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01/03/2020

Toda a Poesia Que Eu Pude Carregar

Toda a Poesia Que Eu Pude Carregar
Barata Cichetto



Pensando agora, rememorando minha poética escrita
Chego a precisa conclusão que poesia é coisa restrita
Pois embora tenha escrito seiscentos e sessenta e sete
Poemas ao longo de uma carreira sem gloria e confete
Sinto que pouco do que existi resultou em um poema
E isso me deixa com sensação de que é um problema.

Calculo dias, semanas e meses, quantos poemas por ano
E chego à conclusão que a poesia deste poeta mundano
É apenas um pequeno pedaço que imaginei ser enorme
Mas sabendo que é por causa dela que o tal não dorme
Concluo que ela é apenas a sacana que tem me ferrado
Mas de qualquer forma eu também posso estar errado.

E agora fico parado olhando montes de papel empilhado
Centenas de folhas impressas e um nome nela encilhado
"Poemas de Barata Cichetto" é da forma que eu a chamo
É a poesia que pude carregar no meu lombo de jumento
Mas agora cansado quero apenas descanso e o aumento.

Olho agora a essas folhas cheias de palavras e sentidos
Num arremedo de sentimentos tolos, falsos e mentidos
E penso que vida maldita essa que retratei sem piedade
Que existência foi essa trouxe a mim tanta infelicidade?
Mas não menos importante, por fim penso comigo agora
Que poesia não ama seu amado e a que ama não adora.

Tanta coisa que era poesia não virou poema e o oposto
E ao contrário do que pensam, os poetas não tem gosto
Gostar é saber e não gostamos daquilo que não conhecemos
E portanto é a poesia o único ser maldito que reconhecemos
Um ser amado que nos aleija e nos coloca uma arma na testa
Ou ser bruto que transforma em bom tudo o que não presta?

Eu não quero morrer na solidão de um hotel, espumando ódio
Por apenas entrar na história e depois de morto subir ao pódio
Quero que a poesia me carregue, não a carrego mais nos braços
Pois o que desejo agora é o prazer mundano dos beijos e abraços
E se um dia nos encontrarmos, querida Poesia de horas incertas
Sei que a encontrarei feito as putas e a morte, de pernas abertas.

27/04/2013
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

16/02/2020

Beba-me, Bebo-te!

Beba-me, Bebo-te!





Beba-me, Bebo-te! (1)
Barata Cichetto

Quero cair de bêbado dos líquidos que escorrem da sua vagina
Lamber a boca da cadela, beijar a bunda e o que nem imagina.

De todas as bebidas que me embriagam, cegam e entorpecem
São seus sucos, líquidos mágicos, melados que enlouquecem.

Regozija minha alma com gozos líquidos e abundantes, Viciada
É gostoso seu gozo, líquidos beijos de minha puta embriagada.

Litros de melado escorrendo por suas pernas, a cama inunda
E eu acordando bêbado e lambendo o melado da sua bunda.

Quero beber-te, chupar-te, lamber-te, sorver com fluidez
Deixar que o meu vicio em seus líquidos se torne sordidez.

Morrer é bom, engasgado em sua vagina lambuzada de mim
Beber-me, beber-te, fartar-me dos gozos etéreos do meu fim.

26/11/2009

 
Beba-me! Bebo-te (2)
(Ou: Gosmas Femininas)
Barata Cichetto

Quero estar bêbado e lambuzado de gosmas femininas
Sedosos sucos deliciosos, gosmas cristalinas de vaginas.

Melado de desejo, saliva de beijos, suores escorregadios
E molhamos o lençol da cama como um casal de vadios.

Dos teus furos, buracos e cavidades saem líquidos preciosos
Embriagando minha alma de desejos imundos mas deliciosos.

Deixe jorrar das tuas crateras as lavas do teu vulcânico tesão
Seu gozo maravilhoso e safado faz de mim escravo e cortesão.

Jorras no meu rosto todos os teus líquidos quentes e amorosos
Urina, saliva e suor, embebeda-me com seus melados licorosos.

