga operadas pela Rumo. Mesmo essa linha está com os dias contados, já que as áreas que ela ocupam estão no centro da cidade e, claro, a prefeitura tem outros planos, como entregar à especulação imobiliária, com a desculpa de que "a população da cidade não quer o barulho dos trens". Que esse vídeo sirva de registro futuro, quando as cidades não mais terão trens.

 Araraquara, 25/10/2019
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


23/10/2019

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith
Barata Cichetto


Foto by Judy-Linn

Parte 1 - O Filme

Há um tempo sem precisão, mas um domingo de manhã, decerto
Em um cinema imundo do Centro, que não era longe, nem perto
Um daqueles em que as putas chupam pintos na poltrona imunda
E em que as bichas cobram o preço por dar o buraco da sua bunda.

E aquele dia poderia ser um dia no parque, um dia quase perfeito
Poderia ser apenas outro dia em que eu sabendo ser homem feito
Acreditei ser apenas uma boa pessoa, curtindo a barra da cidade
Enquanto na porta do cinema putas fodiam por pura necessidade.

O lugar fedia mijo e tinha marcas de unhas no chão de esteira
Camisinhas jogadas sobre o tapete e na tela umidade e sujeira
O filme sem nunca começar e eu segurando meu pau na mão
Enquanto um sujeito na escada gemia segurando o corrimão.

Mandei a puta que sentou na poltrona ao lado se foder de graça
E olhei a tela com as letras desbotadas e reclamei por tal trapaça
Porque tinha o filme um estranho nome ao cinema pornográfico
E "O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith" era o tal gráfico.

A bicha que chupava pau na poltrona de trás reclamou da cena
O cara que pagava puta reclamou que aquilo era coisa obscena
E eu mandei todos tomarem no cu e ficarem de bocas fechadas
Mas enquanto Lou Reed metia na Patti as putas ficavam caladas.

Eu era um homem pobre e podia fazer qualquer coisa no escuro
Mas enquanto os ricos pagavam michê às bichas a preço seguro
Patti com os dedos tatuados mijava no rio segurando suas pregas
E Lou dizia “Ah, menina, deixe de falar de anjos e siga as regras”.

Na porta do cinema as meninas putas esperando por seu homem
Poeiras de estrelas por um barato e a morte enquanto consomem
E dos topos dos edifícios se atiram feito aos pássaros amortecidos
Beijando a calçada onde mijam os últimos bêbados adormecidos.

No cinema não tem mais ninguém e na platéia apenas escuridão
Todos foram embora buscar pelas ruas outros pontos de solidão
Acabou o filme, e cortinas sebentas tomaram o lugar do roqueiro
Sozinha no escuro Patti aguarda a chegada do ultimo mensageiro.


Parte 2 - Viciados

O dia ainda era um domingo, não de manhã, mas ainda perfeito
Era noite e eu tinha com das putas da esquina um retrato refeito
"Porque a noite pertence à luxúria, a noite pertence aos amantes"
E eu era Lou Reed procurando Patti Smith em loucos diamantes.

E ela dançando descalça, dando piruetas sob a lâmpada fosca
Projeta sombras nas vidraças das lojas, com sua alegria tosca
Enquanto busco naquelas pernas finas, tortas e mal cuidadas
A satisfação dos desejos no mistério das infâncias arruinadas.

Dançam a bailarina branca debaixo das lâmpadas de sódio
Mas a negra não consegue, com seu coração cheio de ódio
E Patti pergunta aos anjos e Lou às bichas depiladas a razão
E as bailarinas cantam em coro: "Doodoodoo, ai que tesão!"

Pergunto por Rachel e por trás dos óculos brilhantes escuros
O poeta americano responde: "ótimos aqueles tempos duros"
E aos anjos pergunto sobre Patti e de seu eterno namorado
Ao que Banga responde que ela por ele muito tem chorado.

Então eu disse, Patty, transa comigo e ata-me como aos viciados
Que eu esmago tuas mãos enormes com meus pés embriagados
E éramos eu, Lou Reed e Patti Smith. Lou comia Patti, e eu não
E entre eu e o gigante, ela preferia a bailarina, o palhaço e o anão.