Bebas também de minhas gosmas, embriagas-te de mim também
Nossas hóstias liquidas, agora e na hora da nossa morte, amém!

28/11/2009

 
Beba-me! Bebo-te (3)
(Ou: A Vagina de Vênus)
Barata Cichetto

Vênus, minha deusa viciada, montes de platina
Quero chupar seus montes e lamber sua vagina.

Deusa perdida no espaço, bêbada de prazer, a vulva
Néctar do tesão, deusa embrigada, buceta sabor uva.

Chupas-me, beba-me, sorve-me como a um deus
Sou seu demônio e o seu anjo, paraíso dos ateus.

Vênus com bunda de anjo, vulva de demônia vadia
Bebas de mim, que sou a coragem junto a covardia.

Perca o fôlego chupando, bebas minha gosma de prazer
Que estou afogado nas águas que seu tesão veio trazer.

Em líquidos cristalinos, minha Vênus deliciosa agora goza
Escorre minha alma em prazer líquido de mote e de glosa!

28/11/2009

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

12/02/2020

A Justiça do Poeta

A Justiça do Poeta
Barata Cichetto



Jamais abuse da sorte, meu caríssimo amigo,
Porque embora a infeliz nunca esteja comigo,
Sempre deixo de ser poeta enquanto homem,
E estou sempre acordado porquanto dormem.

E jamais abuse da minha bondade, companheiro,
Porque embora não tenha um preço em dinheiro,
Nunca me esqueço a punhalada de uma traição,
E sempre cobro a conta enquanto pedem perdão.

21/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

09/02/2020

Anjo Inseguro

Anjo Inseguro
Barata Cichetto

Imagem: Internet (Sem Referência ao Autor)


Entrou um anjo pela minha janela, e eu lhe disse: "Vai se foder!"
E ele, vadio e quase gritando me disse: "Sou anjo e tenho poder."
Então eu lhe perguntei: "Onde estão suas asas, criatura depenada?"
E o anjo quase gritou que não era um pássaro, nem alma penada,
E que se não fosse anjo, qual seria então sua real profissão?
Pois nem ele mesmo tinha idéia qual seria sua nobre missão.

Sim, era um anjo, decerto, mas nem ele sabia ao certo,
O lugar de onde vinha, e se era longe ou se era perto.
A noite mal dormira, e ele me pediu uma cerveja gelada,
E depois quis saber onde era o lugar de mulher pelada.
Eu disse: "Vai se ferrar, anjo sacana, teu lugar é no Inferno",
E o maldito ainda berrou que no Paraíso nada há de eterno.

Ainda bebendo cerveja o anjo inseguro olhou ao céu escuro,
E perguntou como voava o avião mesmo sendo tão impuro.
Então se virou, foi até a janela e saiu voando sem asas,
E eu fiquei olhando quando despencou sobre as casas.
O anjo morreu, e a notícia saiu até no telejornal da televisão,
Era uma fada, diziam, mas eu sabia que era o anjo da ilusão.

17/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

27/01/2020

Íncubo

Íncubo
Barata Cichetto



Quero entrar pela tua janela feito um anjo safado,
Pendurar no cabide as minhas asas e ficar pelado.
Andar pelo quarto quieto, nas pontas dos dedos,
Vendo sombras vivas que habitam teus segredos.

Vou-te olhar deitada sob o branco clarão da lua,
Enquanto dorme pintada de estrelas, bela e nua.
Pegar uma cadeira e me sentar junto a teu leito,
E sem te tocar, fazer amor como nunca foi feito.

De manhã, quando pela mesma janela entrar o sol,
Partirei te deixando coberta apenas com um lençol,
E anjo vadio, irei aos deuses confessar meus desejos,
Enquanto acorda serena, embriagada de meus beijos.

Nunca saberá de mim, duvidará da própria sanidade,
Mas dentro de si sempre haverá o fruto da eternidade,
E quando eu à Terra retornar, feito um homem carnal,
Nos amaremos até chegar a última noite do juízo final.

14/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto

22/01/2020

Um Fingidor Fugido do Inferno

Um Fingidor Fugido do Inferno
Barata Cichetto



Sou daqueles que fingem, nem que apenas um momento,
Estar louco, sentir o orgasmo ou ter qualquer sentimento.
Daqueles que sempre desmentem que o fingir não é sentir,
Apenas por defeito ou por efeito de meu direito de mentir.

Sou daqueles que sentem muito, mas nunca sentem nada,
Aguardando do outro lado quando o cavalo desce escada.
Que jamais aceitaria o perdão em seu último dia mundial,
E que trocam uma confeitaria por um pedaço de pão de sal.

Sou dos que morrem sem gritar, chorando na escuridão,
No silêncio profundo dos intestinos sombrios da solidão.
Daqueles que sofrem o que podem, sem pedir desculpas,
Acreditando que pedido de perdão é confissão de culpas.

Sou dos que não chegam ao Inferno por tédio e covardia,
Mas que fugiu do Paraíso antes de ser preso por rebeldia.
Daqueles que morrem todas as manhãs depois do café,
Fingindo que existir é uma mentira ou apenas ato de fé.

19/09/2019
©Luiz Carlos Cichetto

12/01/2020

Notebook

Notebook 
Barata Cichetto



Ah, eu, que sou poeta, sou artista, mas nada famoso,
Um falso profeta, anarquista puro e um tanto teimoso,
Apenas um latino americano e sem parentes no banco,
Um tanto míope, o outro cego, e de uma perna manco.

Queria ser bonito, com muito dinheiro e pau gigante,
E comer a buceta das vacas, e até o rabo do elefante,
Mas sou apenas um idoso, poeta barbudo do interior,
Querendo foder mulheres sem pensar no dia anterior.

Eu podia ser ladrão ou até mesmo ser político anão,
Roubando e matando, e até cortar um dedo da mão,
Mas quero apenas foder gostoso do jeito que imagina,
Sem imaginar que é perigoso gostar de chupar vagina.

Penso ser escritor, mas sou ator de filme de segunda,
E enquanto penso imagino o tamanho da sua bunda,
Então bato punheta no banheiro olhando o Facebook,
Pensando naquelas tetas desfilando no meu notebook.

02/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

02/01/2020

Solemnia

Solemnia
Barata Cichetto


Arte: Alicia Rihko

Solenes palavras. - Disse o poeta que era um bufão.
Ouvindo ao longe a chegada de um enorme furacão.
Longe, longe, longe. - Ainda bufou um general guardião.
E que soltem as feras! - Gritou o carniceiro da prisão.
Mas o poeta era de longe, e avançou contra a multidão:
Nunca, em tempo algum. - Bradou com a fúria de legião,
Infringindo um golpe fatal na garganta do imundo rufião.
Agora era livre a princesa, e morto o rei da escravidão.
Soland era a nobre, e o sol se fez dentro da escuridão.

Vês, nobre princesa, o imenso mundo a sua disposição.
E enrodilhou-se o poeta aos pés da musa com afeição:
Rogo-lhe que liberte-me, senhora - Disse com aflição.
Basta que me ame, bardo de valor, e terás a libertação.
A princesa disse terna, como se entoasse a uma canção,
Sacudindo a saia estampada e se entregando de coração.

02/01/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados.

27/12/2019

Meus Baratos Amigos

Meus Baratos Amigos
Barata Cichetto

Foto: Liz Franco (MG)

Tenho amigos que não moram em casas bem decoradas,
E que não têm diplomas, nem tem fardas condecoradas.
Tenho amigos que sequer moram ou são donos de casas,
Mas pessoas que como eu, são donos das próprias asas.

Tenho amigos que não tem dinheiro e nem herança,
Que não tem coisa alguma, a não ser sua esperança.
E tenho amigos e que são de muitas cores diferentes,
Pessoas que como eu são cristalinas e transparentes.

Tenho amigos que não tem dentes, sequer uma dentadura,
Desdentados que não mordem e nem assopram a ditadura.
Há amigos com que conto e outros que não sabem contar,
Gente feito eu, analfabetos e imperfeitos, sem se importar.