Lembro do cinema onde aquele filme pornográfico foi exibido
E no Centro da cidade onde fui crucificado, morto e ofendido
Não tem cinemas pornográficos agora, e nem as putas seminuas
Morreram da mesma morte, mataram as putas, cinemas e as ruas.

Patti agora chora a morte do amigo, e nem mesmo eu a consolo
As mãos enormes sobre o rosto e eu nem posso pegá-la no colo
Ainda era domingo quando ele morreu, mas não um perfeito dia
Era final de semana e afinal de contas era o que ele sempre pedia.

Os satélites podem subir ao céu e eu não posso segurar sua mão
Seres humanos pisaram na Lua deixando marcas em seu coração
E Lou Reed era Jesus e também não morreu pelos meus pecados
E Patti e eu ficamos no mundo para morrer sem ser crucificados.

06/12/2013

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Plástico Bolha

Plástico Bolha
Luiz Carlos Cichetto




Ontem, minha fanpage no Facebook atingiu a marca de 800 seguidores, o que é pouco diante de escritores midiáticos e "influencers" em geral, mas esse número foi formado pelo apoio dos amigos, sem que eu tenha gasto qualquer dinheiro para "impulsionar". São, deduzo, pessoas que de alguma forma acompanham e gostam do meu trabalho, pelo menos enquanto não precisam pagar nada, e é só um clique, muitas vezes por impulso. Quase nenhum comprou um dos meus livros, e uma boa parte, sei, nem lê um texto inteiro. Nada a comemorar, portanto, mas bastante a agradecer a essas 800 pessoas, que afinal alimentam meu ego, e movimentam essa fábrica de malucos.

O que fiquei triste, foi que ao ser informado pelo Facebook desse número, abri o Messenger para agradecer uma pessoa, uma amiga, que nos últimos tempos era assídua em curtir e comentar meus textos, e com quem eu sempre tinha papos interessantes, muitas vezes na madrugada, e descobri que ela simplesmente tinha encerrado a conta. A conversa estava lá, as fotos que trocamos e tudo, mas eu não tinha como contatar.

Fiquei pensando no que poderia ter ocorrido, se fora algo de grave, ou apenas uma crise de encheção de saco, como eu também já tive. Enfim, possivelmente jamais tornarei a falar com essa pessoa, com que eu havia tido conversas sobre problemas familiares e até algumas intimidades. São coisas desse mundo plástico, inóspito e frívolo, onde qualquer relação pode ser rompida num clique, para nunca mais, e sem nenhum motivo aparente ou explicação. Espero mesmo que minha amiga esteja bem, e que tenha apenas se enchido desse mundo de faz-de-conta. Enfim, um mundo de plástico-bolha, com seu barulho irritante e cheio de nada.

23/10/2019

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

22/10/2019

Mar de Ratos

Mar de Ratos
Barata Cichetto


E corpos foram lançados ao mar. Seriam piratas sujos,
Ou apenas cadáveres de pobres desesperados marujos,
Que foram expulsos pelos ratos imundos que abordaram,
Aquela embarcação quando a tripulação a abandonaram?