Tenho amigos que não tem desejos e nem vontades,
Que não tem vaidade nenhuma e me dizem verdades.
E amigos que são poesia e outros são apenas poetas,
Pessoas humanas feito eu, imperfeitas e incompletas.

04/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

26/12/2019

As Próprias Custas

As Próprias Custas
Barata Cichetto




Qual o preço do metro do seu desespero,
E quanto custa um quilo do seu tempero?
O pesar e medir, réguas e balanças injustas,
E ainda quero saber o valor das tuas custas.

Quanto é a multa por atraso de pagamento,
E a mora e juros a pagar pelo sofrimento?
Cobrar e jurar, quanto custa a justiça afinal,
E o preço da passagem até meu destino final?

18/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

22/12/2019

Sobre Fomes e Nomes

Sobre Fomes e Nomes
Barata Cichetto



1  -
Ultimamente tenho sentido muita fome:
A voracidade daquele que nunca come.
É uma gana imensa que ainda não tem nome,
Então dou a minha esganação teu sobrenome.

2  -
Tem horas que eu me sinto tão imenso,
Que escrevo o sobrenome por extenso,
Mas em outras me sinto tão minúsculo,
Que nem o nome eu escrevo maiúsculo.

19/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

20/12/2019

Quadro Vivo

Quadro Vivo
Barata Cichetto


Pintura (Látex Sobre Papel Paraná) 2016 - Barata Cichetto

Eu queria desenhar a tua silhueta à mão,
Teus contornos finos com lápis ou carvão.
Queria ser artista, te moldar em escultura,
E retirar da pedra a tua mais fiel estrutura.

Queria saber te desenhar, imperfeita e invulgar,
Com as cores mais puras que pudesse enxergar.
Rabiscar tuas mãos magras e tuas veias salientes,
E tuas coxas estreitas fazer de telas permanentes.

Queria ser um artista, te pintar nua sobre a relva,
A boca bucólica e o olhar ferino que mira a selva,
Moldar com as mãos nuas teus seios e contornos,
E desenhar as linhas finas de todos teus entornos.

Queria mesmo ser artista, quem sabe até trovador,
E te descrever com tintas quentes de um sonhador.
Fazer-te musa e quadro vivo na parede do meu solar,
E em todas as noites ter a tua imagem a me consolar.

18/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

19/12/2019

Queria Saber Chover

Queria Saber Chover
Barata Cichetto



Há tempos que eu não consigo chorar,
Não é por machismo ou não saber orar.
Deixei minhas lágrimas em sua sepultura,
E no caixão de Isaura decretei a ditadura.

Há tempos não choro e o rir é muito pouco,
Que penso que sou apenas um pobre louco.
Lágrimas transformo em rancor, o ódio destilo,
E a tristeza é apenas a parte boa do meu estilo.

Há tempos não morro, há um ano a última vez,
E nem é tanto, pois antes morria uma por mês.
Chego a invejar a quem chora lágrimas sinceras,
Enquanto árido eu ainda espero por outras eras.

Nem a morte é tão forte que me torne pranto,
E nem a sorte e a falta quebram meu encanto.
Ao menos de alegria eu queria poder derramar,
Mas em tempos de chuva, não se entra no mar.

Se há tempestades nos teus olhos de princesa,
Nos meus há apenas areia, deserto e a tristeza.
Eu queria chover, e quem me dera ainda poder,
Mas na minha aridez, sofro seco sem entender.

Seca agora minha boca e na língua nem saliva,
Então penso nas lágrimas que te mantém viva.
Queria saber chorar, quem sabe quando morrer,
Eu chore de mim, de tanta pena por não sofrer.

19/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

15/12/2019

Íncubos

Íncubos
Barata Cichetto



Quero entrar pela tua janela feito um anjo safado,
Pendurar no cabide as minhas asas e ficar pelado.
Andar pelo quarto quieto, nas pontas dos dedos,
Vendo sombras vivas que habitam teus segredos.

Vou-te olhar deitada sob o branco clarão da lua,
Enquanto dorme pintada de estrelas, bela e nua.
Pegar uma cadeira e me sentar junto a teu leito,
E sem te tocar, fazer amor como nunca foi feito.

De manhã, quando pela mesma janela entrar o sol,
Partirei te deixando coberta apenas com um lençol,
E anjo vadio, irei aos deuses confessar meus desejos,
Enquanto acorda serena, embriagada de meus beijos.

Nunca saberá de mim, duvidará da própria sanidade,
Mas dentro de si sempre haverá o fruto da eternidade,
E quando eu à Terra retornar, feito um homem carnal,
Nos amaremos até chegar a última noite do juízo final.

14/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

12/12/2019

Devastação

Devastação
Barata Cichetto



"Sabes quem sou eu?" - Perguntou a moça de tranças,
Assentada no dorso de um cavalo, com duas crianças.
Uma princesa, creio, respondi encolhendo os ombros,
E olhando a terra devastada que jazia em escombros.

"Mas como sabes que sou princesa, oh, nobre vate?"
Inquiriu a donzela, nem tão bela, e como quem late.
A princesa da morte, decerto; olhes bem o que cavalgas,
Um velho garanhão sem dentes e de patas muito largas.

"Falas de meu rocim, tolo plebeu de odes vadias?"
Quis saber a dama que nas mãos trazia covardias.
Falo de teu cavalo, de tua algibeira, e de teu chicote,
Disse eu, olhando-lhe os seios por debaixo do decote.

"Que ousadia tem o poeta chamando-me de sombria,
E não fosse eu acracia princesa, a tua sorte eu selaria."
Disse a dama, se enroscando nas rendas do seu tecido,
Tropeçando nas pedras e rasgando inteiro seu vestido.

"Como ousas olhar para mim com olhares tão fogosos,
Pois não sabes que sou apenas dos nobres fragorosos?"
Enxotando o animal a possuí sobre a terra calcinada,
Sob os aplausos escandalosos de multidão alucinada.

"Que queres de mim, depois de ter minha virgindade?"
Perguntou a mulher, com sorriso de falsa ingenuidade.
Quero que montes no teu pangaré e sumas nas cinzas,
Respondi-lhe com o orgulho tolo de velhos ranzinzas.

"Sou uma princesa, por acaso terás disso esquecido?"
E sua pergunta era arrogante e me senti enfurecido,
Juntei-lhe pela garganta e atirei-a ao solo feito boneca,
E a peruca caiu ao longe, exibindo uma cabeça careca.

"Vês agora, inominável poeta, que selastes a teu destino,
Pois que posso com minha lança rasgar-lhe o intestino?"
E das brumas negras surgiu uma horda de maltrapilhos,
Brandindo foices e martelos sob as ordens de caudilhos.

"De que forma desejas morrer, oh poeta de ode pervertida?
Basta-me, no entanto um dedo, para sua pena ser invertida."
E a perversa amparada pelos soldados pisou meus bagos,
Com o batalhão de famintos sucumbindo aos seus afagos.

"Posso arrancar-lhe tudo aquilo que tens de riqueza, poeta,
E jamais andarás pela terra devastada fingindo ser profeta."
Resfolegando feito cavalo, gritei-lhe um insulto inauspicioso,
Enquanto a maldita gargalhava derramando liquido rançoso.

"Maldito poeta, eu te condeno em nome da estrela rubra,
E tua existência será esquecida antes que a terra te cubra."
Ah, maldita princesa da morte, prostituta das camarilhas,
Teu sangue imundo um dia correrá junto com tuas filhas.

"Insolente pervertido, que a justiça te caia sobre a cabeça,
Por justo tenha que até teu filho pródigo de ti se esqueça."
E por ultimo pude enxergar o tirano sem um dedo na mão
Cavalgando até mim sobre as costas vergadas de um anão.

26/09/2019
©Luiz Carlos Cichettto - Direitos Autorais Reservados

08/12/2019

Solemnia Soletude

Solemnia Soletude
Barata Cichetto




Não queira saber onde ando, que é lugar estranho,
Tem um cheiro forte de enxofre, amônia e estanho.
Lugar esquisito cheio de poesia e literatura doente,
E onde poetas estão mortos, e nada há de coerente.
Neste lugar as fadas andam de fardas à moda antiga,
E as putas são soldados, e me chamam para a briga.