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

21/10/2019

Circo dos Horrores

Circo dos Horrores
Luiz Carlos Cichetto

Arte: Mariano Villalba - Argentina

- Hoje tem espetáculo?
- Tem não senhor! O palhaço morreu de rir e o leão ficou sem dentes. A mulher barbada agora é feminista e mostra os peitos em passeatas de protestos de esquerda na Rebouças. O domador tirou a casaca, colocou um terno e gravata e agora é deputado federal pelo partido socialista da casa do caralho. O anão cresceu tomando esteroides e agora é astro pornô, o malabarista ganha um dinheiro engolindo fogo e chupando rolas nos semáforos da esquina da São João com a Ipiranga cantando "Sampa" em ritmo de "Funk". Hoje não tem espetáculo, que a corda foi roída e a trapezista despencou sobre o picadeiro, ficou tetraplégica e agora tem um canal no Youtube falando de superação. O mestre de cerimônias agora é MC, comprou colares de ouro falso e depois de abrir as jaulas e soltar todas as feras, que dançam e transam aos domingos em praça publica ao som de metralhadoras de traficantes, ficou milionário aos dezoito anos e tem doze filhos de trinta mães diferentes. Hoje não tem espetáculo, que a plateia não veio, quem chegou pagou meia, e o resto é estudante. O bilheteiro agora é sindicalizado, e não trabalha aos domingos, o pipoqueiro coloca cocaína no fundo do pacote de pipocas e todos gritam no picadeiro que se solte o bandido e prendam o policial. Hoje não tem espetáculo, que o terreno do circo foi arrendado, e agora é a sede nacional do partido dos desgraçados. Hoje não tem espetáculo, que o circo foi queimado pelos integrantes do partido de Nero. Não tem espetáculo, não tem missa, não tem sarau, mas tudo é circo, tudo é picadeiro, e tudo é morte. Como circo dos horrores, no circo real. Do Brasil.

21/10/2019
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

18/10/2019

Renegado

Renegado
Barata Cichetto



Queimaram minha língua por eu falar o que não podia,
E não era mentira, nem era verdade, apenas era poesia.

Depois acharam que eu era um morto que não fedia
E não era a mentira, nem era a verdade, era a poesia.

Então pensaram que era falsa a dor que eu sentia,
Mas não era mentira, nem verdade, apenas poesia.

Por fim esqueceram quem eu era, quem fora e quem seria,
E isso não era mentira, nem verdade, muito menos poesia.

© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados
18/10/2019



16/10/2019

Facebook Não É Lugar de Poesia, Seu Idiota!

Facebook Não É Lugar de Poesia, Seu Idiota!
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto  - Direitos Autorais Reservados


- Ah, Idiota, Facebook não é lugar de poesia,
O Facebook é lugar da politica e da putaria.

- E, então, qual é o lugar que é de se poetar,
Já que sarau também não, e nem até no bar?

- Ah, seu ingênuo, o da poesia é lugar nenhum,
Pois não há no mundo mais sentimento algum.

- Então precisamos inventar uma poética bruta,
Sem sentimentos, e que falem dos filhos da puta.

- Ah, Barata, seu inocente e de modéstia honesta,
Acaso não percebe o que é tua poética indigesta?

- Percebo apenas que troquei o tesão pela maldição,
E que fui escorraçado até por quem dei a educação.

- Ah, caro amigo, nunca espere reconhecimento vil,
Por parte de lobos que uivam sem erguer seu covil.

- Espero apenas que me deixem em paz na mortalha,
E que recebam de mim, ossos calcinados na fornalha.

14/10/2019

Com Respeito Aos Professores

Com Respeito Aos Professores
Luiz Carlos Cichetto
© Direitos Autorais Reservados


Não, não é verdade que no Japão as únicas pessoas que não precisam se curvar ao Imperador sejam os professores. E isso não é demérito nenhum a essa classe, já que por respeito à tradição japonesa, milenar, absolutamente todas as pessoas devem se curvar perante ele. Uma questão difícil para certos "professores" brasileiros, que se curvam e ostentam camisetas com imagens de assassinos, reverenciam ditadores e subvertem com ideologias mentirosas as cabeças dos estudantes. Professores merecem respeito, não apenas no dia 15 de Outubro, mas em todos os dias do ano, mas é preciso que antes aprendam a respeitar. Professores devem todos se curvar diante da responsabilidade que têm, para que recuperem o respeito que nós sempre tivemos por eles.

15/10/2019

15/10/2019

Aos Poetas Prostitutos

Aos Poetas Prostitutos
Barata Cichetto



Não acredito em putas que não gostam de dinheiro,
E em poetas que chamam aos outros de companheiro.
As que beijam na boca são tão putas quanto bardos,
Que beijam sacos de políticos, sujos sapos barbados.

Não há lugar no puteiro para poetas ideológicos,
Que chupam por dinheiro aos caralhos teológicos.
Cheiram sangue e sugam até as almas dos vampiros,
Depois hasteiam bandeiras nos seus últimos suspiros.

Estou à mercê da corja, malditos ratos do desgosto,
Horda sedenta que roeu toda a carne do meu rosto.
Apagam meu desejo, e matam a míngua a minha lira,
Cortam-me, mas jamais tirarão da minha língua a ira.

Aos poetas prostitutos deixo de herança meu asco,
Mas a minha cabeça jamais penderá a seu carrasco.
E no último sarau, quando saírem as ultimas putas,
Perceberão que foi em vão o sangue das suas lutas.

22/09/2019 © Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

12/10/2019

"Não Deixe Sua Criança Interior Morrer"

"Não Deixe Sua Criança Interior Morrer"
Luiz Carlos Cichetto
©Direitos Autorais Reservados



Dia da Criança. "Não deixe sua criança interior morrer", pede uma imagem postada em rede social.  Ah, sim, a "minha", eu não deixei morrer, mas ela morreu, sim. E não é por eu ter mais de sessenta, cabelos e barba brancos, ela morreu bem antes disso acontecer. Não lembro quando, mas ela morreu, há muito tempo. Não me lembro do que morreu, mas foi de algo parecido com inanição, pancada, traição, e especialmente falta de referências. Sim, falta de referências, pois quando a gente cresce e se torna pai, a criança brota, fica risonho e quer, como ela, tornar a aprender tudo que já viveu. E cresce novamente junto com os filhos, se torna adolescente junto com eles e espera que quando juntos ficarem adultos possam ser amigos. E depois, um tempo depois, recomeçar tudo com os netos. Quase foi assim comigo. 

Meus sonhos, ao contrário da menina mimada Greta, uma quase Nobel, foram tomados à força, quem sabe para alimentar algum filho da puta, que a bordo de seu iate brada por igualdade brindando com champanhe uma ideologia mentirosa que rouba os sonhos que ousáramos sonhar. Os que me foram tomados com violência na infância, e que tornei a deixar crescer quando me tornei pai, foram roubados pelo ódio imputado pelas putas e pelos putos, que transformam em ódio tudo o que era amor, em rancor o que era pudor. Sim, senhores que agem com ódio mas pregam o amor, que separam filhos de pais e pais de filhos. A quebra de autoridade - a não ser a sua - é sua premissa. Seu ódio a tudo que possa representar seu desmascaramento é necessário, portanto, e gerar a desigualdade é sua forma de provar que a igualdade é um bem.

Criaram um exército de molambos, formados nas fileiras das faculdades, que ovacionam por justiça, desde que seja apenas a sua; que gritam por liberdade, desde que seja apenas a sua; que clamam por trabalho, mas alimentam seu capital. Roubaram e estupraram as mentes das crianças, transformando-as em robôs totalitários. Tudo isso à custa dos meus sonhos e de muitos outros. 

"Não deixe a sua criança interior morrer", pede a imagem. A minha não deixei, não. Ela foi assassinada. Feliz Dia das Crianças, a todos os pais cujos filhos chamam um gângster de pai.

12/10/2019

11/10/2019

A Poesia é Minha. Fique Longe Dela!

A Poesia é Minha. Fique Longe Dela!
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados



A minha poesia não é seu remédio, é a doença,
Não é católica, nem protestante, é a descrença.
A poesia que é minha não é direita nem esquerda,
Não é do capitalismo, nem do lucro, nem da perda.
A minha poesia não é foice e nem martelo de luta,
Nem social nem antissocial, é poesia de prostituta.

A minha poesia não é de doente e nem de drogado,
Não é cocho para porcos e nem muleta de aleijado.
A poesia que é minha, e não de nenhum ser abjeto,
Não é embrulho de presente, nem um mero objeto.
A poesia é minha, não do filho ou do espírito santo,
E nenhum herdeiro que escarrou no próprio manto,

A minha poesia tem dono, mesmo depois da morte,
Não é legítima nenhuma usura e nem reza por sorte.
É minha a poesia, que esqueçam a sua propriedade,
Nunca a tenham por sua, pois foi minha a realidade.
A poesia é minha, tem minha alma e minha mente,
Então não a prostituam como fizeram com a gente.

10/10/2019

09/10/2019

Coringa é Sobre Mim

Coringa é Sobre Mim
Luiz Carlos Cichetto
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados


"Coringa" é sobre mim. Sim, "Coringa" é minha cara, só que pintada no final do filme, quando a real se mostra. "Coringa" é sobre máscaras que caem, pintura superficial e gente artificial. "Coringa" é sobre hereditariedade, arbitrariedade e maniqueísmo. "Coringa" não é sobre loucura, portanto, "Coringa" é sobre mim. Não é sobre o fim, nem sobre o começo da bondade e da maldade; não é sobre verdade nem sobre mentira, então "Coringa" é sobre mim. É sobre pessoas traídas, esquecidas, que não acham graça nas piadas, que não dão risada em programas humorísticos, nem pintam o rosto de vermelho em praça publica, ou caga na esquina para protestar contra o capitalismo. É sobre pessoas esquecidas de propósito num banco qualquer de uma cidade qualquer, que pode ser Gotham City, São Paulo ou Araraquara, então "Coringa" é sobre mim. Não é sobre a loucura imposta nem sobre a imposição da loucura, mas sobre a que nasce com a cor dos olhos, então "Coringa" é sobre mim. "Coringa" é sobre mim, quando escancara a o abandono forjado por pais e por filhos, quando aborda aqueles que chegam à borda do precipício e não se jogam com medo do escuro, que andam por corredores cheios de loucos e saem com os pés cheios de sangue, cujas caixas de correio nunca têm cartas, cujas mães loucas mentiram por décadas, arrependidas de um aborto que não foi feito; um feto imperfeito, que nunca riu de si mesmo por não se achar um palhaço. "Coringa" é sobre mim, e outras pessoas que não iam ao cinema há duas décadas e odiaram cada espectador com celular ligado, numa sala com ar condicionado e som ensurdecedor. "Coringa" é sobre mim. Que percebe a loucura ao redor, mas é aprisionado e escorraçado. Não é sobre o Homem Morcego, nem sobre violência urbana, mas sobre violência humana. Não é sobre pobres fudidos que lambem o rabo de políticos por uma bolsa qualquer coisa. Pobres que não são coitados e coitados que nem são pobres. Apenas pervertidos. "Coringa" não é sobre invertidos sexuais, nem sobre negros perseguidos, índios deslocados nem sobre barbeados de coque e bermuda que se acotovelam nas salas de cinema, com a mesma elegância que trajam camiseta de bandido falso guerrilheiro. "Coringa" é sobre mim, não sobre descolados de esquerda que alimentam traficantes e sustentam o crime. É sobre quem trabalha em qualquer bosta, e que é achincalhado tanto pelo patrão quanto pelo empregado. Pelo anão e pelo gigante. "Coringa" é sobre mim, que acredita ser uma miragem, uma piada mortal sobre si mesmo, e uma tragédia imoral. "Coringa" não é sobre coitados, não é sobre justiceiros, não é sobre negros polissexuais anões e gordos. "Coringa" é sobre mim. Não é espelho de medíocre, não é fotografia de comunista, não é imagem de perfil de Facebook, nem tatuagem de "nóia". É sobre mim. Não é sobre um lugar sem justiça, mas sobre pessoas sem lugar; não é sobre morte, não é sobre sorte ou falta dela. "Coringa" é sobre mim, um palhaço a quem foi dito que tinha que fazer rir, um pai abandonado e um filho escorraçado; é sobre o fim sem começo, uma tragédia ao inverso e uma comédia do avesso. "Coringa" não é sobre palhaços, não é sobre qualquer coisa que possam pensar. "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é cinema, não é um filme, não é roteiro, não é ficção. "Coringa" é sobre mim. "Coringa" é sobre pais e filhos, feito à sua imagem, e imperfeição; é sobre a coragem de dizer não; é sobre a covardia do silêncio e a hipocrisia do perdão. "Coringa" não é o sobre o pão nosso de cada dia, mas sobre o não vosso de toda noite. É sobre fim do sim, de mim, e de qualquer coisa que acaba por decreto, secreto ou direto, dos imperadores, ditadores e malfeitores. É sobre mim. Mesmo. "Coringa" não é sobre um personagem, não é sobre coragem, não é sobre ambição, nem tráfico de drogas ou de motivação, "Coringa" não é sobre desistência, é sobre não-existência, portanto, "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é sobre mortos, mas sobre quem nunca permitiram existir. Ser, apenas estar. "Coringa" não é superstar, não é sobre um herói, não nem sobre um bandido. É sobre mim, que nunca soube ser herói nem ladrão. "Coringa" não é o coringa do baralho, é carta fora de jogo, portanto, "Coringa" é sobre mim. Não é sobre Capital nem Trabalho, nem foice nem martelo, "Joker" é sobre jogo de pôquer, blefe, e sobre quem não tem assento na mesa, e por assim dizer é sobre mim, descartado, desacreditado, atirado num canto, e a quem resta apenas o cheiro dos charutos cubanos dos ditadores. "Coringa" não é sobre portas fechadas  impedindo a entrada, é sobre portas fechadas impedindo a saída, e então, "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é sobre um homem que se tranca na geladeira e tem uma amante imaginária, "Coringa" é sobre quem se tranca no inferno e tem uma amante ral. V não é sobre asfixiar a mãe louca com um travesseiro, mas como se livrar dos fantasmas de cobertor. "Coringa" não é sobre mocinho e bandido, polícia e ladrão, é sobre como sobreviver sem heróis, sem ídolos e sem mitos, e aí, mais ainda, "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é sobre ter crises de riso quando se está nervoso, não é sobre pintar um sorriso com sangue e incendiar a cidade, "Coringa" é sobre nunca sorrir, abandonar a cidade em busca de paz, e encontrar a mesma cidade dentro de outra, de outra e de outra, e nessa outra, ser um palhaço invisível, irrisível e, nesse lugar ser fadado a morrer. "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é sobre caos e desordem, não é sobre palhaços que incendeiam as lonas do circo, não é sobre circo, nem sobre fogo, é sobre o jogo das sombras da morte; não é sobre mortos e feridos, mas sobre pessoas a quem resta apenas uma carta na manga, o Enforcado, que não tem dinheiro para comprar uma corda. "Coringa" não é sobre sucesso e fracasso, não é sobre vitórias nem sobre derrotas, é sobre o nada, e, sobretudo, "Coringa" é sobre mim. "Coringa" não é Cesar Romero, Jack Nicholson, Heath Ledger, Jared Leto ou Joaquin Phoenix: Coringa sou eu.  Dois quilômetros do cinema até em casa. A cabeça martelando, o rosto todo cortado pelos fragmentos do espelho estilhaçado que caíram sobre mim. Assim, desse jeito. "Coringa" é sobre mim, sobre si, e sobre todos aqueles que acharem que é.

09/10/2019




08/10/2019

Ditos Populares

Ditos Populares
Barata Cichetto
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados



Não quero ser curado pelo que arde,
E nem ter uma justiça que me tarde;
Ser apertado por aquilo que segura,
Nem alcançar a esperança insegura.

06/10/2019

06/10/2019

Verbo Desencarnado

Verbo Desencarnado
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados



Não me leia, que não sou palavra escrita, poesia de livro; não me escute, que não sou palavra cantada, letra de música; não me olhe, que não sou palavra pintada, quadro de exposição; não me cheire, que não sou palavra cheirosa, flor de jardim; não me engula, que não sou palavra gostosa, comida de botequim; não me toque, que não sou palavra de choque, guitarra de Rock; não me sinta, que não sou palavra de dor, discurso de ditador; não me creia, que não sou palavra religiosa, santo de andor; não me admire, que não sou palavra solta, idoso de andador; não me aceite, que não sou palavra feita, cerimônia de seita; não me deseje, que não sou palavrão, grito de tesão; não me chupe, que não sou palavra líquida, gozo de masturbação; não me chute, que não sou palavra prostituta, bandeira de luta; não me siga, que não sou palavra certa, grito de alerta; não me torture, que não sou palavra socialista, ideia de humorista; não me empurre, que não sou palavra de ordem, bandeira de carnaval; não me odeie, que não sou palavra torta, pedido de perdão; não me inveje, que não sou palavra vazia, eco de covardia; não me tolere, que não sou palavra tola, hino de futebol; não me derrube, que não sou palavra concreta, muro de arrimo; não me pague, que não sou palavra mercenária, cafetão de tribunal; não me entenda, que não sou palavra fácil, tiro de misericórdia; não me morda, que não sou palavra cadela, dentista de plantão; não me esqueça, que não sou palavra fútil, beijo de traição; não me chame, que não sou palavra surda, vendedor de chocolates; não me ame, que não sou palavra doce, briga de foice; e não me mate, que não sou palavra inútil, carta de suicídio.

02/12/2018

Solilóquio Brando

Solilóquio Brando
 A Uma Poeta Que - Ainda - Não Sabe Ser
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Salvador Dalí - Woman With Lobster (1967)


Quero ler-te poemas, enquanto chupas o meu caralho,
Falar sobre lutas e putas, e sobre o Capital e Trabalho.
Ser teu puto, aliviar o teu luto em branda noite de luar,
E na chuva chupar-te a vulva lisa, antes do dia clarear.

Quero ler-te poemas lambendo tua bunda desancada,
De leve lamber-te as pregas com a língua encharcada,
Chamar-te de puta e de piranha antes de amanhecer,
E rimar tua buceta com punheta antes de envelhecer.

Quero te ler na cama meus poemas sujos e mal escritos,
E depois te escrever outros, mais imundos e proscritos.
Arrancar-te gemidos e provocar lágrimas sem pudor,
Contando porcas histórias da guerreira e do lutador.

Quero te bolar um baseado, e fumar nos teus lábios,
Depois aumentar meu fraseado além dos alfarrábios.
Te foder com força, até que se retorça de tanto prazer,
Com toda a distância que eu possa de longe te trazer.

Quero te declamar poesia e te dizer lagartos e cobras,
Ser teu engenheiro, pedreiro e teu servente de obras.
Desobstruir tua estrada, te chamar de vadia e de tarada,
Obstruir tua descida e sem covardia te foder na escada.

Quero que leias tua poesia enquanto chupo-te a vagina,
Ouvindo tuas belas estrofes sobre tudo o que te fascina,
Depois te colocar de quatro até sermos soneto luxurioso,
Com os versos do teu poema piscando em um luminoso.

Quero sacramentar todas tuas vontades arrependidas,
Ser o abrigo amigo das tuas vaidades mais encardidas,
E assim ser teu poço de desejos sem precisar pagamento,
Tua voracidade, e veracidade, sem dor,  nem fingimento.

E quero te chamar de desejo, e no meio da tua bunda,
Dos gregos dar-te um beijo, numa oração vagabunda.
Por fim, quero que se liberte das tuas culpas inocentes:
Liberdade é a desculpa dos que querem ser indecentes.

02/10/2019

04/10/2019

Pichorra

Pichorra
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados



Fala que sou o cara legal, mas me quer mau,
E que sou gostoso, mas nunca chupa meu pau.

Fala que me ama, mas não engole inteiro,
E que gosta de mim, mas dá pro sapateiro.

Fala que é para sempre, mas nunca fode,
E que é eterno, mas dar o cu nunca pode.

Fala que sou bonito, mas prefere o cantor,
E que sou poeta, mas prefere dar pro ator.

03/10/2019

03/10/2019

Tóxicos ("Tóchicos")

Tóxicos
("Tóchicos")
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados



Quando lhe contei sobre o meu real desejo suicida,
Ela disse que era chantagem emocional e frescura,
E que a minha poesia era "tóchica" feito inseticida,
Depois se entupiu de drogas para dormir segura.

30/09/2019

02/10/2019

O Verbo e o Verso

O Verbo e o Verso
Barata Cichetto
© Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados




E não foi do verbo, mas do verso,
Que se fez toda carne do universo.

Fraca não é a carne, mas a vontade,
E o desejo é o alimento da verdade.

1/10/2019

01/10/2019

Retórica Torta

Retórica Torta
Barata Cichetto



Amontoam vírgulas nos textos,
E pontos usam como pretextos;
Pura dislexia poética sentimental,
Cuja profilaxia é desleixo mental;
Puros vomitadores de universos,
E meros imitadores de perversos.

30/09/2019