Não queira saber onde, que estou em lugar nenhum,
Nem dentro de mim existo e nem vou a lugar algum.
E se não vou, não sou e nem estou, o que resta fazer,
Senão ficar escondido até que eu possa te satisfazer?
Estou dentro do teu pensamento feito vontade fatal,
Um lugar estranho, onde a verdade é o vírus mortal.

8/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

06/12/2019

Caixa de Pandorga

Caixa de Pandorga
Barata Cichetto




Eu não guardo desejos na caixa de segredos,
Abro a tampa e deixo soltos todos os medos.

Guardo na caixa apenas presentes e balas,
Delícias que não cabem num par de malas.

Nas caixas não há males que não possa suportar,
Somente prazeres, que dos medos podem libertar.

06/12/2019

02/12/2019

Poesia Líquida (Solemnia)

Poesia Líquida
(Solemnia)
Barata Cichetto




Eu quero a poesia nervosa do meio das tuas pernas finas,
Rimar teus segredos com meus medos, presos nas retinas.
Abraçar tua bunda, lamber tua vagina e esperar teus jatos,
Esquecer o que existe e o que não haverá depois dos fatos.

Quero tua boca grudada, guardada pelas tuas incoerências,
Beber cerveja nos teus lábios, e descobrir tuas indecências.
Escutar um grito que sai de dentro do teu útero libidinoso,
E falar que quero o que preciso e preciso do que é delicioso.

Uma tarde, uma noite, uma manhã, a qualquer tempo do dia,
Correr pelo teu paraíso e escorrer pelos infernos da covardia.
O caminho do desejo é o único a ser perseguido antes do fim,
E não quero ir antes de hoje, não quero morrer antes de mim.

Penso nos teus olhos tristes e imagino tuas lutas sangrentas,
Em si existe um mundo pintado apenas com cores magentas.
Quero tuas cores mais intensas, pintar de laranja a tua fome,
E depois te dar minha poesia líquida, gritando pelo teu nome.

1/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

01/12/2019

O Espelho de Clarice

O Espelho de Clarice
Barata Cichetto



Ela disse que eu era Lispector com um pau,
E respondi: "Ah, mas eu nem sou tão mau."
E se eu fosse eu, disse eu, jamais seria ela:
Eu estaria morto e não pulando pela janela.

Clarice, disse àquela poeta cruel e amarga,
Era vício, cigarro mortal que não se apaga.

A poeta morreu, e foi apenas há um instante,
E se eu fosse eu, eu seria um livro na estante.
Ah, clara Clarice, dos estreitos olhos sem cor,
Serei eu sendo eu, até mesmo quando não for.

Ah, minha rainha imortal de olhares tristes,
Trago em minhas mãos o doce que pedistes.

E eu, poeta menor, de joelhos diante de Clarice,
Insisto no caminho errado dos coelhos de Alice.
Em frente de espelhos, ainda tento em vão chorar,
Pensando que a morte não pode mais me esperar.

19/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados.

30/11/2019

Capacho

Capacho
Barata Cichetto



Então, vadia, quer apanhar na bunda,
Que eu te chame de porca vagabunda,
Ou quem sabe te bater na cara de vaca,
E riscar teu rosto inteiro com uma faca?

Posso te comer na rua encostada no muro,
E enterrar nas tuas pregas meu pau duro,
Morder tua jugular feito vampiro de cinema,
E depois te jogar na sarjeta cheia de edema?

E então, piranha, que tal acha de eu te esfolar,
Amarrar teus pulsos e te fazer ainda esmolar,
Gostaria de ser amordaçada e depois chupada,
Até sentir ser pelo seu flagelo a única culpada?

Eu posso dar o que quer desde que queiras,
Mas depois não saia por ai falando asneiras,
Peça e dou, implore e te como feito macho,
Só não seja infiel e não me faça de capacho.

24/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados